quinta-feira, 27 de março de 2014

POR QUE ACUMULAR? Ec.5.8-6.12.

POR QUE ACUMULAR? Ec.5.8-6.12.

Tópicos para reflexão.
            “Dinheiro na mão é vendaval. Na vida de um sonhador. Quanta gente aí se engana. E cai da cama com toda ilusão que sonhou. E a grandeza se desfaz. Irmão desconhece irmão. Dinheiro na mão é solução e solidão.” – Interpretado por Paulinho da Viola.
            A letra dessa música aponta para os riscos e fragilidades da riqueza, pois pode acontecer do “rico se deitar com a sua riqueza, abre os seus olhos e já não a vê”, Jó 27.19.
            A riqueza pode destruir pessoas, amizades e parentescos.
            A mesma canção, porém, fala que “dinheiro na mão é solução”. Revela a ambiguidade com que tratamos a questão do dinheiro, já que ele é necessário para a sobrevivência e o bem-estar.
            O texto em análise oferece a reflexão sobre o dinheiro e as riquezas.
            Ser rico pode ser uma bênção de Deus, porque “[...] vemos (que) [...] boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu (riqueza); porque esta é a sua porção”, Ec.5.18.
            A riqueza pode não ser uma bênção porque “onde os bens se multiplicam, também se multiplicam os que deles comem (pode gerar briga devido um não querer trabalhar); (então) que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os verem com seus olhos? (É como se toda a riqueza escorregasse pelos dedos)”, Ec.5.11.
            O escritor fala que “é doce o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir (de tanta preocupação de perder em suas aplicações)”, Ec.5.12.
            Assim como no tempo de Salomão, ainda hoje “vemos grave mal debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano (isto pode acontecer quando brigam por herança e poder)”, Ec.5.13.
            No texto, a riqueza é ‘vaidade’ (quatro vezes), contra uma vez afirmando que ela “[...] é dom de Deus”, Ec.5.19.
            Talvez eu não queira aceitar, mas Deus é o Senhor de toda a vida humana.
            Está nas mãos do “[...] SENHOR empobrecer e enriquecer; abaixar e também exaltar”, 1Sm.2.7.
Tópicos para reflexão.
1 – Em que consiste a bênção de Deus?
            O texto de Ec.5.17-6.1,2 então em contraste.
            O primeiro parágrafo mostra o que é a bênção de Deus; o segundo, mostra a sua ausência, a sua negação.
            Vemos as bênçãos de Deus, ainda que seja “nas trevas (apertos, dificuldades, pobreza, doença, mesmo assim, o homem pode) [...] comer em todos os seus dias [...]”, Ec.5.17.     “[...] Vemos (ainda que a bênção de Deus) [...] boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho (salário como recompensa) [...] porque esta é a sua porção”, Ec.5.18.
            As bênçãos de “[...] Deus (são) conferidas ao homem [...] (em forma de) riquezas (salário, aplicações) e bens (capital) e lhe deu poder para (não somente administrar, mas também para) deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus”, Ec.5.19.
            Em outra Escritura ainda fala que “nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho [...] (como é bênção de Deus, só pode) vir da mão de Deus”, Ec.2.24 essa oportunidade de se alimentar.
            Parte também das mãos de Deus, a bênção “[...] do homem [...] regozijar-se e levar vida regalada”, Ec.3.12.
            Como tudo vêm das mãos de Deus, então, “[...] não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras [...]”, Ec.3.22 “[...] porquanto para o homem [...] (todas essas bênçãos) o acompanhará no seu trabalho nos dias da vida que Deus lhe dá debaixo do sol”, Ec.8.15.
            A bênção de Deus é que o homem desfrute o resultado do seu trabalho.
            Este é o critério para o valor do dinheiro e da riqueza: só são legítimos se forem conseguidos pelo trabalho da família.
            A riqueza conseguida de forma injusta, sem trabalho, não é digna, não pode ser considerado parte da bênção de Deus, ainda que em última análise – também, “[...] Deus (é) quem confere riquezas (ao) homem, bens e honra, e nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja, mas Deus não lhe concede que disso coma (por ter ganhado de forma fraudulenta); antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave aflição”, Ec.6.2.
            Deus é o Senhor de todas as coisas, o autor de todas as coisas, ou seja, nada acontece no mundo sem que Deus, mesmo não a realizando diretamente, não seja Senhor.
            Exemplo disso é que o pecado não é causado por Deus; mas o fato de que o ser humano peca, não nega a soberania de Deus.
            A soberania de Deus está sobre todas as coisas.
            Riqueza e pobreza, saúde ou doença, qualquer coisa e todas as coisas da vida, são dom de Deus.
            Muitas vezes, “[...] com muito enfado, com enfermidades e indignação (raiva provocada por alguma injustiça)”, Ec.5.17, ainda assim, podemos ser gratos a Deus pelas bênçãos recebidas.
