QUIETUDE
“Conheci um diácono que atrapalhava
os cultos. Ele circulava no salão, atarefado, carregando uma criança perdida,
levando um recado ou um alerta de farol ligado no estacionamento. Fazia tudo
com seriedade e zelo, talvez em demasia [...] Certa senhora não parecia ter
grandes problemas financeiros nem familiares. Era bem de vida e com os filhos
já criados. O mal dela era o cansaço. Ela olhava com uma expressão que parecia
querer dizer: ‘Ufa, veja como estou cansada, mas estou firme’” – Rubem Amorese
– Consultor legislativo no Senado Federal – Presbítero na IPB Planalto – DF,
Revista Ultimato, pg. 66 – Nov/Dez/05.
É tão verdade que a quietude não faz parte da vida do ser
humano que Jesus disse certa vez aos seus discípulos inquietos: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus
cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6.34). É um corre e corre
tremendo. No caso dos diáconos que correm atrás dos filhos dos outros, é preciso
desculpar, mais parece gato e rato brincando de esconde-esconde. Exatamente
isso, quando as crianças percebem que você está correndo atrás delas; o que
será que passa pela mente dessas crianças? – Ele está querendo brincar comigo.
Então, corre mais ainda entre os bancos e ouvindo todos gargalharem, sim, pois
um simples sorriso que você dá, para elas que têm os ouvidos tão afinados, é
como se fossem gargalhadas, elas entendem que você está simplesmente brincando.
Quando não só o diácono, mas toda a igreja
parar de correr atrás dos filhos dos outros, de dar risadas, as crianças irão
perceber que não tem graça nenhuma correr nos corredores da igreja. Deixe o
pai, a mãe da criança segurá-la no colo, pois essa é a obrigação deles. Quietude é a melhor coisa que pode
acontecer dentro do recinto de culto, do lar e do trabalho. Quieto! Esse é o ensino dos livros
históricos para “[...] não temer; aquietai-vos
e vede o livramento do SENHOR que, hoje, vos fará [...]” (Ex 14.13). Do
profeta, “[...] aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração [...]” (Is
7.4) e também do salmista que diz: “Aquietai-vos
e sabei que eu sou Deus [...]” (Sl 46.10).
Lembrete: o diácono representa
aquele que trabalha em prol da assistência social na Igreja e na sociedade,
portanto, aquiete-se, porque
você não dará conta de resolver todas as questões dos “[...] pobres que clamam
e também o órfão que não tem quem o socorra” (Jó 29.12). Ei! Você é humano e
não Deus. Lute com todas as forças para manter um culto em ordem e decência.
Um recado a todos os diáconos: a
formiga é diligente, ela “corta a folha e carrega, quando uma cansa a outra
pega. Deus não quer preguiçoso em sua obra”. Conforme Amorese, o diácono
precisa trabalhar diligente na casa do Senhor. Ele deve trabalhar em todas as
sociedades, na área da música, da oração, da visitação, do aconselhamento, da
pregação, do estudo da Palavra e, o mais importante, ele deve fazer o serviço
de diácono “[...] não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer;
nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos
foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho” (1Pe 5.2,3).
É a partir desse trabalho diligente
que virá a quietude sobre os diáconos
e sobre o rebanho a ele confiado para trabalhar. Diácono, você não dará conta
de mudar todas as coisas tentando fazer isso ou aquilo no culto público a fim
de persuadir as pessoas a agirem do modo que você deseja. Aquiete-se! Caso as
autoridades constituídas por Deus não busquem “viver [...] acima de tudo, por
modo digno do evangelho de Cristo [...] firmes em um só espírito, como uma só
alma, lutando juntos pela fé evangélica” (Fp 1.27) é certo que aquela senhora,
a igreja, que parecia sem problemas, sempre andará cansada, aborrecida,
desanimada para tudo quanto Deus determinar que ela faça, portanto, aquiete-se.
Desejamos as muitas bênçãos de Deus
sobre a vida de cada diácono.
Rev. Salvador P. Santana
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