quinta-feira, 30 de novembro de 2017

APROVA OU DESAPROVA.

APROVA OU DESAPROVA

            “Em toda parte a madrugada é belíssima, com uma infinita variação de tonalidades que vão do malva (violeta) até o amarelo [...] as estações são apenas duas, dividindo entre ambas o ano, um verão prolongado e um inverno de duração comum [...] em março toda vegetação explode [...] período das grandes festas, a Páscoa (por exemplo) [...] um grande número (de peregrinos) tinha de dormir fora da cidade, nos subúrbios, nas colinas, em tendas ou cabanas feitas de ramos, ou ao ar livre [...]” – A Vida Diária nos Tempos de Jesus – Henri Daniel-Rops – pg. 17,18, 69.

            A ideia de que Jesus nascera no mês de dezembro é um tanto inconveniente de acordo com os relatos históricos e bíblicos.

            Nas comemorações, em cada lar, nos presépios, são usadas as mais diversas criatividades para embelezar o ambiente. Entre os muitos detalhes, estão as chaminés soltando fumaça, dando a entender de que o interior da casa está sendo aquecido. Outro detalhe são as ovelhas ou reses com o intuito de levar o admirador a pensar que o menino Jesus fora esquentado com os bafos destes animais, devido o menino ter sido “[...] enfaixado e o deitado numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2.7), e de que o frio do lado de fora era extremo. Os pequenos isopores nas árvores fazem lembrar a neve caindo sobre o telhado. Tudo isso não passa de pura imaginação e desejo de consumo excessivo nestes dias.

            É possível que o menino Jesus tenha nascido entre os meses de março e abril. Caso fosse época de frio e neve, Maria e “José [...] (não teriam suportado sobre o lombo dos animais, pois teve que) subir da Galileia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém [...]” (Lc.2.4), cerca de 120 km.

            Apesar deles terem sido obrigados a fazerem esse deslocamento devido a “[...] publicação (de) um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se” (Lc 2.1), é mais provável que o governo imperial tenha escolhido uma data/estação do ano que fosse propícia a fim de não vitimar grande parte da população.

            Caso tivesse ocorrido em épocas de frio intenso, a perda seria irreparável de impostos, aliados, mão-de-obra barata e súditos aptos para guerrear, apesar de ter havido um acordo entre judeus e romanos de que aqueles nunca pegariam em armas para se defenderem, enquanto estes, sujeitariam o povo às leis romanas, tal como acontecera quando Jesus fora “[...] amarrado [...] (e) levado [...] ao governador Pilatos” (Mt 27.2).

            Pode ser que ninguém tenha levado em consideração o grande número de peregrinos na cidade de Belém. A quantidade fora tanta que “[...] o [...] filho primogênito [...] (fora) deitado numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2.7).

            Outra forte convicção se dá pelo fato de que “havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite” (Lc 2.8).

            Ora, as vigílias começavam cerca das dezenove horas estendendo-se até as seis horas da manhã. Impossível seria passar a noite ou parte dela cuidando de rebanhos ao relento gélido e castigante. É mais provável que os pastores fizeram a opção de cuidar do rebanho ao ar livre devido ao calor que sentiam nesta noite.

            Calma! Não fique preocupado com essa data imprecisa. Ela não aprova e nem desaprova o homem para a salvação. O mais importante é saber e crer que “[...] nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11), e isto, é o bastante para a salvação do homem pecador.
Rev. Salvador P. Santana

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