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A MORTE – O grande inimigo, 1Pe.1.24,25.
Introd.: O pintor medieval Jan Van Eick
impressionava as pessoas com seus quadros que demonstravam, ao mesmo tempo, a
futilidade da busca pelos prazeres do mundo e a realidade da morte que assolava
de forma despercebida.
Não
raro, um mesmo quadro ilustrava a loucura dos homens que viviam para satisfazer
seus caprichos, enquanto muitos ficavam prostrados abatidos pela morte.
Nada
há mais certo a respeito da vida do que a morte, mas é impressionante o quanto
os seres humanos conseguem ocultar de si mesmos essa verdade.
Quando
jovem, a vida parece radiante e a morte distante.
Ano
após ano a vida prossegue, vivemos nosso dia a dia, fazemos planos, construímos
e nos envolvemos com muitos projetos.
Lemos
nos jornais que pessoas estão morrendo de fome na África ou em explosões no
Oriente Médio.
Mas
esses lugares estão muito distantes de nós.
Diante
das TVs ficamos horrorizados pelas tragédias, mas em seguida retornamos para a
nossa vida normal, e tudo aquilo foge de nossa mente.
Vamos
ao enterro, confrontamos a família, e fiamos alguns momentos abalados, mas logo
continuamos nosso trabalho e voltamos às diversões.
Em
‘Imortalidade’ o escritor Loraine Boettner diz que “há, dentro de nós, uma
espécie de sentimento de imunidade em relação à tragédia e a morte”.
Mas,
de súbito, a morte bate a porta. Um pai, uma mãe, um esposo ou filho são
levados abruptamente.
Então,
grande tristeza cai sobre nós com o peso de milhões de toneladas.
Uma
confusão se estabelece em nossa mente, e uma pergunta brota da agonia: por que
isso tinha de acontecer?
I – A origem da morte.
Você
se considera imortal?
Pedro responde ao dizer que “[...] toda carne
é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai
a sua flor”, 1Pe.1.24.
Moisés
fala que “antes
que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a
eternidade, tu és Deus”, Sl.90.2.
Ao
escrever desta forma, Moisés alerta que somos temporários neste mundo.
Somos
tão passageiros neste mundo que é o próprio “Deus (que) reduz o homem ao pó [...]”, Sl.90.3.
A vida é tão breve que “[...] todos os
nossos dias se passam [...] acabam-se os nossos anos como um breve pensamento. Os
dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste
caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós
voamos”, Sl.90.9,10.
Não
há como fechar os olhos; a morte é a realidade mais concreta que conhecemos.
Esse
sentimento negativo que os seres humanos e os animais têm em relação a morte é
porque a morte é uma anomalia.
A
morte não faz parte da criação de Deus.
A
Bíblia fala que “[...] o SENHOR Deus [...] deu esta ordem (à) Adão e Eva: De toda árvore
do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não
comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”,
Gn.2.16,17.
Paulo
escrevendo aos Romanos declara “[...] que a própria criação será redimida do cativeiro da
corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus [...]”, Rm.8.21
porque, naquele dia da entrada do pecado no mundo, Deus disse que “[...] maldita é a terra [...]”,
Gn.3.17.
E
todos nós precisamos saber que foi “[...] por um só homem (que) entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos
pecaram”, Rm.5.12.
Questionamos
de que o pecado de Adão e Eva gerou a morte, mas eles não morreram no dia em
que pecaram.
O
texto de Gênesis fala que “[...] no dia em que dela comeres, certamente morrerás”,
Gn.2.16,17, mas Adão e Eva viveram muitos anos.
A
declaração divina é uma expressão idiomática da língua hebraica que significa
“se você comer vai morrer com certeza”.
Essa
expressão é vista quando Salomão ordenou que Simei não “[...] passasse o ribeiro [...] (caso
acontecesse) seria morto [...]”, 1Rs.2.37.
Aconteceu
também que “[...]
Faraó disse a Moisés: Retira-te de mim e guarda-te que não mais vejas o meu
rosto; porque, no dia em que vires o meu rosto, morrerás”, Ex.10.28.
A morte tem [...]
II – Três significados.
Todos nós
sabemos que a morte é consequência do pecado, mas não é uma consequência
natural.
A
morte é uma imposição penal de Deus em relação à desobediência do homem.
Morte,
antes de qualquer coisa, é punição “porque o salário do pecado é a morte [...]”,
Rm.6.23.
