quarta-feira, 4 de junho de 2014

PACIÊNCIA, SENSATEZ, PRUDÊNCIA, Ec.10.1-11.6.



PACIÊNCIA, SENSATEZ (tem juízo), PRUDÊNCIA, Ec.10.1-11.6.

            Estudiosos têm observado que o livro de Eclesiastes apresenta, basicamente, dois tipos de discurso: o de observação do Pregador e o de instrução (S. De Jong, Qohelet and the Ambitious Spirit, JSOT 61, 1994, PP.85-96).
            A instrução e recomendação enfoca um ensino das vantagens da sabedoria sobre a estultícia; o cuidado que se deve ter com a autoridade tanto secular quanto divina; que o bom servo é o que trabalha, em vez de apenas festejar; e que os seres humanos, sendo mortais, devem ser modestos.
            Acredita que Salomão faz uma crítica a uma sociedade em que há uma classe em ascensão econômica e política, que busca sentido para a vida na ambição pelo poder, na riqueza e nos prazeres. Pensando assim, o livro de Eclesiastes é propício para os nossos dias.
            O texto não tem uma estrutura definida, pois é composto de vários ditados ou provérbios sem uma conexão clara entre um versículo e outro.
            Uma forma de compreender o texto é listar as características da sabedoria e da estultícia (falta de juízo).
Tópicos para reflexão.
1 – Sabedoria/Sábio x Estultícia/Estulto (falta juízo).
            A listagem apresentada por Salomão mostra figuras da sua época, por isso, não são claras a nós.
            Alguns pontos principais na perspectiva do sábio e daquele que não tem juízo:
            Para o sábio “[...] o unguento (óleo) do perfumador [...]”, Ec.10.1 serve para esfregar no corpo para ficar perfumado, mas para a pessoa que não tem juízo, “[...] a mosca morta (na sopa é motivo de) fazer o unguento (o perfume do lar) [...] exalar mau cheiro (discórdia) [...]”, Ec.10.1.
            Esse “[...] mau cheiro (ciúmes, iras, brigas, palavras ofensivas, mesmo que seja em) poucas (doses) de estultícia (falta juízo) [...] (acaba com qualquer) sabedoria e [...] (qualquer) honra (respeito, valor, homenagem) [...]”, Ec.10.1 dentro do lar.
            É por este motivo que “[...] Jesus [...] disse [...] (que devemos) acautelar do fermento dos fariseus e dos saduceus (seus inimigos; aqueles que nos aconselham contra os princípios bíblicos – separa mesmo, leva na justiça, acaba com ele)”, Mt.16.6.
            Precisamos “[...] entender que [...] acautelar [...] das (muitas) doutrinas (de muitos que estão dentro da igreja dando mau conselho) [...]”, Mt.16.12.
            Ao olhar para dentro do lar, podemos tomar uma das duas direções [...]
            1.2 – Direita/esquerda.
            O simbolismo “[...] para o lado direito [...] (e) para o da esquerda”, Ec.10.2 é usado na Bíblia, especialmente na literatura de sabedoria.
            O povo de Israel usava a expressão “[...] direita [...]”, Ec.10.2 para indicar poder, libertação e qualidade moral, tal como “a [...] destra [...] (do) SENHOR [...] (que) é gloriosa em poder [...] (que) despedaça o inimigo”, Ex.15.6.
            Essa mesma expressão fala de que é somente “o SENHOR [...] (que) temos sempre à nossa presença; estando ele à minha direita, não serei abalado”, Sl.16.8.
            O lugar de honra era “[...] o lado direito [...]”, Ec.10.2.
            Então, “o coração do sábio se inclina para o lado direito (honra, bênção, bem, poder, libertação das investidas daqueles que desejam a nossa destruição) [...]”, Ec.10.2.
            [...] Mas [...] o (simbolismo) da esquerda”, Ec.10.2 aponta o lado mau.
            Em alguns países árabes, a mão esquerda é considerada impura, pois é destinada a higiene pessoal.
            Como nos relatos bíblicos não encontramos nenhuma comentário a respeito desse tipo de higiene, Salomão pode se referir ao [...] coração [...] do estulto [...] (homem que se) inclina para a esquerda”, Ec.10.2 que tem uma má disposição em buscar o melhor para a vida, a família e a sociedade.
