quinta-feira, 19 de agosto de 2010

NO ENCALÇO

NO ENCALÇO


Em um lindo jardim havia uma bela rosa, e olha que ela se achava; ficava sempre erguida, toda se achando. De fato, ela era muito bonita e cheirosa, mas todos que passavam olhavam desconfiados, distantes e ninguém parava para sentir o seu perfume e nem observar de perto a sua beleza. Pobre rosa! Espera aí! Nada de pobreza; somente riqueza. As demais ao redor, nem tão belas quanto, eram acariciadas, apreciadas, fotografadas, sentidas, arrancadas para embelezar diversos jarros. Intrigada com o menosprezo dos transeuntes resolveu olhar para baixo, pois havia muito tempo que não se encurvava para apreciar o seu caule, o sustento da sua raiz. Para surpresa, notou que havia um grande sapo bem à vontade sobre seus pés. Aborrecida, exigiu: – saia imediatamente de perto de mim, pois por sua culpa ninguém aprecia a minha beleza. Sem nenhuma resposta o sapo saiu imediatamente. Tempos depois o sapo passou por perto da admirável flor e notou que as suas pétalas de tão bonitas que eram, estavam murchando e caindo, suas folhas arrancadas, seu caule envelhecido. Acabou toda aquela beleza. Curioso, se aproximou perguntando o que havia acontecido. Prontamente a rosa respondeu: – Eu não sei. Depois que expulsei você do meu pé, a vida não teve mais brilho, as minhas pétalas começaram a cair devido a um grande formigueiro que me ataca todas as noites. Não tive condições nem mesmo de atrair os olhares distantes. Então o sapo lhe disse: – Você sabe por que as formigas não lhe incomodavam quando eu estava junto de você? Eu as saboreava, impedindo que elas lhe machucassem.

A todo custo muitas pessoas se acham como a rosa mais linda da redondeza. Chama atenção para si, mas devido a sua arrogância, autoridade, olhar altivo, o ato de menosprezar os mais infelizes, o ser sabichão, acaba sendo olhado de longe pelos demais. Os outros se afastam, não desejam nenhuma aproximação. Talvez, devido os seus espinhos ferozes, já tenha machucado a muitos, daí, essa rosa ficar como que única no jardim, sem cheiro, sem cor, sem vida, sem qualquer companhia. Outros são como o sapo que fica grudado ao pé da roseira com uma finalidade, expulsar aquele que a prejudica. Mas, num certo momento, você que é uma linda flor, abaixa a cabeça, não com o desejo de se humilhar, mas para desprezar, abater aquele que está logo mais abaixo e o expulsa. Sem perceber, você começa a definhar, desaparece a beleza que havia e é possível que venha a dizer mais tarde tal como “[...] o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira”, Pv.26.19.

É cabível tanto para quem é autossuficiente, quanto para o menosprezado não se vangloriar, mesmo “porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva”, 2Co.10.18. Ninguém neste mundo está autorizado a pensar que tudo quanto sucede provém da sua própria mão, ou que, a sua beleza deva somente a si mesmo. É o próprio Deus que coloca os sapos aos pés da rosa. Parte da vontade dEle enviar formigas para destruir uma plantação, até mesmo eucaliptos. Não se engane, até mesmo os “[...] pardais [...] caem em terra (somente após) [...] o consentimento do [...] Pai”, Mt.10.29 celeste. Não é à toa que “[...] Deus sabe o seu caminho; se ele te prova, (você) sairá como o ouro”, Jó 23.10 “[...] aprovado (diante de) Deus [...]”, 2Tm.2.15. É por este motivo que “[...] o fogo ardente que surge no meio (ou na vida de cada homem é) [...] destinado (apenas para) [...] provar (o homem de Deus) [...]”, 1Pe.4.12 para tão logo, “[...] ser aprovado [...] (para) receber a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”, Tg.1.12.

Aquela pessoa chata, birrenta, intrigante colocada no seu encalço, aceite, foi o próprio Deus que preparou, pois é somente “[...] o SENHOR [...] que faz todas as coisas [...]”, Is.44.24. Entre outras coisas, essa pessoa que você às vezes detesta, serve para cuidar de você, livrá-lo de algum perigo maior, defendê-lo de alguma armadilha, mostrar que você de alguma forma precisa da presença de pessoas rixosas para saber que você não é tão suficiente como pensa. Convide-o para mais perto de você.

Rev. Salvador P. Santana

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