sábado, 27 de junho de 2015

UM MINISTÉRIO PROFÉTICO, Is.6.1-13.

 UM MINISTÉRIO PROFÉTICO, Is.6.1-13.

Introd.:           Isaías 6 é um dos textos mais conhecidos e utilizados da Bíblia.
            Ele é lido e estudado para despertar homens e mulheres ao envolvimento na obra do SENHOR, ou para ensinar sobre a soberania e santidade de Deus e, ainda, como um manual litúrgico bíblico: Deus se revela, o homem se conscientiza de sua pecaminosidade, arrepende-se e se humilha, Deus o perdoa e convoca para o serviço.
            Infelizmente, na maioria das vezes que o livro é lido, estudado ou pregado, a leitura vai até o “[...] eis-me aqui, envia-me a mim”, Is.6.8.
            Essa prática ignora os versos que explicam o ministério profético de Isaías.
            Nesse estudo vamos entender o que Deus quer da igreja e de cada um de nós, cristãos, como seus profetas.
I – O Deus que chama, Is.6.1-4.
            Deus chamou Isaías “no ano da morte do rei Uzias [...]”, Is.6.1.
            Esse dado da morte do rei não é apenas para nos localizar temporalmente, mas para compreender melhor a mensagem.
            O rei Uzias foi um dos reis mais queridos de Israel.
            “[...] O povo de Judá tomou a Uzias, que era de dezesseis anos [...] ele fez o que era reto perante o SENHOR [...] e cinquenta e dois anos reinou em Jerusalém [...] os amonitas deram presentes a Uzias, cujo renome se espalhara até à entrada do Egito, porque se tinha tornado em extremo forte”, 2Rs.14.21; 2Cr.26.3,4,8.
            A morte de Uzias, para Israel, pode ser comparada à morte de Getúlio Vargas, em 1954, para os brasileiros.
            Governou o Brasil por dois períodos.            O primeiro foi de 15 anos – 1930 – 1945 – a Revolução de 1930, pôs fim à República Velha, depondo o presidente Washington Luís, e, impedindo a posse do presidente eleito em 1º de março de 1930, Júlio Prestes.
            O segundo período foi de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando ele se suicidou.
            Getúlio era chamado pelos simpatizantes como o ‘pai dos pobres’, Jó 29.16 – implantou leis trabalhistas.
            A morte de Uzias, para Israel, pode ser comparada à morte de John Kennedy, em 22 de novembro de 1963.
            A morte desses homens gerou perguntas do tipo: ‘o que será de nós agora que o nosso rei se foi? Será que alguém conseguirá ser tão competente quanto ele foi? O que os povos em volta farão ao saber que não o temos mais?’
            O “[...] ano da morte do rei Uzias [...]”, Is.6.1 foi de extrema comoção nacional, medo, desesperança e senso de orfandade.
            A “[...] morte do rei Uzias [...] (teve um significado especial para) Isaías [...]”, Is.6.1 pois “[...] o profeta [...] (era cronista e biógrafo do rei, pois) escreveu (a história de Uzias)”, 2Cr.26.22.
            É certo que Isaías sofreu com a morte do rei.
            O texto apresenta um contraste – apesar da “[...] Morte do rei Uzias, Isaías viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono [...]”, Is.6.1.
            A mensagem de Deus para nós é que, nem a nação e nenhum de nós estão sem um rei.
            Israel, o Brasil e EUA estavam sem “[...] o rei [...] (mas) o Senhor (está) assentado sobre um alto e sublime trono (reinando) [...]”, Is.6.1.
            Por vezes somos oprimidos, sofremos e a injustiça impera e nos assusta, mas “[...] o Senhor (continua) assentado sobre um alto e sublime (admirado) trono [...]”, Is.6.1.
            É por este motivo que podemos confiar em Deus, pois “os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons”, Pv.15.3.
            “No [...] trono [...] (está) o (soberano) Senhor [...]”, Is.6.1, Todo-Poderoso dirigindo os rumos da humanidade para realizar a Sua vontade.
            O Deus que chama, “[...] o Senhor (além de estar) assentado [...] as abas (séquito – comitiva, bainha) de suas vestes enchem o templo”, Is.6.1 assim como o Espírito Santo enche o nosso coração.
            O Deus que nos chama é tão perfeito e soberano a ponto de “serafins (seres majestosos com aparência de fogo a serviço de Deus, não homens) estarem por cima dele; cada um tem seis asas: com duas cobre o rosto, com duas cobre os seus pés e com duas voa”, Is.6.2 devido eles estarem na presença do Todo-Poderoso.
            A santidade de Deus é tão perfeita que os serafins “[...] clamam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”, Is.6.3 que pode encher toda a terra e estar presente em todos os lugares e corações.
            Isaías contempla o espetáculo quando “as bases do limiar (soleira, batente) se moveram à voz do que clamava (anjos), e a casa se encheu de fumaça”, Is.6.4 devido a presença de Deus.
            Citando este texto de Isaías e falando sobre Jesus, o apóstolo João fala que “isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito”, Jo.12.41.
