“VOCÊ FALA MUITO”
Só pode sair de uma mente insana a ideia de que todos os negros e todos os afrodescendentes são amaldiçoados por Deus. Sendo assim, quem seria então abençoado neste mundo; os europeus, os norte-americanos? Impossível. A miscigenação já alcançou o mundo inteiro. Não existe nenhuma raça, como dizia e desejava Hitler, pura. Deus, nos primórdios dos tempos, permitiu que todos os povos se ajuntassem em casamento. A prova disto é que “[...] Salomão amou muitas mulheres estrangeiras [...]” (1Rs 11.1).
Ao fazer uma releitura dos livros sagrados do Pentateuco, percebe-se que Deus conduziu a história de uma forma maravilhosa e abençoadora. Verdade é que “[...] a terra (se tornou) maldita por causa (do pecado de) Adão (por ter ele) atendido a voz de sua mulher [...]” (Gn 3.17). Aconteceu também de ser “[...] multiplicado sobremodo os sofrimentos (da) mulher [...] (na sua) gravidez [...] em meio de dores darás à luz filhos [...] (e ainda) no suor do rosto (de todos os homens, cada um terá que) comer o seu pão, até que torne à terra [...]” (Gn 3.16,19).
Perceba que após “[...] Caim matar (o) seu irmão Abel [...]” (Gn 4.8), Deus tinha total autoridade para tirar a vida de Caim, não o fez. Deus deu oportunidade ao homicida de formar a sua própria família e de “[...] edificar uma cidade (para si) [...]” (Gn.4.17). Aconteceu também de “[...] Noé [...] (entregar) Canaã (como) servo de seu irmão [...]” (Gn 9.24,25), mas isto não quer dizer que Cam foi amaldiçoado por Deus e nem os seus descendentes o foram no sentido abrangente da palavra. Bem anterior a esse acontecimento “Deus abençoou (não somente) a Noé [...] (mas também) a seus filhos [...] Sem, Cam e Jafé [...]” (Gn.9.1,18).
A partir de Cam, os seus descendentes se espalharam desde a Assíria até o norte da África. Não é de se estranhar que “[...] Agar, egípcia, (era) [...] serva [...] (de) Sarai [...] mulher (de) [...] Abrão [...]” (Gn 16.3) andou lado a lado de “[...] Abraão (que) cria em Deus, e [...] (era) chamado amigo de Deus” (Tg 2.23). Quando “[...] partiram os filhos de Israel [...] (em rumo à terra prometida) subiu também com eles um misto de gente [...]” (Ex 12.37,38) estrangeira. Estes “[...] estrangeiros [...] (caso) quisessem celebrar a Páscoa do SENHOR [...] (eram obrigados a ser) circuncidados [...]” (Ex 12.48).
E o que dizer sobre “[...] Raabe, a meretriz, (que) não foi destruída com os desobedientes [...]” (Hb 11.31). Foram “[...] os jovens, os espias [...] (que) tiraram Raabe, e seu pai, e sua mãe, e seus irmãos, e [...] tiraram também toda a sua parentela e os acamparam fora do arraial de Israel” (Js 6.23) para logo depois, fazer parte da ascendência de Jesus Cristo. Sim, participaram também muitos filisteus, amonitas, moabitas, sírios, assírios que, “[...] subjugados [...]” (Hb 11.33) naquela época, tiveram a oportunidade “[...] de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creram no seu nome” (Jo 1.12).
Feliciano, “você fala muito”. Hoje existem “muitos (negros, mulatos, pardos, caboclos, cafuzos e até brancos), que creem (em Jesus Cristo, os quais) [...] confessam e denunciam publicamente as suas próprias obras” (At 19.18).
Rev. Salvador P. Santana
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