EM QUE, ENTÃO, UM CRISTÃO DEVE CRER? Dt.6.1-9.
Introd.: Credo – latim credo, que denota uma
postura ativa de “eu” creio, uma confiança perene em Deus, “para que temamos ao Senhor, nosso Deus, e guardemos
todos os seus estatutos e mandamentos que Ele nos ordena, nós, e nossos filhos,
e os filhos de nossos filhos, todos os dias de nossas vidas; e que seus dias
sejam prolongados”, Dt.6.2.
Há
uma declaração credal, um ato de adoração a Deus a quem damos crédito “ouvindo [...] o Senhor, nosso Deus, (como sendo)
[...] o único Senhor”, Dt.6.4 de nossas vidas.
Os
credos são antes de tudo uma confissão de gratidão à glória de Deus.
No
Credo, a igreja declara a sua fé em Deus, “amando,
pois, o Senhor, nosso Deus, de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e de
toda a nossa força”, Dt.6.5.
Somente
Deus é digno de crédito.
No
hebraico, credo, confessar, tem o sentido de publicar, anunciar os feitos de
Deus.
Davi
usa a palavra “confesso (heb. Nagad – tornar
conhecido, anunciar, relatar, proclamar, informar a Deus) a sua iniquidade;
suportando tristeza por causa do seu pecado”, Sl.38.18.
Outro
termo em Hebraico é usado por Davi quando ele fala: “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará (heb.
Nagad – contar, tornar conhecido, anunciar, expor, informar, confessar) os [...]
louvores (de) Deus”, Sl.51.15.
A
confissão sincera é um ato de benevolência de Deus, que inclina o nosso coração
ao arrependimento e à confissão.
Por
graça, rendemos graças a Deus pela sua justiça e por sua graça.
Outras
duas palavras hebraicas traduzidas por confissão:
(Yada)
– Conhecer, pensar, reconhecer, discernir – os pecados e (Yadah) – Confessar,
dar graças, agradecer, declarar, confirmar, homologar.
Ambas
comportam vários significados literais e figurados.
Pode
ser uma confissão de fé ou de pecado, envolvendo a ideia de reconhecimento,
especialmente de louvor.
Yadah
é traduzida muitas vezes por:
A
– “[...] Render graças ao Senhor, [...]”,
Sl.7.17;
B
– “[...] Dar graças [...] (a) Deus
[...] para sempre”, Sl.30.12;
C
– “[...] Louvar, a Deus, (como) meu
auxílio e Deus meu”, Sl.42.5;
D
– “Glorificar (honra, louvar,
confessar) [...] o Senhor [...] entre os gentios [...]”, Sl.18.49;
E
– “Celebrar o Senhor com harpa, louvando-o
com cânticos [...]”, Sl.33.2;
F
– “[...] Confessar o nosso pecado e o
pecado do nosso povo [...]”, Dn.9.20; e,
G
– “[...] Confessar o [...] nome (de)
Deus [...]”, 2Cr.6.24.
O
livro da lei fala que é preciso “ouvir [...]
e atentar em [...] cumprir (a Palavra), para que bem nos suceda [...]”,
Dt.6.3.
1 – Alguns credos contidos nas
Escrituras.
A
Bíblia apresenta diversas confissões.
Expressões
de fé, as quais eram ensinadas.
A
Bíblia é um corpo doutrinário específico, considerado como ‘depósito sagrado da
parte de Deus’.
O
credo judeu consistia na leitura de Dt.6.4-9.
No
V.T., encontramos o Shemá, “ouve, Israel, o
Senhor, nosso Deus, é o único Senhor”, Dt.6.4.
Os
judeus confessavam que “[...] o único Senhor,
é o nosso Deus (por este motivo, todos deviam) ouvir [...]”, Dt.6.4.
A
obrigação de cada um era tão somente, “amar,
pois, o Senhor [...] Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de toda
a sua força”, Dt.6.5.
É
bom lembrar que “essas palavras [...] ordenadas
(por Deus, deviam) [...] estar (em cada) [...] coração”, Dt.6.6.
Os
pais tinham a responsabilidade de “[...]
inculcar (ensinar, aguçar, afiar a Palavra) a seus filhos, e delas falar
assentado em sua casa (momento de oração e leitura bíblica), e andando pelo
caminho (exemplo), e ao deitar (agradecendo a Deus pelo dia), e ao levantar (pedindo
a Deus para acompanhar em seu trabalho)”, Dt.6.7.
Outro
costume para reforçar a confissão em Deus era, “também
[...] atando (amarrar) como sinal na [...] mão, e te serão por frontal entre os
olhos”, Dt.6.8.
