PACIÊNCIA, SENSATEZ (tem
juízo), PRUDÊNCIA, Ec.10.1-11.6.
Estudiosos têm observado
que o livro de Eclesiastes apresenta, basicamente, dois tipos de discurso: o de
observação do Pregador e o de instrução (S. De Jong, Qohelet and the Ambitious
Spirit, JSOT 61, 1994, PP.85-96).
A instrução e
recomendação enfoca um ensino das vantagens da sabedoria sobre a estultícia; o
cuidado que se deve ter com a autoridade tanto secular quanto divina; que o bom
servo é o que trabalha, em vez de apenas festejar; e que os seres humanos,
sendo mortais, devem ser modestos.
Acredita que Salomão faz
uma crítica a uma sociedade em que há uma classe em ascensão econômica e
política, que busca sentido para a vida na ambição pelo poder, na riqueza e nos
prazeres. Pensando assim, o livro de Eclesiastes é propício para os nossos
dias.
O texto não tem uma
estrutura definida, pois é composto de vários ditados ou provérbios sem uma
conexão clara entre um versículo e outro.
Uma forma de compreender
o texto é listar as características da sabedoria e da estultícia (falta de
juízo).
Tópicos para reflexão.
1 – Sabedoria/Sábio x Estultícia/Estulto (falta juízo).
A listagem apresentada
por Salomão mostra figuras da sua época, por isso, não são claras a nós.
Alguns pontos principais
na perspectiva do sábio e daquele que não tem juízo:
Para o sábio “[...] o unguento (óleo)
do perfumador [...]”, Ec.10.1
serve para esfregar no corpo para ficar perfumado, mas para a pessoa que não
tem juízo, “[...] a mosca morta (na sopa é motivo de) fazer o unguento (o perfume do
lar) [...] exalar mau cheiro (discórdia) [...]”, Ec.10.1.
Esse “[...] mau cheiro
(ciúmes, iras, brigas, palavras ofensivas, mesmo que seja em) poucas (doses) de
estultícia (falta juízo) [...] (acaba com qualquer) sabedoria e [...] (qualquer)
honra (respeito, valor, homenagem) [...]”, Ec.10.1 dentro do lar.
É por este motivo que “[...] Jesus [...]
disse [...] (que devemos) acautelar do fermento dos fariseus e dos saduceus
(seus inimigos; aqueles que nos aconselham contra os princípios bíblicos –
separa mesmo, leva na justiça, acaba com ele)”, Mt.16.6.
Precisamos “[...] entender que [...]
acautelar [...] das (muitas) doutrinas (de muitos que estão dentro da igreja
dando mau conselho) [...]”,
Mt.16.12.
Ao olhar para dentro do
lar, podemos tomar uma das duas direções [...]
1.2 – Direita/esquerda.
O simbolismo “[...] para o lado
direito [...] (e) para o da esquerda”, Ec.10.2 é usado na Bíblia, especialmente na literatura de sabedoria.
O povo de Israel usava a
expressão “[...] direita [...]”,
Ec.10.2 para indicar poder, libertação e qualidade moral, tal como “a [...] destra
[...] (do) SENHOR [...] (que) é gloriosa em poder [...] (que) despedaça o
inimigo”, Ex.15.6.
Essa mesma expressão
fala de que é somente “o SENHOR [...] (que) temos sempre à nossa presença;
estando ele à minha direita, não serei abalado”, Sl.16.8.
O lugar de honra era “[...] o lado
direito [...]”, Ec.10.2.
Então, “o coração do sábio
se inclina para o lado direito (honra, bênção, bem, poder, libertação das
investidas daqueles que desejam a nossa destruição) [...]”, Ec.10.2.
“[...] Mas [...] o (simbolismo)
da esquerda”, Ec.10.2 aponta o
lado mau.
Em alguns países
árabes, a mão esquerda é considerada impura, pois é destinada a higiene
pessoal.
Como
nos relatos bíblicos não encontramos nenhuma comentário a respeito desse tipo
de higiene, Salomão pode se referir ao “[...] coração [...]
do estulto [...] (homem que se) inclina para a esquerda”, Ec.10.2 que tem uma má disposição em buscar
o melhor para a vida, a família e a sociedade.