            Devido decisões erradas na vida, podemos descobrir quem são [...]
            1.3 – Ricos e tolos, príncipes e nobres.
            Salomão percebe “ainda (que) há um mal que (é) visto debaixo do sol, erro (pecado) que procede do governador [...]”, Ec.10.5, isto nos prova que até as autoridades “[...] caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas (tolo) e perniciosas (prejudicial) [...]”, 1Tm.6.9.
            Muitas vezes observamos ainda que “o tolo (é) posto em grandes alturas (cargos comissionados, chefia), mas os ricos assentados em lugar baixo (perde o que ganha por falta de sabedoria)”, Ec.10.6.
            É possível “ver (também) servos a cavalo (pobres vivem como ricos, gasta o que não tem, compra e não paga) e príncipes andando a pé como servos (não esbanja, não demonstra, vive humildemente) sobre a terra”, Ec.10.7.
            A sabedoria é percebida entre ricos e tolos, príncipes e nobres quando se descobre que “ditosa [...] (feliz é a) terra cujo rei é filho de nobres e cujos príncipes se sentam à mesa a seu tempo para refazerem as forças e não para bebedice”, Ec.10.17, de fato, esses buscam a sabedoria.
            Mas, “ai (daquele) [...] rei (que é) criança (no agir aos permitir que os) [...] príncipes se banqueteiam já de manhã”, Ec.10.16 “[...] seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta (a ponto de praticarem tolices dentro de casa, no trabalho) [...]”, Is.5.11.
            Ao olhar para essas atitudes, podemos entender um pouco mais sobre as [...]
            1.4 – Palavras do sábio e do tolo.
            Nas palavras do sábio há favor (graça, charme, elegância), mas ao tolo os seus lábios devoram (engole, devora, destrói com palavras ofensivas, de baixa calão)”, Ec.10.12.
            Então, é bom desviar dos “tolos (louco porque) as primeiras palavras da (sua) boca são estultícia (sem juízo, estúpido, sem educação), e as últimas, loucura perversa (maligna, grosseira, fere)”, Ec.10.13.
            É interessante notar que “o estulto multiplica as palavras (fala demais), ainda que o homem não sabe o que sucederá (ele inventa coisas); e quem lhe manifestará o que será depois dele? (Ele é o único que sabe de todas as coisas)”, Ec.10.14.
            Por este motivo é melhor ouvir as “[...] palavras do sábio (porque) há favor, mas ao tolo os seus lábios devoram”, Ec.10.12.
            Se neste mundo existem sábios e tolos, precisamos buscar a sabedoria para lançar [...]
            1.5 – O pão sobre as águas.
            O “lançar o teu pão sobre as águas (comércio marítimo, trabalho árduo é com o objetivo de saber que), [...] depois de muitos dias o acharás (suficiente para sobreviver, preparar para o futuro)”, Ec.11.1.
            Aquele que não trabalha, que “[...] somente observa o vento (mudar a direção) nunca semeará, e o que olha para as nuvens (esperando chuva) nunca segará (colher)”, Ec.11.4.
            Existe outro tipo de trabalhador que, “estando as nuvens cheias (ele tem a certeza que vai) [...] derramar aguaceiro sobre a terra (isso é bom, principalmente para quem trabalha na roça; ficará dentro de casa); (mas) caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí ficará”, Ec.11.3, porque a sua intenção, desde as chuvas, é não trabalhar.
            O desejo de “lançar o [...] pão sobre as águas (trabalho duro) [...]”, Ec.11.1 é porque, “assim como nós não sabemos qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabemos as obras de Deus, que faz todas as coisas”, Ec.11.5 – não compreendemos e não sabemos quais são as oportunidades que Deus nos oferece no dia a dia.
            Por apenas observar o tempo, “o trabalho do tolo o fatiga, pois nem sabe ir à cidade (procurar uma ocupação para tirá-lo da ociosidade)”, Ec.10.15.
            É “pela (sua) muita preguiça (que) desaba o teto, e pela frouxidão das (suas) mãos (que) goteja a casa”, Ec.10.18.
