quarta-feira, 23 de abril de 2014

A ALEGRIA E A TRISTEZA NO COTIDIANO, Ec.7.1-14.



A ALEGRIA E A TRISTEZA NO COTIDIANO Ec.7.1-14.

Tópicos para reflexão.
            Há várias propostas de abordagem ao livro de Eclesiastes.
            Gianfrancesco Ravasi (Coletânia Coleção Pequeno Comentário Bíblico, SP, Edições Paulinas, 1993, pag. 29-35) cita os que consideram o autor de Eclesiastes um cético (descrente), desiludido, desesperado, filósofo da mediocridade e, ou, ainda, um pregador da alegria. Isso mostra a dificuldade de se definir, com precisão, a mensagem e propósito desse livro.
            O autor da lição entende que Salomão, quando escreve Eclesiastes, é uma pessoa de avançada idade.
            Como “[...] Davi (tinha) trinta anos de idade quando começou a reinar; e reinou quarenta anos (e) [...] Salomão”, 2Sm.5.14 fora o décimo filho de Davi, e este “morreu em ditosa velhice (70 ou 80 anos) [...] e Salomão, seu filho, reinou em seu lugar”, 1Cr.29.28, é possível que Salomão começou a reinar com 30 ou 40 anos.
            Então, Salomão termina seus dias sem entusiasmo, pois o mesmo “[...] reinou quarenta anos [...] em Jerusalém sobre todo o Israel”, 1Rs.11.42.
            Talvez seja por este motivo que ele alerta aos “jovens (para se) alegrar [...] na tua juventude, e recrear [...] o seu coração nos dias da sua mocidade; andar pelos caminhos que satisfazem ao seu coração e agradam aos seus olhos; sabe, porém, que de todas essas coisas Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do seu coração o desgosto e remove da sua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade”, Ec.11.9,10.
            Como Salomão não soube aproveitar a vida, chega em um estágio da sua vida descontente, deprimido, amargurado, triste, pois “sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai”, 1Rs.11.4.  
            Mas, sabemos que ele pediu para Deus “[...] sabedoria e conhecimento, para [...] conduzir [...] (o) povo [...]”, 2Cr.1.10 no início do seu reinado.
            Precisamos saber que ele era tão humano quanto nós, porque ao lê-lo, nos identificamos com suas experiências – mulheres, bebidas, festas, poder, trabalho, frustrações e conclusões de que somos passageiros neste mundo.
            Quando se fala do binômio alegria/tristeza, todos nós temos experiência.
            Quando o texto discorre a respeito da alegria e da tristeza, Salomão fala que “o coração dos sábios está na casa do luto (“[...] pois (nesta) [...] se vê o fim de todos os homens [...]”, Ec.7.2, daí, nos leva a pensar melhor em como aproveitar a vida), mas o dos insensatos (sem juízo estão) [...] na casa da alegria”, Ec.7.4 tentando desfrutar de uma alegria passageira, pois tudo nesta vida “[...] é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente [...] porque (muitos não sabem se divertir) comem o pão da impiedade (incrédulo) e bebem o vinho das violências. No dia da festa [...] se tornam doentes com o excitamento (provocação) do vinho [...]”, Sl.90.10; Pv.4.17; Os.7.5.
            Por este motivo “é melhor ouvir a repreensão do sábio (que pode oferecer “o conselho do SENHOR (que) dura para sempre [...]”, Sl.33.11) do que ouvir a canção do insensato (a qual “Deus (pede para se) afastar (dele) [...] porque (Deus) não ouve as melodias das suas liras”, Am.5.23)”, Ec.7.5.
            Para o homem que não sabe aproveitar das bênçãos de Deus, é comparado “[...] qual o crepitar (estalo sem sentido) dos espinhos debaixo de uma panela (que serve para virar cinza), tal é a risada do insensato; também isto é vaidade”, Ec.7.6.
Tópicos para reflexão.
1 – A alegria e a tristeza se alternam.
            Quando Salomão fala que “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”, Ec.3.1 o escritor sagrado quer nos mostrar que a vida de todos os homens é dirigida por Deus.
            Na verdade, a vida dos “[...] justos [...] e (dos) sábios [...] os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro”, Ec.9.1.
            Então, para todos nós, tem “tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria”, Ec.3.4.
            Sendo assim, ao homem é impossível ficar triste e alegre ao mesmo tempo.
            Quando passamos por tristezas, ainda que haja algum motivo para a alegria, parece que elas nos sufocam ou nos cegam para as coisas boas.
            Percebemos com muita facilidade que, quando há motivo de alegria e, em seguida, surge algo que nos entristece, parece que a tristeza tem mais força que a alegria; e prevalece nos nossos sentimentos.
            Talvez seja por este motivo que Salomão fala que “é melhor o fim das coisas (pois quando chegamos ao fim, nos deparamos com o acontecido se é bom ou ruim) do que o seu princípio (bom ou mau); melhor é o paciente (tal como “[...] o lavrador (que) aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas”, Tg.5.7. Este é melhor) do que o arrogante (orgulho que não sabe esperar)”, Ec.7.8.
            Como rir e chorar, alegrar e entristecer faz parte da experiência humana, então, “no dia da prosperidade (satisfeito, feliz, próspero), goza do bem (alegrar); mas, no dia da adversidade (ruim, desagradável, miséria, aflição), considera em que Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele”, Ec.7.14.
            Quando “Jesus chorou”, Jo.11.35, Ele se identificou com cada um de nós, mostrando que temos os mesmos sentimentos.
            No cotidiano da nossa vida [...]
2 – A alegria e a tristeza são circunstanciais e temporárias.
