terça-feira, 17 de novembro de 2015

Mt.16.13-18 - A IGREJA CONFESSIONAL.

A IGREJA CONFESSIONAL, Mt.16.13-18.

Introd.:           A tendência de ser indefinido a respeito da doutrina, que muitos chamam de ser ‘pós-moderno’, tem permeado o âmbito acadêmico.
            Na universidade, as críticas contra quem se enxerga detentor da verdade são as mais duras, principalmente nas ciências ‘humanas’ (direito, economia, geografia, história, filosofia).
            Olhar os dois ou mais lados de uma pesquisa é acadêmico.
            Não podemos ser indefinidos quanto a nossa fé e doutrina.
            Muitos são teologicamente abertos e dispostos a abrir mão de doutrinas tradicionais, outros tentam preservar o cerne da fé evangélica.
            Um dos maiores líderes do movimento teológico indefinido é Rob Bell – Em entrevista, ele responde a quase todas as perguntas com perguntas; “será que é assim mesmo?”.
            “[...] Rob Bell (é) fundador da megaigreja Mars Hill Bible Church, em Grandville, Michigan, declarou ser favorável ao casamento entre duas pessoas do mesmo sexo como forma de proteger a fidelidade. “Sim, eu sou favor do casamento. Estou a favor da fidelidade. Sou a favor do amor, seja entre um homem e uma mulher, ou entre duas mulheres, ou de um homem com outro homem [...] este é o mundo que estamos vivendo e precisamos apoiar as pessoas sem importar o modo como estejam” [...]” – http://noticias.gospelmais.com.br/rob-bell-favoravel-casamento-gay-preservar-amor-51518.html.
            A marca das igrejas pentecostais e neopentecostais é a ausência de confissões.
            Quando elas possuem algum documento com pontos doutrinários, estes são muito abrangentes e exercem pouca autoridade sobre o ensino da igreja.
            Há igrejas evangélicas que não se preocupam em manter uma única linha de ensino.
            Até o protestantismo tradicional tem esquecido sua herança teológica.
            Precisamos de mais definições de fé. Resgatar o valor dos credos e das confissões.
            Nesta lição vamos estudar a Bíblia, instigados a saber por que “[...] Jesus [...] (ainda hoje) pergunta (aos) [...] seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem (para eu e você)?”, Mt.16.13. 
            Veremos sobre a história da igreja a fim de entender a necessidade de a igreja ser confessional e não ficar procurando auxílio espiritual em “[...] João Batista [...] Elias [...] Jeremias ou algum dos profetas”, Mt.16.14.
            Vamos verificar o papel das confissões em nossas igrejas, que autoridade elas devem ter para “[...] continuarmos [...] (a) dizer (quem) [...] é Jesus [...] (em nossas vidas)”, Mt.16.15.
I – O que a Bíblia diz sobre confessar a fé?
            Como servos do Senhor Jesus, temos a necessidade de, “[...] com a nossa boca, confessar Jesus como Senhor e, em nosso coração, crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos, seremos salvo”, Rm.10.9. 
            Essa atitude deve partir do “[...] coração (para) se crê para justiça e com a boca se confessar a respeito da salvação”, Rm.10.10.
            Jesus garante que “[...] todo aquele que (o) [...] confessar diante dos homens, também Ele o confessará diante de seu Pai, que está nos céus (e) diante dos anjos de Deus”, Mt.10.32; Lc.12.8. 
            Ele também declara que “[...] aquele que (o) [...] negar diante dos homens, também Ele o negará diante de seu Pai, que está nos céus (e) diante dos anjos de Deus”, Mt.10.33; Lc.12.9.
            Nenhum de nós precisa temer “quando nos levarem às sinagogas e perante os governadores e as autoridades, não nos preocupemos quanto ao modo por que responderemos, nem quanto às coisas que tivermos de falar (Ásia, África)”, Lc.12.11. 
            Em qualquer assunto a respeito da nossa fé, “[...] o Espírito Santo nos ensinará, naquela mesma hora, as coisas que devemos dizer”, Lc.12.12.
            Os apóstolos Pedro e João foram ousados ao “falarem [...] (confessando aos) sacerdotes, (ao) capitão do templo e (aos) saduceus [...] (de que) não havia salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (Jesus Cristo)”, At.4.1, 12.