Imagem filactérios – Heb. Tefilin –
Prece – “pequena tira
de pergaminho com porções da lei mosaica; amarrado com uma correia de couro na
testa ou no braço esquerdo à altura do coração, para lembrar ao usuário o dever
de guardar os mandamentos de Deus na cabeça e no coração. As caixinhas, as tiras de couro e os pergaminhos são todos de animal. As caixinhas
devem
formar um quadrado perfeito. As tiras de couro devem ser pintadas de preto, sem
qualquer falha” – http://ministrorafaeltomaz.blogspot.com.br/2012/08/filacterios-tefilin_20.html.
É costume do povo judeu “[...] escrever (versos bíblicos) nos umbrais (Mezuzá)
de sua casa e nas suas portas”, Dt.6.9 – Imagem Mezuzá – dentro está escrito
parte de Dt.6.4.
O
shemá, “ouve [...]”, Dt.6.4, o credo
judeu, consistia na leitura de Dt.6.4-9; 11.13-21; Nm.15.37-41 e, possível,
Dt.26.5-9.
O
Shemá era repetido três vezes ao dia, usado liturgicamente na sinagoga.
No
N.T., indica a existência de um corpo doutrinário fixo da igreja cristã.
O
que fora falado através de Moisés ao povo de Deus, os seguidores de Jesus
continuaram observando “[...] os mandamentos,
os estatutos e os juízos que mandou o Senhor [...] Deus, se lhes ensinassem,
para que os cumprissem [...]”, Dt.6.1.
Paulo
alertou aos “[...] irmãos, (que) permanecessem
firmes e guardassem as tradições (oralmente transmitidos ou) que [...] foram
ensinadas [...] por palavra (pregada ou) [...] por epístola [...]”,
2Ts.2.15.
Outro
conselho era que os discípulos deviam “[...]
perseverar na doutrina (conjunto dos ensinamentos religiosos) dos apóstolos [...]”,
At.2.42.
A
forma daqueles homens de Deus confessar Jesus Cristo era também “preservando (conferir cuidadosamente, segurar
firmemente) a palavra da vida [...]”, Fp.2.16.
Outros
textos indicam as primeiras confissões da igreja quando eles escreviam: “[...] Jesus, o Cristo”, At.5.42; “[...] Jesus Cristo é Senhor [...]”,
Fp.2.11 e, “[...] nosso Deus e Salvador
Jesus Cristo”, 2Pe.1.1.
Os
credos em princípio não pretendem ser uma exposição exaustiva da fé, antes,
consistem em uma declaração de fé dos pontos considerados essenciais à
existência da igreja cristã.
2 – O uso primitivo dos credos
e confissões.
Os
credos e confissões eram empregados [...]
A
– Doutrinariamente.
Serviam
de ensino a respeito da fé cristã.
Combatiam
ensinamentos errados, resguardando a igreja de ensinamentos heréticos – opinião
doutrinária contrária à verdade religiosa.
Aplicando
a doutrina, havia uniformidade na fé aos convertidos como ‘regra de fé’.
Os
candidatos à profissão de fé estudavam a doutrina a fim de que pudessem
declarar publicamente a sua fé de forma responsiva.
Devido
ao medo da perseguição, em vez de eles serem escritos, eram memorizados e,
quando necessário, recitados como testemunho de fé.
Os
credos assumiram um papel fundamental na vida dos fiéis que tem sua fé
alimentada e fortalecida na declaração da promessa na qual eles creem.
Os
credos e confissões eram empregados [...]
B
– Liturgicamente.
Batismo
– Os fiéis declaravam, no caso de serem adultos, responsivamente a sua fé, na
ocasião do batismo.
Muitas
vezes os batizandos “[...] com a sua
boca, confessavam Jesus como Senhor e, em seu coração, criam que Deus o
ressuscitou dentre os mortos [...]”, Rm.10.9.
O
Eunuco de Candace – “rainha”, “[...] respondendo
(a) Filipe [...] disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”,
At.8.37;
Santa
Ceia – No 4º. Século os credos passaram a ser usados nos cultos regulares,
sendo recitados após a leitura das Escrituras.
3 – Credos mais detalhados.
Com
o passar do tempo, os credos foram se tornando mais detalhados.
Mediante
a compreensão das doutrinas bíblicas – conjunto de ensinamento religioso, e a
necessidade de instruir os neófitos, para que não fossem facilmente conduzidos
pelas heresias – opinião doutrinária contrária à verdade religiosa.
Quatro
credos, que são considerados os mais importantes dos cinco primeiro séculos, a
saber:
–
Credo Apostólico – 2º - 7º século;
–
Credo Niceno – Constantinopolitano – 325-381 d.C;
–
Credo de Calcedônia – 451 d.C;
–
Credo Atanasiano – 500 d.C.
4 – O credo Apostólico.