Berkhof
fala que “a morte não é descrita como algo natural na vida do homem, mera falha
de um ideal, e sim, assaz decisivamente como algo alheio e hostil à vida humana”.
A
morte é uma expressão da “[...] ira (de) Deus
[...] pela (qual somos) consumidos [...]”, Sl.90.7, pois nenhum de nós “[...] conhece o
poder da [...] ira (de) Deus [...]”, Sl.90.11.
Todos os homens “[...] conhecem
[...] (que) a sentença de Deus [...] (pode conduzir à) morte [...]”,
Rm.1.32.
E
essa morte pode conduzir muitos “[...] para a
condenação [...]”, Rm.5.16 e o único que pode “nos resgatar da maldição (é) Cristo
[...]”, Gl.3.13.
Precisamos
entender que há três sentidos para esse acontecimento que relutamos em não aceitar.
A
– Morte espiritual.
Viver
ou não espiritualmente depende do homem estar ou não em comunhão com Deus, caso
contrário, “se
dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não
praticamos a verdade”, 1Jo.1.6, então, neste caso, este homem está morto
ou separado espiritualmente de Deus.
Isto
aconteceu com Adão e Eva quando “abriram-se, então, os olhos de ambos; e,
percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para
si. Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do
dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre
as árvores do jardim”, Gn.3.7,8.
A comunhão estava quebrada. Adão e
Eva experimentaram a morte espiritual.
Essa morte é a forma como todas as
pessoas vivem, então, foi preciso “Deus nos dá vida, estando nós mortos nos nossos
delitos e pecados”, Ef.2.1.
No estado de morte espiritual o
homem não consegue agradar a Deus e nem sequer dar um passo em direção a Ele.
Neste caso, “[...] o deus
deste século cega o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça
a luz do evangelho da glória de Cristo [...]”, 2Co.4.4 para ir até Ele.
Então
é preciso “[...]
o Pai [...] enviar [...] (o homem pecador até) Jesus [...] (para ele ser) ressuscitado
no último dia”, Jo.6.44.
Só
então o homem consegue voltar para Deus.
B
– Morte física.
Parece
que esta morte é a mais temida entre os homens.
A
morte física é a separação do corpo e da alma e desta forma, quando “[...] o corpo (fica)
sem (o) espírito (a) [...] morte (chegou) [...]”, Tg.2.26.
É
aqui que se cumpre a Palavra que Deus dirigiu ao homem após o pecado: “No suor do rosto
comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu
és pó e ao pó tornarás”, Gn.3.19.
No dia da
morte “todos
irão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornará”, Ec.3.20.
No
entanto, o espírito não vira pó, porque “[...] o pó volta à terra, como o era, e o
espírito volta a Deus, que o deu”, Ec.12.7.
A
morte física é uma punição porque o homem não foi feito para viver sem corpo.
Apesar
de a alma continuar vivendo após a morte do corpo, ela não se encontra em
felicidade completa.
Deus
criou o homem com duas partes constituintes, a espiritual e a física, e essas
duas precisam uma da outra.
No
dia final, quando Cristo voltar para buscar a sua igreja, todos serão
ressuscitados.
C
– Morte eterna.
A morte eterna deve ser vista como
uma consumação da morte espiritual após a morte física.
É certo e verdadeiro que “[...] por um só homem entrou
o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos
os homens, porque todos pecaram”, Rm.5.12.
Mas,
haverá um dia em que “[...] nós, os vivos, os que
ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem”,
1Ts.4.15.
É
neste dia que “muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”,
Dn.12.2.
É
preciso saber que a morte eterna não virá “para [...] (aqueles) que
nele crê (esse) tem a vida eterna”, Jo.3.15.
Mas, a
morte eterna virá apenas para aquele “[...] que não crê já está julgado, porquanto não
crê no nome do unigênito Filho de Deus”,
Jo.3.18.
Neste
aspecto, é bom lembrar que a salvação depende de um “[...] nascer de novo [...] (para) ver
o reino de Deus”, Jo.3.3.
Quem
nasce uma vez, morre duas, mas quem nasce duas vezes só morre uma vez.
Na
morte eterna a corrupção do pecado tem a sua ora completa.
O
peso total da “[...] ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência”,
Ef.5.6 e isto significa morte no sentido mais terrível da palavra.
Morte
eterna deve ser associada com o inferno.
Ainda
temos pela frente
III – O último inimigo.
Em
1Co.15, Paulo faz uma defesa magistral da ressurreição de Cristo e dos crentes,
mas também fala muitas coisas sobre a morte.