            No texto base “[...] Jesus (levanta a pergunta mais importante para a nossa salvação) [...] perguntando a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”, Mt.16.13. 
            Jesus deseja a sua e a minha resposta, pois “basta ao discípulo ser como o seu mestre (fiel ao Pai), e ao servo, como o seu senhor (obediente a Deus) [...]”, Mt.10.25.
            Diante dos milagres e ensinamentos de Jesus, “[...] o tetrarca Herodes ouviu a fama de Jesus e disse aos que o serviam: Este é João Batista; ele ressuscitou dos mortos, e, por isso, nele operam forças miraculosas”, Mt.14.1, 2.
            Outras pessoas achavam que Jesus seria um retorno do “[...] profeta Elias [...]”, Ml.4.5 ou alguém que operasse no “[...] poder de Elias [...]”, Lc.1.17 e um terceiro grupo pensavam que Jesus fosse algum grande profeta, como Jeremias.
            Essas três opiniões atribuíam a Jesus somente o status de precursor do Messias, mas Jesus ainda insiste com cada um de nós: “Mas vós [...] quem dizeis que eu sou?”, Mt.16.15. 
            Jesus insiste porque alguns de “[...] seus [...] discípulos [...] (e os de) João [...] (duvidaram e) mandaram perguntar (a) Cristo [...] (se) Jesus (era) [...] aquele que estava para vir ou (se) havia de esperar outro?”, Mt.11.1-3.
            Até mesmo entre o colégio apostólico “[...] Jesus (encontrou) [...] homens tímidos, homens de pequena fé [...] que duvidavam”, Mt.8.26; 14.31 “[...] sobre o não ter pão (para alimentar uma multidão) [...]”, Mt.16.8.
            Foi “então [...] (que) Pedro (impetuoso pediu a Jesus): Explica-nos (sobre a fé) [...]”, Mt.15.15.
            “[...] Pedro (se antecipou) dizendo [...] que eles tudo deixaram e [...]seguiram (a) Jesus; que seria, pois, de (cada um) deles?”, Mt.19.27.
            “[...] Simão Pedro (reconhece) [...] (que) Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo”, Mt.16.16.
            Nem Pedro e nenhum de nós podem chegar a essa conclusão sozinho.
            Para reconhecer a nossa fé e acreditar em Cristo, “[...] Jesus nos faz compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo”, 1Co.12.3.
            Com o advento do problema teológico – o legalismo judaico, a heresia (falsa doutrina, Cl.2.9) de Colossos, o proto-gnosticismo (1Jo.1.5) combatido por João – surgiram confissões mais elaboradas.
            A igreja de Corinto confessava “[...] que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”, 1Co.15.3, 4.
            Os filipenses reafirmaram “[...] que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”, Fp.2.10, 11.
            Não basta apenas ter fé, é preciso expressá-la assim como os colossenses disseram que “Jesus nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”, Cl.1.13.
            Toda a cristandade precisa reconhecer que em Jesus “[...] temos a redenção, a remissão dos pecados”, Cl.1.14.
            Jesus Cristo “[...] é [...] o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele”, Cl.1.15, 16.   
            Temos que reconhecer que em “Jesus [...] tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja”, Cl.1.17, 18.
            É nosso dever acreditar “[...] que Jesus [...] foi manifestado na carne [...] pregado entre os gentios [...] recebido na glória”, 1Tm.3.16.
            É por este motivo que “[...] não (podemos) dar crédito a qualquer espírito; antes, provar os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reconhecemos o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo [...]”, 1Jo.4.1-3.
            A conversa com “[...] Nicodemos (ilustra que todo cristão precisa expressar a fé em Jesus e não apenas reconhecê-lo doutrinariamente ou intelectualmente. É preciso) [...] que Jesus (seja reconhecido como) [...] Mestre vindo da parte de Deus [...] (e aceitar que Ele) pode fazer [...] sinais [...] (e, para crer é necessário) nascer de novo [...] (para) ver o reino de Deus [...] nascer da água e do Espírito [...] para que todo o que nele crê tenha a vida eterna [...] (devido o) amor (de) Deus [...] que deu o seu Filho unigênito [...]”, Jo.3.1-3, 5, 15, 16.