            É verdade que todos nós enfrentamos “[...] os poucos dias da vida que Deus (nos) dá [...] com [...] fadiga debaixo do sol [...]”, Ec.5.18, mas nem por isso, podemos negar que Deus nos enche de bênçãos.
            Sabemos que “[...] todos os nossos dias se passam [...] (tão rápido) como um breve pensamento”, Sl.90.9, daí, nem eu e nem você, “[...] se lembrará muito dos dias da [...] vida (boa ou má), porquanto Deus (sempre) nos encheu o coração de alegria”, Ec.5.20.
            Muito do que acontece em nossas vidas é consequência de nossos próprios pecados, por este motivo, “vemos que há um mal debaixo do sol e que pesa sobre os homens:”, Ec.6.1 “o homem a quem Deus conferiu riquezas [...] Deus não lhe concede que disso coma; antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave aflição”, Ec.6.2.
            Tudo na vida humana acontece debaixo do senhorio divino, mas nem tudo é bênção de Deus para nós.
            A bênção de Deus está ligada à justiça na vida do homem.
            Deus abençoa quem pratica a justiça. A riqueza, ou a não riqueza, é bênção para quem “[...] afadiga debaixo do sol [...]”, Ec.5.18.
            Trabalhar e usufruir o fruto do trabalho é dom e bênção de Deus, na medida em que são feitos com integridade, justiça e sem opressão, por isso, “se vires em alguma província opressão de pobres e o roubo em lugar do direito e da justiça, não te [...] maravilhe de semelhante caso; porque o que está alto tem acima de si outro mais alto que o explora, e sobre estes há ainda outros mais elevados que também exploram”, Ec.5.8, mas é preciso saber “[...] o SENHOR sonda os corações”, Pv.21.2.
2 – A vaidade da vida e o culto a Mamom.
            Mamom é o termo utilizado para se referir à riqueza e bens materiais.
            O evangelista Lucas declara que “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podemos servir a Deus e às riquezas (Mamom, RC)”, Lc.16.13.
            Então, pode ser perigoso “[...] acumular para nós [...] tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam”, Mt.6.19.
            Precisamos investir em “[...] ajuntar para nós [...] tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam”, Mt.6.20 para evitar cultuar Mamom.
            Os demais parágrafos do texto de Eclesiastes mostra a vida com riqueza, mas sem a bênção de Deus.
            A vaidade da vida se dá quando “[...] alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem (com honestidade), e além disso não tiver sepultura (ser expulso de casa, enterrado como indigente, preso), digo que um aborto é mais feliz do que ele”, Ec.6.3.
            Não haverá bênção de Deus para este homem, “pois debalde (em vão) vem o aborto (inútil o nascimento dessa criança) e em trevas se vai (para não aproveitar a vida desonestamente), e de trevas se cobre o seu nome (por fazer coisas não aprovadas por Deus)”, Ec.6.4.
            Esse aborto não adorará Mamom, porque “não viu o sol, nada conhece. Todavia, tem mais descanso do que o outro (que entregou a sua vida para as riquezas)”, Ec.6.5.
            A hipótese de Salomão é se, “ainda que aquele (aborto) vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem (buscando a Deus no lugar da riqueza, ainda assim, fala o Pregador:) [...] Porventura, não vão todos para o mesmo lugar (sepultura)?”, Ec.6.6.
            É por este motivo que “todo trabalho (honesto) do homem é para a sua boca (satisfazer o seu paladar); e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite”, Ec.6.7.
            Dependendo da escolha; Mamom ou o Senhor de todas as coisas, “[...] que vantagem tem o sábio sobre o tolo (sem juízo)? Ou o pobre que sabe andar perante os vivos?”, Ec.6.8. A desvantagem é para aquele que prefere as riquezas.
            Para Salomão que experimentou a riqueza, “é melhor a vista dos olhos (apreciar a riqueza, pois não peca ou ficar contente com o que tem) do que o andar ocioso (percorrer) da cobiça (desejo ardente, mas); também isto é vaidade e correr atrás do vento”, Ec.6.9.
            Nenhum de nós “[...] nada [...] trouxe para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele”, 1Tm.6.7.
            Muitos daqueles “[...] que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências (forte desejo) insensatas (sem juízo) e perniciosas (prejudicial), as quais afogam os homens na ruína e perdição”, 1Tm.6.9.
            O acúmulo de riqueza de uns sem a devida bênção de Deus, é fruto do pecado!
            Somos diferentes das demais criaturas de Deus.
            Devemos “observar as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, nosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valemos nós muito mais do que as aves? E por que andamos ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam”, Mt.6.26,28.