            Aquele que foi visto por Isaías é o mesmo que “[...] a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana”, Fp.2.7, viveu e morreu e ressuscitou para a nossa salvação.
            Este Jesus, “[...] Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”, Fp.2.9-11.
            Deus continua em seu trono, soberano, santo e glorioso.
            Um dia Ele tornará esse reinado visível a todos os olhos por meio de Jesus Cristo.
            Deus continua chamando eu e você assim como fez com Isaías.
            Qual é a sua resposta a esse chamado                      
II – O profeta.
            Ao contemplar “[...] o Senhor (em sua) [...] sublime (majestade) [...] enchendo o templo”, Is.6.1, a “[...] Santidade (do) [...] SENHOR dos Exércitos [...] (e) toda a [...] sua glória”, Is.6.3, percebemos duas características de Isaías.
            A. Confissão, Is.6.5-7.
            A primeira atitude de “Isaías (foi confessar o seu pecado) [...]”, Is.6.5 após contemplar o Senhor Deus.
            Não foi uma confissão genérica: “Senhor, perdoa os meus muitos pecados”.
            Foi “então (que) Isaías [...] disse: ai de mim! [...]”, Is.6.5, logo depois de contemplar o Senhor Deus, o profeta ficou com medo.
            Isaías declara o seu pecado especificamente ao dizer que “[...] está perdido! [...]”, Is.6.5, não em um espaço geográfico, mas a respeito da sua vida espiritual.
            Ele declara para Deus que “[...] está perdido [...] porque (é) homem de lábios impuros [...]”, Is.6.5 porque muitas vezes sai dos seus lábios palavras que não agradam a Deus.
            “[...] Está perdido [...] porque (além de seu pecador) [...] habita no meio de um povo de impuros lábios [...]”, Is.6.5 que não tem desejo por Deus e que dizem palavras obscenas e nojentas aos ouvidos de Deus.
            Isaías percebeu que poderia ser consumido a qualquer hora e ser enviado para o inferno, mas “[...] um dos serafins voou para Isaías, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do alar com um tenaz”, Is.6.6 a fim de purificar a sua boca.
            Percebe-se hoje que homens e mulheres dizem em cada dez palavras, sete palavrões e nenhuma edificante. 
            Não é à toa que Paulo fala que “não (deve) sair da nossa boca nenhuma palavra torpe (fere os bons costumes), e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem”, Ef.4.29.
            Isaías se considerava “[...] perdido [...] porque [...] os seus olhos viram o Rei [...]”, Is.6.5 que pode julgar, prender e matar.
            Cada um de nós deve, então, tomar a atitude de “[...] confessar o [...] (seu) pecado, (pois) Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”, 1Jo.1.9.
            “Muitos afirmam que não devemos ter medo de Deus”.
            O “[...] ai de mim! [...]”, Is.6.5 nos fala de temor e tremor diante de Deus.
            Isaías temeu, teve medo, diante da pureza de Deus “[...] porque [...] viu [...] o SENHOR dos Exércitos!”, Is.6.5 que pode fazer vencer e ser derrotado.
            O temor é uma das características perdidas do cristianismo.
            Supervalorizamos o amor de Deus, sua bondade e a doutrina da perseverança dos santos e, com isso em mente, alguns vivem sem nenhum temor do Senhor, pecando e fazendo o que bem entende.
            Muitos afirmam querer ver Deus, mas vive uma vida de pecados rotineiros.
            Confesse o seu pecado e, Deus, “com a brasa (fogo do Espírito) tocará a sua boca e dirá: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado”, Is.6.7.
            B. Prontidão, Is.6.8.
            A segunda atitude de Isaías, após ouvir uma pergunta de Deus, foi se colocar de prontidão.
            Isaías toma a atitude de se colocar a serviço de Deus, “depois disto (confissão do seu pecado) [...]”, Is.6.8.
            Isaías, atentamente, “[...] ouve a voz do SENHOR [...]”, Is.6.8 e nós, só ouvimos “[...] ouvimos a voz do SENHOR [...]”, Is.6.8, a partir do momento em que nos dedicamos à leitura bíblica.
            É preciso saber que “[...] a voz do SENHOR [...] (sempre tem algo) que (nos) dizer [...]”, Is.6.8 relacionados a nossa prontidão.
            A pergunta feita a Isaías foi a respeito da sua missão: “[...] A quem enviarei, e a quem há de ir por nós? [...]”, Is.6.8.
            Para cada um de nós Deus tem um plano e uma missão a cumprir neste mundo e você sabe qual é a sua.
            “Depois [...] (de) ouvir a voz do SENHOR [...] Isaías disse: eis-me aqui, envia-me a mim”, Is.6.8.
            O profeta foi privilegiado ao ser usado quando ele se dispôs ao trabalho.
            Quando Deus chama alguém, não é correto assumir compromissos mais importantes que a obra de Deus.
