SILÊNCIO – PENSE BEM!
O silêncio também é um tipo de comunicação. Quando alguém permanece em silêncio
é possível deduzir muitas falas e respostas. Muitos dos interlocutores ficam
impacientes com essa atitude, pois os mesmos, desejosos de respostas, recebem
lábios fechados.
Aquele que fica em silêncio pode estar aguardando uma resposta, é possível que
fique de tocaia para resgatar alguém procurado, deseja receber alguma
recompensa, pode concordar com o que dizem a seu respeito, esconder uma
verdade, para prestar atenção ou porque está passando por um momento de dor.
Existe um silêncio que é benéfico para o homem. Como não está ao seu alcance e
nem é conforme a sua bondade ou autodeterminação, Jeremias fala que “é bom
aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio” (Lm 3.26). Por mais
desespero, gritos ou angústia que a pessoa venha passar, ainda assim, este
homem não tem a salvação garantida. Isto acontece “porque (é) pela graça (que o
homem é) [...] salvo, mediante a fé; e isto não vem [...] (dele); é dom de
Deus” (Ef 2.8). Ora, sendo presente de Deus, aquele que receber, recebe não por
mérito, mas devido a bondade e misericórdia de Deus. Então, é em silêncio que
esse homem deve permanecer.
No início dos tempos bíblicos, um “[...] homem (ficou) em silêncio a observar
[...] atentamente, para saber se teria o Senhor levado a bom termo a sua
jornada ou não” (Gn 24.21). Esse homem era o damasceno Eliézer, servo de Abraão,
que fora buscar uma esposa para Isaque, filho do seu senhor. O silêncio de
Eliézer foi porque ele havia feito um trato com Deus de, se “[...] a moça a
quem ele dissesse:" inclina o cântaro para que eu beba; e ela me
responder: Bebe [...] seja a que designaste para o teu servo Isaque [...]” (Gn 24.14).
Após esse silêncio, o damasceno encontrou a resposta de Deus para a sua
jornada.
Outros que agiram em silêncio foram os “[...] gazitas [...] (que) estiveram em
silêncio [...] toda a noite [...] esperando Sansão, às escondidas, na porta da
cidade [...] (para) darem cabo dele” (Jz 16.2). Os filisteus foram vingativos,
traiçoeiros e, com muita insistência, completaram o intento do coração. Este
texto mostra o quanto os homens continuam ainda sendo maus e perversos,
traiçoeiros e vingativos com o próximo. Isso é prova de que a natureza humana
ainda continua perversa, salvo alguns que se entregaram a Cristo para serem
salvos e transformados.
Quando prenderam Jesus Cristo, levaram-no ao Sinédrio. Ali fizeram varias
acusações, “[...] não acharam (porque eram) [...] testemunhas falsas. Mas,
[...] compareceram duas, afirmando [...]” (Mt 26.63) que “Jesus podia destruir
o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias” (Mt 26.61). O Mestre consente
com essa verdade. “Jesus [...] guarda silêncio [...]” (Mt 26.63) porque, de
fato, Ele iria ficar até o “[...] terceiro dia, (daí) terminaria” (Lc 13.32) a
sua missão neste mundo que o Pai lhe havia determinado.
Outra concordância com a verdade aconteceu quando Jesus, sob os olhares
acusadores dos fariseus, “[...] lhes perguntou: É lícito nos sábados fazer o
bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá-la? Mas eles ficaram em silêncio” (Mc
3.4). Ora, sabe-se que todos preferem fazer a opção pela vida e nesse caso, os
fariseus não puderam ir contra “[...] fazer o bem ou salvar a vida [...]”.
Ficaram calados porque eles eram conhecedores da lei, portanto, tinham a plena
certeza de que, “é o Senhor [...] que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura
e faz subir” (1Sm 2.6). Sendo assim, tudo provém das mãos de Deus.
Um silêncio que necessita ser adquirido em cada coração, é um daqueles que os
discípulos tiveram diante de Jesus. “[...] Eles guardaram silêncio [...]
porque, pelo caminho, haviam discutido entre si sobre quem era o maior” (Mc
9.34). Mas, é possível que esse desejo em seus corações não foi totalmente
extirpado, mesmo porque, dias depois, os irmãos, Tiago e João pediram “[...]
permissão que, na glória (de) Jesus, eles (se) assentassem um à sua direita e o
outro à sua esquerda” (Mc 10.37). A resposta de Jesus não podia ser outra; “e
[...] disse-lhes Jesus: Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de
todos” (Mc 9.35).
Conforme o seu silêncio você pode aprovar, desaprovar, aceitar ou rejeitar, se
incriminar ou se convencer da verdade a respeito da sua vida. Pense bem!
Rev. Salvador P. Santana
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