quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Rm.5.12-21 - OS SACRAMENTOS NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO.


OS SACRAMENTOS NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO, Rm.5.12-21.

Introd.:           Toda a Bíblia, A.T. e N.T., nos ensina sobre o pacto de Deus com o homem como uma expressão do cuidado eterno e da certeza do relacionamento íntimo com o Senhor para com aqueles que cumprem com fidelidade os termos da aliança.
            O pacto é um instrumento de redenção e garantia da vida em sua plenitude, conforme a promessa divina, a qual se caracteriza essencialmente como um relacionamento de amor com o Senhor que se expressa por meio dos sacramentos.
1 – A amplitude conceitual dos sacramentos.
            Calvino – Sacramento envolve todos os sinais que Deus, em todos os tempos, tenha dado ao homem com o propósito de confirmar a veracidade das suas promessas.
            Os sinais foram instituídos pelo Senhor, tanto nas coisas naturais quanto nos milagres em todo V.T.
            Como sinais nas coisas naturais temos:
            [...] O SENHOR fez Deus brotar [...] a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal”, Gn.2.9 como penhor da imortalidade;
            O SENHOR Deus [...] lançou o homem fora do jardim do Éden [...]”, Gn.3.23 “[...] (porque) o homem se tornou como um de nós (Trindade), conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente”, Gn.3.22.
            Deus “pôs nas nuvens o seu arco [...] por sinal da aliança entre Deus e a terra. O arco estará nas nuvens; vê-lo-emos e nos lembraremos da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes [...]”, Gn.9.13, 16, a fim de saber que a terra não será destruída por meio do dilúvio.
            Adão e Noé receberam esses sinais por sacramentos para confirmar a veracidade das promessas de Deus.
            A árvore não garante imortalidade, nem o arco-íris, que é apenas a reverberação da radiação solar nas nuvens esculpida opostas, seria eficaz em conter as águas, mas porque tinham a marca esculpida pela Palavra de Deus, a fim de que fossem provas e selos de seus concertos – Calvino.
            Como exemplos dos milagres que se apresentam como sinais, temos:
            Deus, prometendo a Abraão uma descendência numerosa, sendo que não tinha filho, na apresentação do holocausto, “[...] posto o sol, houve densas trevas; e eis um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo que passou entre aqueles pedaços”, Gn.15.17; serviu para fortalecer a fé à Abraão;
            Gideão pediu a Deus que confirmasse em sua vida a libertação de Israel, “[...] pôs uma porção de lã na eira; se o orvalho estivesse somente nela, e seca a terra ao redor, então, conheceria que (Deus) haveria de livrar Israel por seu intermédio, como disseste. E assim sucedeu, porque, ao outro dia, se levantou de madrugada e, apertando a lã, do orvalho dela espremeu uma taça cheia de água”, Jz.6.37, 38;
            Para confirmar da cura do rei Ezequias, “[...] da parte do SENHOR como sinal de que ele cumpriria a palavra [...] o profeta Isaías clamou ao SENHOR; e fez retroceder dez graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz”, 2Rs.20.9, 11.
            Uma vez que estas coisas aconteciam para nutrir e solidificar a fraqueza da fé, eram também sacramentos – Calvino.
2 – Os sacramentos apontam Cristo.
            Os sacramentos, tanto no Antigo quando no N.T., tem o objetivo de comunicar a Cristo, porque, “para que os sacramentos nos proponham alguma promessa de Deus, é necessário que nos mostrem Cristo” Calvino.
            [...] A [...] aliança (entre Deus e Abraão (é) que [...] todo macho [...] seja circuncidado”, Gn.17.10, à qual, mais tarde, foram pela lei mosaica acrescentados purificações, sacrifícios e outros ritos, Lv.1-15;
            Deus determinou, instituiu e “falou a toda a congregação de Israel [...] (para) cada um tomar para si um cordeiro [...] comê-lo à pressa; era a Páscoa do SENHOR”, Ex.12.3, 11.
            Estes foram os sacramentos dos judeus até a vinda de Cristo; uma vez anulados esses, foram instituídos dois sacramentos dos quais agora se serve a Igreja Cristã: o Batismo e a Ceia do Senhor – Institutas.
            A função dos sacramentos mosaicos, bem como dos instituídos no período do N.T., encerra um único propósito, conduzir os homens a Cristo.
