sábado, 7 de junho de 2014

FUJA DA BEBIDA



FUJA DA BEBIDA
            É tempo de festa. Bem, no Brasil todo tempo é de festa. Neste ano de 2014 são computados seis (06) dias de feriado nacional, isto é, não foram contados os dias dos jogos do Brasil. Todos sabem que todos estes feriados são cumpridos literalmente. Esse povo não dispensa um feriado sequer. O resultado é que por ano os dias trabalhados somam apenas duzentos e cinquenta e cinco (255) dias corridos. Mas não é só isso. É preciso dar aquela esticada o máximo que puder em tais feriados nacionais e municipais. Ainda existe aquela desculpa da ‘ressaca’ e da perda do ônibus, da morte dos avós e a doença dos pais. Coisas assim fazem com que os dias de trabalho do povo brasileiríssimo sejam mais curtos.
            O resultado desses poucos dias de trabalho afeta a todos. Desta forma os estudantes aprendem menos, as instituições públicas trabalham cada vez mais preguiçosas e o Produto Interno Bruto – PIB cai assustadoramente. Quem é o culpado afinal? As festas? Não. O culpado de toda esta desordem é o coração humano. Associado a cada festa, a cada final de semana, a cada feriado prolongado, a cada matança de um dia de trabalho e principalmente após o expediente de cada dia, cresce espantosamente o consumo de bebidas alcoólicas em todo o território nacional.
            Essa situação está saindo de controle. É tão sério que as poucas empresas que operavam de cervejaria e alambique no país não suportaram e não deram conta de atender a demanda, então, foi preciso que outras concorrentes entrassem nesse mercado que tem contribuído com a morte ou mutilação de milhares de brasileiros.
            Deus tem uma reprimenda para todo aquele que bebe ou incentiva ao que nunca experimentou ou gosta de beber. Deus na sua infinita sabedoria escolheu o sábio Salomão para instruir aos homens que desejam seguir certo o caminho neste mundo. Ele disse: “filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas” (Pv 1.10). É a partir deste princípio que Salomão faz a sua análise. Ele pergunta: “Para quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para quem, as queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos?” (Pv 23.29). Ao falar sobre os ‘ais’, Salomão quer alertar sobre aquele grito sentido de lamento ou desespero, fala sobre o desejo com ardor (intensidade) que o homem tem pela bebida alcoólica. Isso fala de dependência total, ainda que seja um copo por final de semana, a cada mês ou na noite de natal. Reconheça que você é um dependente químico. Quando chega esse determinado dia, você não aguenta, você se encurva diante daquele que te domina, ou seja, você é escravo. Não é à toa que Salomão alerta para “não olhar (no sentido de dar atenção) para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente” (Pv 23.31).
            Quando se fala de ‘pesares’ se fala de tristeza. Afinal, quando vem a tristeza? Quando acontece alguma tragédia, algum acidente, alguma morte. De fato não é isso que tem acontecido com milhares a cada dia? É somente depois que a desgraça acontece que a pessoa fica triste, cabisbaixa, envergonhada. Pergunte para todos aqueles que já passaram por algum vexame. Você verá que de fato é isso o que tem acontecido. A conversa é sempre a mesma depois de um porre; “[…] espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber” (Pv 23.35), é o que dizem. Veja que a situação vai se avolumando a tal ponto que surgem mais perguntas sem respostas. “[...] Para quem, as queixas? [...]” (Pv 23.29). Note bem que essa situação é um ciclo vicioso. Hoje o bêbado cai, amanhã, apesar de continuar dolorido, ele bebe novamente, por isso, para ele e todos quantos o cercam “[...] as feridas (são) sem causa [...]” (Pv 23.29).
            Salomão não desiste. Agora ele pergunta: “[…] Para quem, as rixas? […]” (Pv 23.29). É do conhecimento de todos que muitos lares onde reina a bebida alcoólica, ali se aloja o conflito, a contenda, a luta, a desavença, o retribuir o mal com o mal, o desejo de julgar. Esta lista não tem fim. Dentro deste lar acontece exatamente o que está escrito, “pois ao cabo (o advérbio indica tempo; depois, a conclusão será) morderá (como uma cobrança de juros) como a cobra e picará como o basilisco” (Pv 23.32). A cobra pode significar um réptil não peçonhento, a princípio a sua mordedura não faz muitos estragos, mas dói e deixa marcas. A situação fica pior quando o ‘basilisco’, ou seja, o réptil peçonhento, venenoso lança o seu bote e consegue pegar a sua presa, esse não somente machuca, mas o leva a morte.
            Todo bêbado é assim, depois de tanto se lambuzar na bebida, após uma noite de farra, ao chegar em casa surge mais uma pergunta intrigante: “[...] E para quem, os olhos vermelhos?” (Pv 23.29). É como se ele tentasse esconder a todo custo o bafo de sua bebida através da bala de menta, da folha de eucalipto, do chiclete ou de algum artifício que impeça de alguém saber que ele acabou de tomar um trago. Não tem como esconder. Os seus olhos são a prova concreta de que ele passou a noite na farra. Como resultado dessa bebedeira “os seus olhos verão coisas esquisitas, e o seu coração falará perversidades (maldade, crueldade)” (Pv 23.33). Ele ou ela acaba enxergando algo que não acontece dentro de casa, faz acusações infundadas que acabam em grandes tragédias. Como dizem: para sarar é só recomeçar, “[...] se deitar no meio do mar (enjoo, vômito) e como o que se deita no alto do mastro (tontura, cambaleante)” (Pv 23.34). Quem afinal passa por toda essa tragédia? “[...] Os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada” (Pv 23.30).
            Nestes dias de festejos; fuja da bebida alcoólica antes que aconteça alguma desgraça em sua família.
Rev. Salvador P. Santana

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