POR QUE ACUMULAR? Ec.5.8-6.12.
Tópicos para reflexão.
“Dinheiro na mão é
vendaval. Na vida de um sonhador. Quanta gente aí se engana. E cai da cama com
toda ilusão que sonhou. E a grandeza se desfaz. Irmão desconhece irmão.
Dinheiro na mão é solução e solidão.” – Interpretado por Paulinho da Viola.
A letra dessa música
aponta para os riscos e fragilidades da riqueza, pois pode acontecer do “rico se deitar com
a sua riqueza, abre os seus olhos e já não a vê”, Jó 27.19.
A riqueza pode destruir
pessoas, amizades e parentescos.
A mesma canção, porém,
fala que “dinheiro na mão é solução”. Revela a ambiguidade com que tratamos a
questão do dinheiro, já que ele é necessário para a sobrevivência e o
bem-estar.
O texto em análise
oferece a reflexão sobre o dinheiro e as riquezas.
Ser rico pode ser uma
bênção de Deus, porque “[...] vemos (que) [...] boa e bela coisa é comer e
beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou
debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu (riqueza);
porque esta é a sua porção”,
Ec.5.18.
A riqueza pode não ser uma bênção
porque “onde os bens se multiplicam, também se multiplicam os que deles comem
(pode gerar briga devido um não querer trabalhar); (então) que mais proveito,
pois, têm os seus donos do que os verem com seus olhos? (É como se toda a
riqueza escorregasse pelos dedos)”,
Ec.5.11.
O escritor fala que “é doce o sono do
trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir
(de tanta preocupação de perder em suas aplicações)”, Ec.5.12.
Assim como no tempo de
Salomão, ainda hoje “vemos grave mal debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o
próprio dano (isto pode acontecer quando brigam por herança e poder)”, Ec.5.13.
No texto, a riqueza é
‘vaidade’ (quatro vezes), contra uma vez afirmando que ela “[...] é dom de Deus”, Ec.5.19.
Talvez eu não queira aceitar,
mas Deus é o Senhor de toda a vida humana.
Está nas mãos do “[...] SENHOR
empobrecer e enriquecer; abaixar e também exaltar”, 1Sm.2.7.
Tópicos para reflexão.
1 – Em que consiste a bênção de Deus?
O texto de Ec.5.17-6.1,2
então em contraste.
O primeiro parágrafo
mostra o que é a bênção de Deus; o segundo, mostra a sua ausência, a sua
negação.
Vemos as bênçãos de
Deus, ainda que seja “nas trevas (apertos, dificuldades, pobreza, doença, mesmo assim, o homem
pode) [...] comer em todos os seus dias [...]”, Ec.5.17. “[...] Vemos (ainda que a bênção de Deus) [...] boa e
bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho
(salário como recompensa) [...] porque esta é a sua porção”, Ec.5.18.
As bênçãos de “[...] Deus (são)
conferidas ao homem [...] (em forma de) riquezas (salário, aplicações) e bens (capital)
e lhe deu poder para (não somente administrar, mas também para) deles comer, e
receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus”, Ec.5.19.
Em outra Escritura ainda
fala que “nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma
goze o bem do seu trabalho [...] (como é bênção de Deus, só pode) vir da mão de
Deus”, Ec.2.24 essa oportunidade
de se alimentar.
Parte também das mãos de
Deus, a bênção “[...] do homem [...] regozijar-se e levar vida regalada”, Ec.3.12.
Como tudo vêm das mãos
de Deus, então, “[...] não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras [...]”, Ec.3.22 “[...] porquanto para o homem [...] (todas
essas bênçãos) o acompanhará no seu trabalho nos dias da vida que Deus lhe dá
debaixo do sol”, Ec.8.15.
A bênção de Deus é que o
homem desfrute o resultado do seu trabalho.
Este é o critério para o
valor do dinheiro e da riqueza: só são legítimos se forem conseguidos pelo
trabalho da família.
A riqueza conseguida de forma
injusta, sem trabalho, não é digna, não pode ser considerado parte da bênção de
Deus, ainda que em última análise – também, “[...] Deus (é) quem confere riquezas
(ao) homem, bens e honra, e nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja,
mas Deus não lhe concede que disso coma (por ter ganhado de forma fraudulenta);
antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave aflição”, Ec.6.2.
Deus é o Senhor de todas
as coisas, o autor de todas as coisas, ou seja, nada acontece no mundo sem que
Deus, mesmo não a realizando diretamente, não seja Senhor.
Exemplo disso é que o
pecado não é causado por Deus; mas o fato de que o ser humano peca, não nega a
soberania de Deus.
A soberania de Deus está
sobre todas as coisas.
Riqueza e pobreza, saúde
ou doença, qualquer coisa e todas as coisas da vida, são dom de Deus.
Muitas vezes, “[...] com muito
enfado, com enfermidades e indignação (raiva provocada por alguma injustiça)”, Ec.5.17, ainda assim, podemos ser gratos a
Deus pelas bênçãos recebidas.