            A orientação de Deus é que “[...] não andemos ansiosos pela nossa vida, quanto ao que havemos de comer ou beber; nem pelo nosso corpo, quanto ao que havemos de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Qual de nós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?”, Mt.6.25,27.
            Houve um homem muito rico, “[...] Salomão [...] contudo [...] em toda a sua glória, não se vestiu como qualquer dos (pássaros ou dos lírios do campo)”, Mt.6.29.
            Precisamos ter a certeza que, “[...] se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a nós (que somos) [...] homens de pequena fé [...]”, Mt.6.30.
            O conselho é que “[...] não nos inquietemos, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?”, Mt.6.31.
            Quem tem essa preocupação são aqueles que não conhecem a Deus e, “[...] que procuram todas estas coisas; pois nosso Pai celeste sabe que necessitamos de todas elas”, Mt.6.32.
            A nossa obrigação é “buscar, pois, em primeiro lugar, o [...] reino (de) Deus e a sua justiça, e todas estas coisas (pão, veste e bebida) nos serão acrescentadas”, Mt.6.33.
            Não podemos cultuar Mamom, “[...] não (podemos) nos inquietar com o dia de amanhã (pensando que irá faltar), pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal”, Mt.6.34.
            Foi por isso que Salomão falou que “quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade”, Ec.5.10.
            Enquanto não reconhecermos que “o proveito da terra é para todos; (e, de que) até o rei se serve do campo”, Ec.5.9, vamos continuar tentando ajuntar riqueza neste mundo e daremos muito mais valor às riquezas.
            Saiba que “doce é o sono do trabalhador (honesto), quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir”, Ec.5.12 devido a sua ganância e adoração ao seu deus Mamom que não lhe oferece proteção.
            O nosso Brasil é muito abençoado por Deus, mas a injustiça barra “[...] socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber”, At.20.35.
3 – A ilusão das riquezas e a vida abençoada.
            A ilusão da riqueza é “grave mal visto debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano (traficantes, ladrões, desvios verba pública, propinas)”, Ec.5.13.
            É tão incerta essa ilusão do culto a Mamom, pela simples razão, “e, se tais riquezas se perdem por qualquer má aventura (perda do emprego, aplicação errada, prisão), ao filho que gerou nada lhe fica na mão”, Ec.5.14.
            Não é à toa que Salomão fala que “[...] o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem. (Diz ainda que) quem ama os prazeres empobrecerá, quem ama o vinho e o azeite jamais enriquecerá”, Pv.23.21; 21.17.
            A ilusão da riqueza precisa se deparar com o homem que, assim “como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo”, Ec.5.15.
            De que adianta servir ao deus Mamom sendo que partirá deste mundo de mãos vazias?
            É como fala o texto: “Também isto é grave mal: precisamente como veio (nu), assim ele vai; e que proveito lhe vem de haver trabalhado para o vento? (quando coloca em primeiro lugar as riquezas)”, Ec.5.16.
            Por que acumular riqueza?
Conclusão:     Salomão encerra o texto falando sobre a fragilidade humana.
            A vida só tem valor quando é vivida debaixo da soberania de Deus.
            Tiago fala que “nós não sabemos o que sucederá amanhã. Que é a nossa vida? Somos, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devemos dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo”, Tg.4.14,15.
            Na linguagem de Eclesiastes, “[...] quem sabe o que é bom para o homem durante os poucos dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem pode declarar ao homem o que será depois dele debaixo do sol?”, Ec.6.12.
            Nenhum de “nós [...] sabe o que sucederá amanhã [...]”, Tg.4.14.
            Somente Deus é que tem controle sobre o futuro.
            Verdade é que, “a tudo quanto há de vir (na vida do homem) já se lhe deu o nome (todos os acontecimentos), e sabe-se o que é o homem (fraco e passageiro), e que não pode contender com quem é mais forte do que ele (Deus)”, Ec.6.10.
            Dinheiro na mão é vendaval quando é usado e conseguido em obediência a Mamom.
            É solução para os nossos problemas quando é adquirido e usado em obediência a Deus.
            Fique “[...] certo que há muitas coisas que só aumentam a vaidade (ilusão, desejo falso), mas que aproveita isto ao homem?”, Ec.6.11.
Discussão:      Sua atitude em relação ao dinheiro e bens materiais corresponde à vontade de Deus, ou é baseada na visa mundana?
            Quanto mais você deseja de riqueza para viver feliz neste mundo?
            Você deseja ser “[...] bem-aventurado [...] (em) comer pão no reino de Deus (ou prefere aqui e agora?)”, Lc.14.15.


            Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Vida abundante – Didaquê – Rev. Júlio Paulo Zabatiero Tavares


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