            Por isso somos exortados a “viver, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo [...] firmes em um só espírito [...] lutando juntos pela fé evangélica”, Fp.1.27.
            Também precisamos “combater o bom combate, completar a carreira, guardar a fé”, 2Tm.4.7 com a finalidade de “[...] batalhar, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”, Jd.3.
            A ortodoxia (doutrina correta) somente não define uma boa confissão.
            A nossa confissão deve ser acompanhada de confiança.
            Ela vai além do racional (crer que) para o volitivo (crer em).
            Quando Jesus ensinou duras verdades “à vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus”, Jo.6.66-69.
            Assim como Pedro e os demais apóstolos, vamos reconhecer que “[...] não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (Jesus Cristo)”, At.4.12.
            Você acredita que [...] Cristo [...] (é) o Filho do Deus vivo (?)”, Mt.16.16.           
            Caso você não acredita, caia fora da igreja e sirva o mundo com prazer.
II – A confessionalidade no decorrer da história.
            A história da igreja atesta que os cristãos compreenderam o quão importante era estabelecer fórmulas e credos, que resumissem a fé.
            No primeiro século essas fórmulas e credos permaneceram apenas na mente dos cristãos, por causa da perseguição.
            Quando surgiu a tolerância para o cristianismo, eles passaram a redigir credos para serem transmitido às gerações sem qualquer deturpação.
            No início da igreja cristã, os credos eram usados de quatro maneiras.
            Primeiro – Compostos como formas de profissão de fé para o batismo.
            Dessa forma assegurava que o batizando estava em conformidade com a fé comunitária.
            Segundo – Visando a confissão batismal, os credos passaram a servir como roteiro para a instrução catequética na doutrina cristã.
            Eles serviram de orientação prévia ao batismo, como currículo da classe de catecúmenos.
            Terceiro – Devido o surto de heresias (opção outra doutrina), os credos passaram a ser a medida de ortodoxia (sustentar a opinião correta) doutrinária.
            Quarto – Os credos ganharam caráter litúrgico.
            Eles eram lidos durante a liturgia de um culto como expressão da fé comunitária, resposta à revelação divina em sua Palavra.
            Nos séculos 16 e 17, um dos legados da Reforma Protestante foi a produção de confissões e catecismos.
            As confissões reúnem afirmações que são divididas em parágrafos e capítulos.
            Os catecismos são estruturados com perguntas e respostas.
            O retorno à Bíblia, imortalizado no lema Sola Scriptura não fez os reformadores desprezarem as confissões escritas.
            As confissões trouxeram dois benefícios para a Reforma.
            Primeiro – Marcaram a identidade de uma igreja.
            Época em que regiões e nações ganhavam sua independência do catolicismo romano, as igrejas nacionais produziam documentos com características próprias, semelhantes nos pontos essenciais da fé reforma.
            Cada jurisdição política escrevia uma confissão distinta:
            Primeira e segunda confissão Helvética (1536 e 1566), atual Suíça;
            Confissão Galicana (1559) na França;
            Confissão Escocesa (1560);
            Confissão Belga (1561) nos Países Baixos;
            Os Trinta e Nove Artigos da Inglaterra (1571);
            Os Artigos Irlandeses (1615).
            Segundo – Os reformadores providenciaram uma regra hermenêutica, um referencial interpretativo para entender as Escrituras.
            A mera crença na Bíblia não define as diferenças entre grupos da cristandade      - católicos também afirmam crer na Bíblia.
            As confissões funcionam como um padrão que diferencia a boa da má interpretação bíblica.
            É por isso que devemos reconhecer “[...] que não (é) [...] carne e sangue que nos revela (a verdade), mas [...] (o) Pai, que está nos céus [...] (é o que nos) afirma Jesus [...]”, Mt.16.17.
III – A confessionalidade em nossos dias.
            As confissões identificam uma igreja ou denominação.
            Elas produzem clareza na identidade, distinção com uns, comunhão com outros, e delimita o que julga ser ortodoxo na esfera da fé.
            As confissões podem servir de bússola paras as pessoas desorientadas em meio a uma igreja evangélica tão confusa no Brasil.