É verdade que todos nós
enfrentamos “[...] os poucos dias da vida que Deus (nos) dá [...] com [...] fadiga
debaixo do sol [...]”, Ec.5.18,
mas nem por isso, podemos negar que Deus nos enche de bênçãos.
Sabemos que “[...] todos os
nossos dias se passam [...] (tão rápido) como um breve pensamento”, Sl.90.9, daí, nem eu e nem você, “[...] se lembrará
muito dos dias da [...] vida (boa ou má), porquanto Deus (sempre) nos encheu o
coração de alegria”, Ec.5.20.
Muito do que acontece em
nossas vidas é consequência de nossos próprios pecados, por este motivo, “vemos que há um mal
debaixo do sol e que pesa sobre os homens:”, Ec.6.1 “o homem a quem Deus conferiu riquezas [...] Deus não lhe concede que
disso coma; antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave aflição”, Ec.6.2.
Tudo na vida humana acontece debaixo
do senhorio divino, mas nem tudo é bênção de Deus para nós.
A bênção de Deus está
ligada à justiça na vida do homem.
Deus abençoa quem
pratica a justiça. A riqueza, ou a não riqueza, é bênção para quem “[...] afadiga
debaixo do sol [...]”, Ec.5.18.
Trabalhar e usufruir o
fruto do trabalho é dom e bênção de Deus, na medida em que são feitos com
integridade, justiça e sem opressão, por isso, “se vires em alguma província opressão
de pobres e o roubo em lugar do direito e da justiça, não te [...] maravilhe de
semelhante caso; porque o que está alto tem acima de si outro mais alto que o
explora, e sobre estes há ainda outros mais elevados que também exploram”, Ec.5.8, mas é preciso saber “[...] o SENHOR
sonda os corações”, Pv.21.2.
2 – A vaidade da vida e o culto a Mamom.
Mamom é o termo
utilizado para se referir à riqueza e bens materiais.
O evangelista Lucas
declara que “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e
amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podemos servir a
Deus e às riquezas (Mamom, RC)”,
Lc.16.13.
Então, pode ser perigoso
“[...]
acumular para nós [...] tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem
corroem e onde ladrões escavam e roubam”, Mt.6.19.
Precisamos investir em “[...] ajuntar para nós
[...] tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não
escavam, nem roubam”, Mt.6.20
para evitar cultuar Mamom.
Os demais parágrafos do
texto de Eclesiastes mostra a vida com riqueza, mas sem a bênção de Deus.
A vaidade da vida se dá quando
“[...]
alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua
alma não se fartar do bem (com honestidade), e além disso não tiver sepultura
(ser expulso de casa, enterrado como indigente, preso), digo que um aborto é
mais feliz do que ele”, Ec.6.3.
Não haverá bênção de
Deus para este homem, “pois debalde (em vão) vem o aborto (inútil o
nascimento dessa criança) e em trevas se vai (para não aproveitar a vida
desonestamente), e de trevas se cobre o seu nome (por fazer coisas não aprovadas
por Deus)”, Ec.6.4.
Esse aborto não adorará
Mamom, porque “não viu o sol, nada conhece. Todavia, tem mais descanso do que o outro
(que entregou a sua vida para as riquezas)”, Ec.6.5.
A hipótese de Salomão é
se, “ainda
que aquele (aborto) vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem
(buscando a Deus no lugar da riqueza, ainda assim, fala o Pregador:) [...]
Porventura, não vão todos para o mesmo lugar (sepultura)?”, Ec.6.6.
É por este motivo que “todo trabalho (honesto)
do homem é para a sua boca (satisfazer o seu paladar); e, contudo, nunca se
satisfaz o seu apetite”, Ec.6.7.
Dependendo da escolha; Mamom
ou o Senhor de todas as coisas, “[...] que vantagem tem o sábio sobre o tolo (sem
juízo)? Ou o pobre que sabe andar perante os vivos?”, Ec.6.8. A desvantagem é para aquele que
prefere as riquezas.
Para Salomão que
experimentou a riqueza, “é melhor a vista dos olhos (apreciar a riqueza, pois
não peca ou ficar contente com o que tem) do que o andar ocioso (percorrer) da
cobiça (desejo ardente, mas); também isto é vaidade e correr atrás do vento”, Ec.6.9.
Nenhum de nós “[...] nada [...] trouxe
para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele”, 1Tm.6.7.
Muitos daqueles “[...] que querem
ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências (forte
desejo) insensatas (sem juízo) e perniciosas (prejudicial), as quais afogam os
homens na ruína e perdição”,
1Tm.6.9.
O acúmulo de riqueza de
uns sem a devida bênção de Deus, é fruto do pecado!
Somos diferentes das
demais criaturas de Deus.
Devemos “observar as aves do
céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, nosso Pai
celeste as sustenta. Porventura, não valemos nós muito mais do que as aves? E
por que andamos ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios
do campo: eles não trabalham, nem fiam”, Mt.6.26,28.