O
credo apostólico tem a sua origem no Credo Romano antigo.
Ele
foi elaborado no segundo século, e teve algumas declarações doutrinárias
acrescentadas no decorrer dos primeiros séculos, chegando à sua forma atual,
por volta do 7º século – Capa Credo Apostólico e prefácio – Final hinário.
A
sua origem não é apostólica; contudo, a sua autoridade foi derivada de seu
conteúdo bíblico.
O
Credo Apostólico era usado na preparação dos catecúmenos, professado durante o
batismo.
Passou
a ser recitado com a oração do Senhor no culto público.
No
9º século ele foi sancionado pelo imperador Carlos Magno, para uso na igreja, e
o papa o incorporou à liturgia romana.
A
Reforma Protestante valorizou esse Credo, sendo ele usado liturgicamente em
muitas de nossas igrejas.
4 – Limite e alcance dos
Credos.
A
– Limites.
Os
Credos têm seu limite. O Credo é uma resposta do homem à Palavra de Deus,
resumindo s artigos essenciais da é cristã.
O
Credo não é a revelação divina.
O
Credo pressupõe a fé, mas não a gera; essa é uma obra do Espírito Santo pelo
motivo de “[...] a fé vir pela
pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”, Rm.10.17.
O
Credo serve de itinerário, de rota que auxilia extremamente o que crê a
conhecer melhor os caminhos que conduzem ao “[...]
fim da nossa fé: a salvação da nossa alma”, 1Pe.1.9.
Os
Credos se baseiam na Palavra, porém não são a Palavra – nem jamais foi isso
cogitado pelos seus formuladores; eles não podem substituir a Palavra de Deus;
somente “[...] a palavra de Deus (pode)
regenerar (a nossa vida) [...] a qual vive e é permanente”, 1Pe.1.23.
Precisamos
saber que é “[...] segundo o [...] querer
(de) Deus, (que) ele nos gerou pela palavra da verdade [...]”, Tg.1.18.
Os
Credos têm a sua autoridade decorrente da Palavra de Deus.
Os
Credos são recebidos e cridos enquanto permanecem fiéis à Escritura.
Os
Credos são somente uma aproximação e relativa exposição correta da verdade
revelada.
Os
Credos podem ser modificados pelo progressivo conhecimento da Bíblia, que é
infalível e inesgotável.
Não
devemos tomar os Credos como autoridade final para definir um ponto
doutrinário; os limites de nossa reflexão teológica estão na Palavra, não nos
Credos.
A
Palavra de Deus sempre será mais rica do que qualquer pronunciamento
eclesiástico.
B
– Valor e importância.
Alguns
elementos atestam a importância e o valor dos Credos.
A
– Facilita a confissão pública de nossa fé.
1
– Organizam de forma sucinta os principais pontos doutrinários de uma
denominação;
2
– Oferecem de forma abreviada o resultado de um processo cumulativo da
história, reunindo as melhores contribuições de diversos servos de Deus na
compreensão da verdade;
3
– É uma exigência natural da própria unidade da igreja que exige um acordo
doutrinário que os seus membros devem “viver
[...] por modo digno do evangelho de Cristo [...] (e) que estejam firmes em um
só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica”,
Fp.1.27;
4
– O cristianismo é um modo de vida fundamentado na doutrina, os Credos oferecem
uma base sintetizada para o ensino das doutrinas bíblicas, a fim de que todos
os crentes “[...] sejam perfeito e
perfeitamente habilitados para toda boa obra”, 2Tm.3.17;
5
– Preserva a doutrina bíblica das heresias, dando-nos uma exposição sistemática
e norteadora a respeito do assunto;
6
– Permite distinguir as nossas igrejas das demais;
7
– Serve de elemento regulador do ensino ministrado na igreja bem como de seu
governo, disciplina e liturgia;
8
– Os Credos servem de desafio para que continuemos nossa caminhada na
preservação da doutrina e na aplicação das verdades bíblicas aos novos desafios
de nossa geração, integrando-nos aqueles que amam a Deus e sua Palavra e
busquem entendê-la e aplicá-la, em submissão ao Espírito, à vida da igreja.
Conclusão: Os Credos podem nos ajudar a entender o
que a Escritura está nos dizendo sobre quem é Deus, quem somos nós, o que é o
mundo ao nosso redor, e para que fomos chamados fazer aqui e agora.
É
sob essa perspectiva que os Credos devem ser vistos.
Eles
são um recurso que auxilia os crentes na sua vida doutrinária e prática cristã,
expressando também o que a igreja crê.
Adaptado
pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Palavra viva – O credo apostólico–
Em vez de fé na fé, conteúdo da fé – CCC – Rev. Hermister Maia Pereira da
Costa. 1
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