            É interessante olhar para o texto básico e perceber que “verdadeiramente, a opressão (exploração que no momento pode trazer alegria) faz endoidecer (comporta-se como louco) até o sábio (tanto este como o sem juízo) “[...] amontoa tesouros e não sabe quem os levará”, Sl.39.6, daí), [...] o suborno (presente, vantagem que ele adquire) corrompe (também) o (seu) coração”, Ec.7.7, mas tudo isso é temporário.
            Nem todos escolhem ficar triste; entretanto, mesmo assim a tristeza ocorre. Muitos desejam eternizar a alegria, ainda assim, não consegue.
            Como “[...] há tempo para todo propósito e para toda obra”, Ec.3.17 neste mundo, então, “[...] ao anoitecer, pode vir o choro (tristeza), mas a alegria vem pela manhã”, Sl.30.5, porque a tristeza não é eterna.
            A percepção humana é de que a alegria é passageira e a tristeza duradoura.
            Você tem mais alegria ou tristeza na sua vida?
            A alegria tem a estranha capacidade de nos anestesiar para as demais coisas da vida.
            É por isso que Salomão fala que “[...] não (nos) [...] lembramos (entorpecimento) muito dos dias da (nossa) [...] vida, porquanto Deus (nos) enche o coração de alegria”, Ec.5.20 constante.
            Por outro lado, a tristeza tem a capacidade de aguçar nossos sentidos, colocar-nos em alerta geral, fazer-nos pensar em sua causa e em todas as consequências que traz.
            Muitas vezes, “todas as noites fazemos nadar o nosso leito, de lágrimas o alagamos (pois) estamos cansados de tanto gemer”, Sl.6.6.
            A tristeza tende a ser mais fortalecida durante as noites que passamos em claro, mas calma, alegria e tristeza são circunstanciais e temporárias, saiba que “[...] tudo passa rapidamente, e nós voamos”, Sl.90.10.
3 – A alegria e a tristeza são benéficas.
            Alegria e tristeza são benéficas desde quando eu e você “não (nos) [...] apressamos em (buscar a) ira (contra o próximo), porque a ira se abriga (cria raízes) no íntimo dos insensatos”, Ec.7.9, mas nós “[...] somos povo de Deus [...]”, 1Pe.2.10, “[...] não (podemos deixar) se por o sol sobre a nossa ira”, Ef.4.26.
            Alegria e tristeza se tornam benéfica desde quando reconhecemos que “é boa a sabedoria (principalmente “[...] a sabedoria que desce lá do alto [...]”, Tg.3.15, pois) havendo herança (a saberia é a melhor) [...] e de proveito, para os que veem o sol”, Ec.7.11.
            É tão maravilhosa “a sabedoria (que ela) protege como protege o dinheiro (pobreza??!!); mas o proveito da sabedoria é que ela dá vida (eterna, paz completa) ao seu possuidor”, Ec.7.12.
            Como a vida é passageira, “é melhor a boa fama (ser aceito, ter crédito) do que o unguento (óleo perfumado) precioso, e o dia da morte (nos faz refletir sobre a nossa conduta), melhor do que o dia do nascimento (ainda não conhece nem a alegria e nem a tristeza)”, Ec.7.1.
            O autor fala que “é melhor ir à casa onde há luto (refletir sobre a vida de alegria e tristeza) do que ir à casa onde há banquete (traz uma aparente alegria), pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração”, Ec.7.2 para aprender a viver e tirar proveito da alegria e da tristeza.
            Como a alegria e a tristeza são benéficas, então “é melhor a mágoa (tristeza, pesar que nos leva a continuar lutando) do que o riso (que pode nos cegar para a realidade da vida), porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração”, Ec.7.3.
4 – A alegria e a tristeza têm o seu tempo próprio.
            Se a tristeza e a alegria têm o seu tempo, “jamais (podemos) dizer: Por que foram os dias passados melhores do que estes? [...]”, Ec.7.10.
            Para você, os dias passados foram melhores? Por quê? “Atenta para as obras de Deus (tudo de bom ou ruim que tem acontecido), pois quem poderá endireitar o que ele torceu?”, Ec.7.13.
            É preciso viver o presente, porque “nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vemos também que isto vem da mão de Deus”, Ec.2.24.
            Aproveite a sua vida de forma que possa agradar a Deus, isto, porque, devemos “saber que nada há melhor para o homem do que regozijar-se e levar vida regalada; e também que é dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho”, Ec.3.12,13.
            O nosso prazer de viver deve ser a ponto de “[...] exaltar [...] a alegria, porquanto para o homem nenhuma coisa há melhor debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; pois isso o acompanhará no seu trabalho nos dias da vida que Deus lhe dá debaixo do sol”, Ec.8.15.
            Como tudo vem de Deus, jamais podemos “[...] nos inquietar com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal”, Mt.6.34.
            Em meio às alegrias e tristezas da vida, precisamos aprender a “vê novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra (vão) passar, e o mar [...] não (mais) existirá”, Ap.21.1.
            Devemos “também vê a cidade santa (céu), a nova Jerusalém (morada eterna), que descerá do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo”, Ap.21.2.
            Ao deixar este mundo, “[...] ouviremos grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles”, Ap.21.3.
            Como a alegria e a tristeza tem o seu tempo determinado, aproveite, porque chegará um dia em que “[...] Deus [...] enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”, Ap.21.4.
            Você está preparado para esse dia?
Discussão:      Todas as alegrias são dádivas de Deus?
            Quais tristezas tem incomodado você nestes últimos dias?
           
            Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Vida abundante – Didaquê – Rev. Marcos Roberto Inhauser.

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