A orientação de Deus é
que “[...]
não andemos ansiosos pela nossa vida, quanto ao que havemos de comer ou beber;
nem pelo nosso corpo, quanto ao que havemos de vestir. Não é a vida mais do que
o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Qual de nós, por ansioso que
esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?”, Mt.6.25,27.
Houve um homem muito
rico, “[...]
Salomão [...] contudo [...] em toda a sua glória, não se vestiu como qualquer dos
(pássaros ou dos lírios do campo)”,
Mt.6.29.
Precisamos ter a certeza
que, “[...]
se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no
forno, quanto mais a nós (que somos) [...] homens de pequena fé [...]”, Mt.6.30.
O conselho é que “[...] não nos
inquietemos, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?”, Mt.6.31.
Quem tem essa
preocupação são aqueles que não conhecem a Deus e, “[...] que procuram
todas estas coisas; pois nosso Pai celeste sabe que necessitamos de todas elas”, Mt.6.32.
A nossa obrigação é “buscar, pois, em
primeiro lugar, o [...] reino (de) Deus e a sua justiça, e todas estas coisas (pão,
veste e bebida) nos serão acrescentadas”, Mt.6.33.
Não podemos cultuar
Mamom, “[...] não (podemos) nos inquietar com o dia de amanhã (pensando que irá
faltar), pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal”, Mt.6.34.
Foi por isso que Salomão falou que “quem ama o dinheiro
jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também
isto é vaidade”, Ec.5.10.
Enquanto não
reconhecermos que “o proveito da terra é para todos; (e, de que) até o rei se serve do campo”, Ec.5.9, vamos continuar tentando ajuntar
riqueza neste mundo e daremos muito mais valor às riquezas.
Saiba que “doce é o sono do
trabalhador (honesto), quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o
deixa dormir”, Ec.5.12 devido a
sua ganância e adoração ao seu deus Mamom que não lhe oferece proteção.
O nosso Brasil é muito
abençoado por Deus, mas a injustiça barra “[...] socorrer os necessitados e
recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que
receber”, At.20.35.
3 – A ilusão das riquezas e a vida abençoada.
A ilusão da riqueza é “grave mal visto
debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano
(traficantes, ladrões, desvios verba pública, propinas)”, Ec.5.13.
É tão incerta essa
ilusão do culto a Mamom, pela simples razão, “e, se tais riquezas se perdem por
qualquer má aventura (perda do emprego, aplicação errada, prisão), ao filho que
gerou nada lhe fica na mão”,
Ec.5.14.
Não é à toa que Salomão
fala que “[...] o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de
trapos o homem. (Diz ainda que) quem ama os prazeres empobrecerá, quem ama o
vinho e o azeite jamais enriquecerá”, Pv.23.21; 21.17.
A ilusão da riqueza
precisa se deparar com o homem que, assim “como saiu do ventre de sua mãe, assim
nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo”, Ec.5.15.
De que adianta servir ao
deus Mamom sendo que partirá deste mundo de mãos vazias?
É como fala o texto: “Também isto é grave
mal: precisamente como veio (nu), assim ele vai; e que proveito lhe vem de
haver trabalhado para o vento? (quando coloca em primeiro lugar as riquezas)”, Ec.5.16.
Por que acumular
riqueza?
Conclusão: Salomão
encerra o texto falando sobre a fragilidade humana.
A vida só tem valor
quando é vivida debaixo da soberania de Deus.
Tiago fala que “nós não sabemos o
que sucederá amanhã. Que é a nossa vida? Somos, apenas, como neblina que
aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devemos dizer: Se o
Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo”, Tg.4.14,15.
Na linguagem de
Eclesiastes, “[...] quem sabe o que é bom para o homem durante os poucos dias da sua
vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem pode declarar ao homem o que
será depois dele debaixo do sol?”,
Ec.6.12.
Nenhum de “nós [...] sabe o
que sucederá amanhã [...]”,
Tg.4.14.
Somente Deus é que tem
controle sobre o futuro.
Verdade é que, “a tudo quanto há de
vir (na vida do homem) já se lhe deu o nome (todos os acontecimentos), e
sabe-se o que é o homem (fraco e passageiro), e que não pode contender com quem
é mais forte do que ele (Deus)”,
Ec.6.10.
Dinheiro na mão é
vendaval quando é usado e conseguido em obediência a Mamom.
É solução para os nossos
problemas quando é adquirido e usado em obediência a Deus.
Fique “[...] certo que há
muitas coisas que só aumentam a vaidade (ilusão, desejo falso), mas que
aproveita isto ao homem?”,
Ec.6.11.
Discussão: Sua
atitude em relação ao dinheiro e bens materiais corresponde à vontade de Deus,
ou é baseada na visa mundana?
Quanto mais você deseja
de riqueza para viver feliz neste mundo?
Você deseja ser “[...] bem-aventurado
[...] (em) comer pão no reino de Deus (ou prefere aqui e agora?)”, Lc.14.15.
Adaptado
pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Vida abundante – Didaquê – Rev. Júlio
Paulo Zabatiero Tavares
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