Devido decisões erradas
na vida, podemos descobrir quem são [...]
1.3 – Ricos e tolos,
príncipes e nobres.
Salomão percebe “ainda (que) há um
mal que (é) visto debaixo do sol, erro (pecado) que procede do governador [...]”, Ec.10.5, isto nos prova que até as
autoridades “[...] caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas (tolo)
e perniciosas (prejudicial) [...]”,
1Tm.6.9.
Muitas vezes observamos
ainda que “o tolo (é) posto em grandes alturas (cargos comissionados, chefia), mas
os ricos assentados em lugar baixo (perde o que ganha por falta de sabedoria)”, Ec.10.6.
É possível “ver (também) servos
a cavalo (pobres vivem como ricos, gasta o que não tem, compra e não paga) e
príncipes andando a pé como servos (não esbanja, não demonstra, vive
humildemente) sobre a terra”,
Ec.10.7.
A sabedoria é percebida
entre ricos e tolos, príncipes e nobres quando se descobre que “ditosa [...] (feliz
é a) terra cujo rei é filho de nobres e cujos príncipes se sentam à mesa a seu
tempo para refazerem as forças e não para bebedice”, Ec.10.17, de fato, esses buscam a
sabedoria.
Mas, “ai (daquele) [...]
rei (que é) criança (no agir aos permitir que os) [...] príncipes se
banqueteiam já de manhã”,
Ec.10.16 “[...] seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os
esquenta (a ponto de praticarem tolices dentro de casa, no trabalho) [...]”, Is.5.11.
Ao olhar para essas
atitudes, podemos entender um pouco mais sobre as [...]
1.4 – Palavras do sábio
e do tolo.
“Nas palavras do
sábio há favor (graça, charme, elegância), mas ao tolo os seus lábios devoram
(engole, devora, destrói com palavras ofensivas, de baixa calão)”, Ec.10.12.
Então, é bom desviar dos
“tolos
(louco porque) as primeiras palavras da (sua) boca são estultícia (sem juízo,
estúpido, sem educação), e as últimas, loucura perversa (maligna, grosseira,
fere)”, Ec.10.13.
É interessante notar que
“o
estulto multiplica as palavras (fala demais), ainda que o homem não sabe o que
sucederá (ele inventa coisas); e quem lhe manifestará o que será depois dele? (Ele
é o único que sabe de todas as coisas)”, Ec.10.14.
Por este motivo é melhor
ouvir as “[...] palavras do sábio (porque) há favor, mas ao tolo os seus lábios
devoram”, Ec.10.12.
Se neste mundo existem
sábios e tolos, precisamos buscar a sabedoria para lançar [...]
1.5 – O pão sobre as
águas.
O “lançar o teu pão
sobre as águas (comércio marítimo, trabalho árduo é com o objetivo de saber
que), [...] depois de muitos dias o acharás (suficiente para sobreviver,
preparar para o futuro)”,
Ec.11.1.
Aquele que não trabalha,
que “[...]
somente observa o vento (mudar a direção) nunca semeará, e o que olha para as
nuvens (esperando chuva) nunca segará (colher)”, Ec.11.4.
Existe outro tipo de
trabalhador que, “estando as nuvens cheias (ele tem a certeza que vai) [...] derramar
aguaceiro sobre a terra (isso é bom, principalmente para quem trabalha na roça;
ficará dentro de casa); (mas) caindo a árvore para o sul ou para o norte, no
lugar em que cair, aí ficará”,
Ec.11.3, porque a sua intenção, desde as chuvas, é não trabalhar.
O desejo de “lançar o [...] pão sobre
as águas (trabalho duro) [...]”,
Ec.11.1 é porque, “assim como nós não sabemos qual o caminho do vento, nem como se formam os
ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabemos as obras de Deus,
que faz todas as coisas”,
Ec.11.5 – não compreendemos e não sabemos quais são as oportunidades que Deus
nos oferece no dia a dia.
Por apenas observar o
tempo, “o trabalho do tolo o fatiga, pois nem sabe ir à cidade (procurar uma
ocupação para tirá-lo da ociosidade)”, Ec.10.15.
