terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

NO ENCALÇO.


NO ENCALÇO

            Em um lindo jardim havia uma bela rosa, e olha que ela se achava; ficava sempre erguida, toda se mostrando. 

            De fato, ela era muito bonita e cheirosa, mas todos que passavam olhavam desconfiados, distantes e ninguém parava para sentir o seu perfume e nem observar de perto a sua beleza.

            Pobre rosa! Espera aí! Nada de pobreza; somente riqueza. As demais ao redor, nem tão belas quanto; eram acariciadas, apreciadas, fotografadas, sentidas, arrancadas para embelezar diversos jarros.

            Intrigada com o menosprezo dos transeuntes, resolveu olhar para baixo, pois havia muito tempo que não se encurvava para apreciar o seu caule, o sustento da sua raiz.

            Para sua surpresa, notou que havia um grande sapo bem à vontade sobre seus pés. Aborrecida, exigiu: – saia imediatamente de perto de mim, pois por sua culpa ninguém aprecia a minha beleza. Sem nenhuma resposta, o sapo saiu mais que depressa.   

            Tempos depois, o sapo passou por perto da admirável rosa e notou que as suas pétalas, de tão bonitas que eram, estavam murchando e caindo. Suas folhas arrancadas, seu caule envelhecido. Acabou toda aquela beleza.

            Curioso, o sapo se aproximou perguntando o que havia acontecido. A rosa respondeu: – eu não sei. Depois que expulsei você do meu pé, a vida não teve mais brilho. As pétalas começaram a cair devido a um grande formigueiro que a atacava todas as noites.

            Não tive condições nem mesmo de atrair os olhares distantes. Então o sapo lhe disse: – você sabe por que as formigas não lhe incomodavam quando eu estava junto a você? Eu as saboreava, impedindo que elas lhe machucassem.

            A todo custo, muitas pessoas se acham como a rosa mais linda das redondezas. Chama atenção para si, mas devido a sua arrogância, autoridade, olhar altivo, o ato de menosprezar os mais infelizes, o ser sabichão, acaba sendo olhado de longe pelos demais.

            Os amigos, parentes e vizinhos se afastam, não desejam nenhuma aproximação. Talvez, devido os seus espinhos ferozes, já tenha machucado a muitos, daí essa rosa fica como que única no jardim, sem cheiro, sem cor, sem vida, sem qualquer companhia.

            Outros são como o sapo que fica grudado ao pé da roseira com uma única finalidade; expulsar aquele que a prejudica. Mas, em um certo momento, você que é uma linda flor, abaixa a cabeça, não com o desejo de se humilhar, mas para desprezar, abater aquele que está logo mais abaixo e o expulsa.

            Sem perceber, você começa a definhar, desaparece a beleza que havia e é possível que venha a dizer mais tarde tal como “[...] o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira” (Pv 26.19).   

            É cabível tanto para quem é autossuficiente, quanto para o menosprezado não se vangloriar, mesmo “porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva” (2Co 10.18).

            Ninguém neste mundo está autorizado a pensar que tudo quanto sucede provém da sua própria mão, ou que a sua beleza se deve somente a si mesmo. É o próprio Deus que coloca os sapos aos pés da rosa.

            Parte da vontade de Deus enviar formigas para destruir uma plantação, até mesmo eucaliptos. Não se engane, até mesmo os “[...] pardais [...] caem em terra (somente após) [...] o consentimento do [...] Pai” (Mt 10.29) celeste.

            Não é à toa que “[...] Deus sabe o seu caminho; se ele [...] prova (você), (você) sairá [...] como o ouro” (Jó 23.10) “[...] aprovado [...] (diante de) Deus [...]” (2Tm 2.15).

            É por este motivo que “[...] o fogo ardente que surge no meio (ou na vida de todos os homens é) [...] destinado (apenas para) provar (o homem de Deus) [...]” (1Pe 4.12), para tão logo “[...] ser aprovado [...] (para) receber a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1.12).

            Aquela pessoa chata, birrenta, intrigante colocada no seu encalço; aceite-a, foi o próprio Deus que a preparou, pois é somente “[...] o SENHOR [...] que faz todas as coisas [...]” (Is 44.24).

            Entre outras coisas, essa pessoa que você às vezes detesta serve para cuidar de você, livrá-lo de algum perigo maior, defendê-lo de alguma armadilha, mostrar que você de alguma forma precisa da presença de pessoas rixosas para saber que você não é tão suficiente como pensa que é.

            Convide-o para ficar mais perto de você!

Rev. Salvador P. Santana

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