            Ainda que consiga uma atividade, “se o ferro está embotado (áspero, cego, ele) [...] não [...] (tem coragem de) afiar o corte, (então) é preciso redobrar a força; mas (se ele tivesse) a sabedoria (seria fácil) resolver com bom êxito”, Ec.10.10 para poder trabalhar.
            Por isso, o conselho do sábio é que se deve “semear pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas”, Ec.11.6, ou seja, “[...] trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”, Ef.4.28.
            O pão sobre as águas também pode falar sobre o “repartir com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra”, Ec.11.2 e, caso você vier a passar necessidade, pode ser socorrido.
            É como se cada um de nós se dispusesse a “dar, e (Deus) nos dará; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente nos darão; porque com a medida com que tivermos medido nos medirão também”, Lc.6.38.
            Diante do exposto, é preciso saber qual é [...]
2 – A essência (natureza íntima) da sabedoria.
            As expressões usadas sugerem que a sabedoria está em constante oposição à estultícia (falta juízo).
            O conselho do sábio Salomão é que, quando se “levantar contra ti a indignação (raiva-injustiça praticada) do governador (superior), não deixes o teu lugar, porque o ânimo (coragem) sereno (tranquilo) acalma grandes ofensores”, Ec.10.4.
            Vivemos numa época em que informação e conhecimento são muito valorizados, mas “quando o tolo (sem juízo) vai pelo caminho (errado), falta-lhe o entendimento (compreender o que é certo ou errado); e, assim, a todos mostra que é (e continua sendo) estulto (tolo)”, Ec.10.3.
            Dever ser por este motivo que, ainda esse tolo, quando “[...] abre uma cova nela cairá, e quem rompe um muro, mordê-lo-á uma cobra”, Ec.10.8 devido não ter buscado o conhecimento para agir nessa situação.
            Do mesmo modo, também, “quem arranca pedras (do modo como faz, sem perícia, sem saber, sem aplicar as técnicas certas) será maltratado por elas, e o que racha lenha expõe-se ao perigo (podendo perder a perna ou ferir a canela com a machadada)”, Ec.10.9.
            E, “se (caso) a cobra morder (o homem sem juízo ou sábio) antes de estar encantada, não haverá vantagem no encantador”, Ec.10.11, pois ele tentou fazer algo que não é da sua competência.
            Ao olhar para essas contradições, percebemos que ainda hoje existe essa separação entre conhecimento e viver.
            Vemos o contrassenso no médico que sabe dos males causados pelo cigarro, mas ele não transforma o seu hábito.
            Viver em sabedoria é muito mais do que simplesmente fazer ou dizer as coisas corretas na hora certa.
            Para viver neste mundo de forma satisfatória, é preciso pedir “[...] a sabedoria que desce lá do alto [...]”, Tg.3.15.
            Paciência, sensatez, prudência nos conduz a [...]     
Conclusão:     Buscar viver melhor neste mundo.
            Então, “nem no nosso pensamento amaldiçoes (tornar desprezível) o rei, nem tampouco no mais interior do teu quarto, o rico (pois de alguma forma os homens precisam dessas pessoas. Do governo para coordenar o país, do rico para assalariar); porque as aves dos céus poderiam levar a tua voz, e o que tem asas daria notícia das tuas palavras”, Ec.10.20, daí, entraremos em grandes apuros.
            É bom eu e você procurar “o festim (comida, festa) para (nos) fazer rir, o vinho alegrar a vida, e o dinheiro atender a tudo”, Ec.10.19, mas para buscar essas coisas, precisamos buscar a verdadeira sabedoria para agradar a Deus.
            Coloque a sua sabedoria em prática e não seja estulto (sem juízo)!

           
            Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Vida abundante – Didaquê – Rev. William Lace Lane.

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