Ele
lembra que “[...]
assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em
Cristo”, 1Co.15.22.
Essa
promessa de vitória sobre a morte descansa sobre a própria vitória de Cristo.
Isto
é porque “Deus
ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder”,
1Co.6.14.
É
a partir desse dia da ressurreição que “[...] então, virá o fim, quando ele entregar o
reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado (demônios), bem
como toda potestade e poder (Satanás)”, 1Co.15.24.
A
morte e ressurreição de Jesus é a nossa garantia, porque “[...] veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a
autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador (Satanás) de nossos
irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus”,
Ap.12.10.
Porém,
ainda falta o dia quando Satanás será totalmente esmagado, cumprindo a promessa
de Gênesis de “por inimizade entre Satanás e a mulher, entre a [...] descendência (de
Satanás) e o [...] descendente (da mulher). Este te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferirás o calcanhar”, Gn.3.15.
É
bom saber que “o último inimigo a ser destruído é a morte. Porque todas as coisas
sujeitou debaixo dos pés (de Cristo). E, quando diz que todas as coisas lhe
estão sujeitas, certamente, exclui aquele (o Pai) que tudo lhe subordinou”,
1Co.15.26,27.
No
último dia, Cristo e a morte se encontrarão pela última vez.
O
próprio Jesus enfrentou a fúria da morte, dependurado no madeiro, mas “todavia [...]
eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu [...]”, Ap.5.5 a
morte.
Desde
então, os dia da morte estão contados e cairá definitivamente diante de Jesus
Cristo.
É
a partir dessa vitória de Cristo que o [...]
IV – Mal será transformado em
bem.
Se
a morte é resultado do pecado, e deve ser vista como punição, por que os
cristãos ainda precisam morrer?
A
morte dos crentes não deve ser vista como punição pelo simples motivo de “agora, pois, já
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”, Rm.8.1.
Se
Deus quisesse, poderia trasladar todos os cristãos para o céu como fez com
Enoque e Elias, sem que passassem pela morte.
Deus
resolveu que a natureza seguisse seu curso normal.
Apesar
de nascidos de novo, nosso copo ainda é decaído.
Nosso
corpo não foi aperfeiçoado, e a prova disso é que continuamos adoecendo,
cansando e “[...]
suando (o) [...] rosto (para termos condições de) comer o nosso pão [...]”,
Gn.3.19.
A
morte é necessária porque abre as portas para a eternidade.
No
momento da morte, não somente os “[...] arrebatados (mas também aqueles que
estiverem mortos se) encontrará (com) o [...] Senhor [...] e, assim, (no último
dia) estaremos para sempre com o Senhor”, 1Ts.4.17.
Na
morte a alma fica livre de todo peso da corrupção e passa a aguardar o dia
final.
A
expectativa da morte leva o crente a considerar seus dias e a manter a
humildade.
Enquanto
estivermos neste mundo precisamos pedir a Deus para “ensinar-nos a contar os nossos
dias, para que alcancemos coração sábio”, Sl.90.12.
O
mal da morte é transformado em bem porque “é preciosa aos olhos do SENHOR a morte dos seus
santos”, Sl.116.15 porque o céu “[...] é
incomparavelmente melhor”, Fp.1.23.
E
ainda, não precisamos ficar amedrontados quando uma pessoa de mais idade ou
recém-nascida morre, devemos entender que “[...] mil anos, aos [...] olhos (do Senhor), são
como o dia de ontem que se foi e como a vigília da noite”, Sl.90.4,
então, a nossa vida é nada.
Paulo
entendeu que a morte nos conduz a um estado superior, então ele disse: “Porquanto, para
mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz
fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro
lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor”, Fp.1.21-23.
Cada
um de nós precisa querer “[...] descansar das suas fadigas [...]”,
Ap.14.13 para então desfrutar do mal transformado em bem.
O
grande inimigo [...]
Conclusão: Será derrotado.
Se todos
nós sabemos que “[...] toda carne é como a erva, e
toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor”,
1Pe.1.24, então, a qualquer momento eu e você podemos partir.
A
certeza que temos sobre a derrota do inimigo e a nossa vitória alcançada é que “a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta
é a palavra que nos foi evangelizada”, 1Pe.1.25 e pode garantir a nossa
segurança eterna.
Adaptado pelo Rev. Salvador P.
Santana para Estudo Bíblico sobre o final dos tempos – Expressão – CCC.
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