É “pela (sua) muita
preguiça (que) desaba o teto, e pela frouxidão das (suas) mãos (que) goteja a
casa”, Ec.10.18.
Ainda que consiga uma
atividade, “se o ferro está embotado (áspero, cego, ele) [...] não [...] (tem coragem
de) afiar o corte, (então) é preciso redobrar a força; mas (se ele tivesse) a
sabedoria (seria fácil) resolver com bom êxito”, Ec.10.10 para poder trabalhar.
Por isso, o conselho do
sábio é que se deve “semear pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não
sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas”, Ec.11.6, ou seja, “[...] trabalhe,
fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao
necessitado”, Ef.4.28.
O pão sobre as águas
também pode falar sobre o “repartir com sete e ainda com oito, porque não sabes
que mal sobrevirá à terra”,
Ec.11.2 e, caso você vier a passar necessidade, pode ser socorrido.
É como se cada um de nós
se dispusesse a “dar, e (Deus) nos dará; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante,
generosamente nos darão; porque com a medida com que tivermos medido nos
medirão também”, Lc.6.38.
Diante do exposto, é
preciso saber qual é [...]
2 – A essência (natureza íntima) da sabedoria.
As expressões usadas
sugerem que a sabedoria está em constante oposição à estultícia (falta juízo).
O conselho do sábio
Salomão é que, quando se “levantar contra ti a indignação (raiva-injustiça
praticada) do governador (superior), não deixes o teu lugar, porque o ânimo (coragem)
sereno (tranquilo) acalma grandes ofensores”, Ec.10.4.
Vivemos numa época em
que informação e conhecimento são muito valorizados, mas “quando o tolo (sem
juízo) vai pelo caminho (errado), falta-lhe o entendimento (compreender o que é
certo ou errado); e, assim, a todos mostra que é (e continua sendo) estulto (tolo)”, Ec.10.3.
Dever ser por este
motivo que, ainda esse tolo, quando “[...] abre uma cova nela cairá, e quem rompe um
muro, mordê-lo-á uma cobra”,
Ec.10.8 devido não ter buscado o conhecimento para agir nessa situação.
Do mesmo modo, também, “quem arranca pedras
(do modo como faz, sem perícia, sem saber, sem aplicar as técnicas certas) será
maltratado por elas, e o que racha lenha expõe-se ao perigo (podendo perder a
perna ou ferir a canela com a machadada)”, Ec.10.9.
E, “se (caso) a cobra
morder (o homem sem juízo ou sábio) antes de estar encantada, não haverá
vantagem no encantador”,
Ec.10.11, pois ele tentou fazer algo que não é da sua competência.
Ao olhar para essas
contradições, percebemos que ainda hoje existe essa separação entre
conhecimento e viver.
Vemos o contrassenso no
médico que sabe dos males causados pelo cigarro, mas ele não transforma o seu
hábito.
Viver em sabedoria é
muito mais do que simplesmente fazer ou dizer as coisas corretas na hora certa.
Para viver neste mundo
de forma satisfatória, é preciso pedir “[...] a sabedoria que desce lá do alto [...]”, Tg.3.15.
Paciência, sensatez,
prudência nos conduz a [...]
Conclusão: Buscar
viver melhor neste mundo.
Então, “nem no nosso pensamento
amaldiçoes (tornar desprezível) o rei, nem tampouco no mais interior do teu
quarto, o rico (pois de alguma forma os homens precisam dessas pessoas. Do
governo para coordenar o país, do rico para assalariar); porque as aves dos
céus poderiam levar a tua voz, e o que tem asas daria notícia das tuas palavras”, Ec.10.20, daí, entraremos em grandes
apuros.
É bom eu e você procurar
“o
festim (comida, festa) para (nos) fazer rir, o vinho alegrar a vida, e o
dinheiro atender a tudo”,
Ec.10.19, mas para buscar essas coisas, precisamos buscar a verdadeira
sabedoria para agradar a Deus.
Coloque a sua sabedoria
em prática e não seja estulto (sem juízo)!
Adaptado
pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Vida abundante – Didaquê – Rev. William
Lace Lane.
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