            Há igrejas que ouve mais seus líderes do que os documentos redigidos para nortear a denominação.
            Existem igrejas de uma mesma denominação que são muito diferentes uma das outras em matéria de fé e prática.            Diante das deturpações, uma confissão funciona como princípio hermenêutico (interpretar texto) das Escrituras.
            A confissão nos ajuda a definir a ortodoxia (doutrina correta) de uma interpretação bíblica.
            Lembrar que a confissão nunca está acima da Bíblia, como referencial para julgá-la.
            Ela é uma sistematização bíblica de nossas crenças e doutrinas, a fim de nos nortear no estudo da própria Escritura.
            A confissão serve para nos orientar “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”, Ef.4.14.
            As confissões se resumem em três palavras: Testemunho, unidade e pureza.
            Primeiro – As confissões são testemunho porque expressam a nossa fé.
            Dizer às pessoas o que nós cremos está na Bíblia, não oferece um resumo da nossa fé.
            Os catecismos e as confissões proporcionam essa sinopse – visão geral.
            Segundo – Os documentos confessionais cooperam para a unidade da igreja. Contrária à opinião moderna de que doutrina divide, de que confissões são elementos mais de divisão.
            Encontramos discípulos de Jesus em lugares distantes, sentimo-nos ligados a essas pessoas.
            As confissões são a base da união entre as igrejas.
            Terceiro – Confissões contribuem para a pureza da igreja.
            Queremos unidade com quem pensa de igual modo.
            Queremos distinguir de quem pensa de modo diferente.
            Isso não quer dizer que não possamos ter comunhão com cristãos que pensam diferente de nós com relação a doutrinas não essenciais para a salvação.
            Tais diferenças não devem estar presentes no ministério de pregação e ensino de uma igreja.
            Ainda é preciso que nestes dias, tão confusos a respeito da fé, possamos “[...] edificar a nossa igreja sobre [...] (a) pedra (a fim de que) [...] as portas do inferno não prevaleçam contra ela”, Mt.16.18.
 IV – Que autoridade devem ter as confissões?
            A autoridade de credos e confissões surge a partir do momento em que um grupo de crentes os subscreve (estar de acordo).
            Para os protestantes, a autoridade dos símbolos de fé é relativa (ou derivada) e limitada, sempre subordinada à Bíblia, que tem autoridade divina e absoluta.
            A Bíblia é norma normans (uma regra que regula), enquanto a confissão é norma normata (uma regra que é regulada).
            A igreja romana concede autoridade maior aos símbolos (bulas papais e documentos conciliares), pois esses são a interpretação infalível da igreja (clero) quanto à Bíblia.
            A igreja protestante dá abertura para a revisão de documentos de autoridade, o que não é o caso dos católicos.
            O protestante entende que seu princípio hermenêutico precisa ser constantemente avaliada pela própria Escritura.
            O Sínodo de Dort fez modificações na Confissão Belga; a Igreja Presbiteriana nos EUA fez modificações na Confissão de Fe de Westminster.
            Você conhece a Confissão de Fé da nossa igreja e os Catecismos Maior e Menor?
Conclusão:      “[...] Jesus (ainda continua) [...] perguntando (para mim e você): Quem diz (você) [...] ser o Filho do Homem?”, Mt.16.13.
            Pode acontecer de alguém “[...] responder [...] (que para ele Jesus é) João Batista [...] Elias [...] Jeremias ou algum dos profetas”, Mt.16.14. 
            “Mas (Jesus) continua (insiste com você) [...] quem dizeis que Jesus (é) [...]”, Mt.16.15.
            Devemos responder que “[...] Jesus és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, Mt.16.16.
            E quando fizermos essa afirmação, nada de pensar que saiu de nós mesmo, pelo contrário, “[...] não foi carne e sangue que nos revelou, mas [...] (o) Pai, que está nos céus”, Mt.16.17.
            A partir do momento em que eu e você aceitar ser a igreja confessional, “[...] Jesus (nos) dirá que [...] sobre esta pedra (Jesus, será) edificada a sua igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”, Mt.16.18.

            Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para ED – Nossa Fé – CCC – Rev. Heber Carlos de Campos.


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