            Certa vez “[...] Jesus disse (a certo homem): Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus. Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus”, Lc.9.59-62.
            Isaías foi bem claro para Deus ao dizer: “[...] Eis-me aqui, envia-me a mim”, Is.6.8.
            “[...] Maria (também se dispôs) dizendo: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra [...]”, Lc.1.38.
            “[...] Pedro falou (para Jesus): Eis que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós? Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe [ou mulher], ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna”, Mt.19.27-29.
            Eu e você, o que temos feito a respeito do trabalho para o Senhor?
            O texto a seguir fala sobre algo desagradável e humilhante.
            Vimos as características daquele que chama: O Senhor dos exércitos Soberano, Santo e Glorioso.
            As atitudes requeridas de Isaías foram confessar e se prontificar para o trabalho do Senhor.
III – O ministério, Is.6.9-13.
            O ministério de Isaías foi desenvolvido no meio de um povo que não estava ‘nem aí para as coisas de Deus’.
            O que deveria anunciar a este povo idólatra, que frequentava o templo apenas por costume, mas não vivia em obediência ao Senhor?
            Por esse motivo, “então, disse Deus: Vai e dize a este povo [...]”, Is.6.9 palavras duras.
            O instrumento de Deus em favor desse povo foi fazê-lo “[...] ouvir, ouvir (até ficarem cansados de ouvir) e não entenderam [...]”, Is.6.9 a mensagem.
            Além de não ouvirem, o povo de Deus irá “[...] ver, ver, (as vistas irão ficar cansadas, embaçadas) mas não perceberá”, Is.6.9 o grande amor de Deus.
            O ministério de Isaías foi mais de endurecimento do que de Salvação e conversões.
            O próprio Deus falou que “tornaria insensível (indiferente, sem sentimento) o coração desse povo [...]”, Is.6.10 em relação ao amor a Deus.
            O resultado foi o “[...] endurecimento [...] (dos seus) ouvidos (para não ouvir a mensagem) e fechando-lhe os olhos (a fim de que não vissem as maravilhas de Deus) [...]”, Is.6.10.
            Então, cada um desses homens “[...] não [...] viram com os olhos, (nem mesmo) [...] ouviram com os ouvidos e (não) [...] entenderam com o coração, e [...] (não puderam ser) convertidos, e [...] (não foram) salvos”, Is.6.10.
            O profeta ficou perplexo sobre essa mensagem de condenação, foi “então [...] (que) disse Isaías: até quando, Senhor? [...]”, Is.6.11 o povo não O buscará?
            A “[...] resposta (do) Senhor: Até que sejam desoladas (ruínas) as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada (arrasada e levada para o cativeiro babilônico)”, Is.6.11.
            O pior é que “[...] o SENHOR afastará (da cidade Santa, da presença de Deus) [...] os homens, e no meio da terra será grande o desamparo (devido o pecado e a idolatria)”, Is.6.12.
            Por meio de sua mensagem, do endurecimento do povo, da punição de Deus ao povo, haveria de sobrar, no meio do povo [...]
Conclusão:      Um povo santo e dedicado ao Senhor.
            Fazemos parte de uma igreja em que o povo vive de forma secularizada.
            Evangélico nominal está mais comum e as diferenças que faziam clara a distinção entre cristãos e não cristão estão cada vez menos evidente.
            A sociedade não cristã está vivendo cada vez mais em imoralidade, cometendo injustiças e rebeldia contra Deus, e isso, com apoio, incentivo e envolvimento do poder público.
            Chegou o tempo de mais homens e mulheres perceberem que, como cristãos, devem imitar Jesus Cristo em seu ofício profético.
            Devemos levar luze às trevas e condenar a prática da injustiça e da imoralidade.
            Devemos nos envolver com a sociedade a fim de anunciar seus erros e a punição vindoura da parte de Deus.
            É por este motivo que Isaías termina o texto dizendo: “Mas, se ainda ficar a décima parte dela (igreja, povo de Deus que ainda não foi destruído), tornará a ser destruída. Como terebinto (árvore frondosa – 6 mt altura) e como carvalho (árvore ornamental – madeira dura para construção), dos quais, depois de derribados (pelo próprio Deus), ainda fica o toco (“[...] remanescente é que será salvo”, Rm.9.27), assim a santa semente é o seu toco (o qual preservará como povo santo e fiel a Ele)”, Is.6.13.
            Cada um de nós ainda pode responder para Deus: “[...] eis-me aqui, envia-me a mim”, Is.6.8.
Aplicação:       Busque a orientação de Deus, em oração, e realize a obra para a qual ele o chamou.


            Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Expressão – CCC – Rev. João Paulo Thomaz de Aquino

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