            Só há uma diferença entre esses sacramentos: aqueles prefiguravam Cristo prometido, como fosse ainda esperado; estes o apresentam já outorgado e manifesto – Institutas.
            A circuncisão simbolizava aos judeus a natureza corrompida do ser humano e a consequente necessidade de purificação, conforme fora dado a Abraão, era um selo da promessa divina de que, por meio de sua semente, todas as nações da terra seriam abençoadas, no entanto, o símbolo se concretizaria em Cristo, porquanto, a semente era Cristo.
            A confirmação é dada pelo apóstolo Paulo porque “[...] as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo”, Gl.3.16.
            Somente Cristo restauraria o que fora perdido em Adão, porque “[...] assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”, Rm.5.12.
            Interessante notar que “[...] até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei”, Rm.5.13.
            Por este motivo, “[...] reinou a morte desde Adão até Moisés (mortos nos pecados), mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir (Cristo)”, Rm.5.14.
            Perceba a conjunção adversativa, “todavia [...]”, Rm.5.15, remete para o que é verdadeiro, puro, mais perfeito do que era e que conduz ao céu.
            O texto é bem claro ao dizer que “[...] não é assim o dom gratuito (oferecido) como a ofensa (que destrói); porque, se, pela ofensa de um só (Adão), morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos (a graça de Deus)”, Rm.5.15.
            Paulo fala que “o dom, (com a conjunção) entretanto (que indica oposição), não é como no caso em que somente um pecou (pelo qual todos morrem); porque o julgamento derivou de uma só ofensa (Adão), para a condenação (eterna); mas a graça (perdão de Deus que concede a salvação) transcorre de muitas ofensas (pecados), para a justificação (julgado justo)”, Rm.5.16.
            A humanidade sem Cristo está totalmente perdida, mesmo porque, “se, pela ofensa de um e por meio de um só (Adão), reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo (que pode salvar totalmente)”, Rm.5.17.
            E, porque a humanidade estava sem Jesus, “[...] por uma só ofensa (desobediência), veio o juízo sobre todos os homens para condenação, (a conjunção) assim (mostra a mudança de pensamento quando) [...] por um só ato de justiça (de Cristo), veio a graça sobre todos os homens (que creem) para a justificação (aceitável diante de Deus) que dá vida”, Rm.5.18.
            É por este motivo que, “[...] pela desobediência de um só homem (Adão), muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só (Jesus Cristo), muitos se tornarão (verbo no futuro após aceitar Jesus como Senhor e Salvador) se torna justo”, Rm.5.19.
            O motivo que “sobreveio a lei (foi) para que avultasse (crescer) a ofensa; mas onde abundou o pecado (no coração), superabundou a graça (quando Jesus entra)”, Rm.5.20.
            A explicativa é “a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça (segundo Deus) para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”, Rm.5.21.
            A “[...] circuncisão (é) como selo da justiça (aceito como justo diante de Deus) [...] de todos os que creem [...]”, Rm.4.11.
            As purificações determinadas em Levíticos apresentam o quadro imundo e deturpado do ser humano, logo, “[...] todos pecaram e carecem da glória de Deus”, Rm.3.23.
            Os sacrifícios cruentos revelaram indesculpavelmente a iniquidade do homem e ensinavam a necessidade de pagamento e satisfação diante do juízo divino, portanto, a necessidade que temos de que “[...] Jesus, o Filho de Deus [...] (é o nosso) grande sumo sacerdote que penetrou os céus [...] (com a finalidade de fazermos) a nossa confissão”, Hb.4.14.
            O próprio Jesus “a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz”, Fp.2.8, em nosso favor, que, “[...] por meio da obediência de um só (Jesus Cristo), muitos se tornarão justos”, Rm.5.19.
3 – A circuncisão e o batismo.
            A circuncisão foi instituída por Deus, como um selo da “[...] aliança, que (Abraão devia) guardar entre Deus [...] e a [...] descendência (de Abraão): todo macho [...] será circuncidado”, Gn.17.10.
            Esse selo foi instituído com um caráter duradouro, que visava confirmar e lembrar ao patriarca a certeza do cumprimento das promessas que o Senhor havia feito a ele.
            Essa característica também permanece no batismo, mesmo porque, “[...] depois que ouvimos a palavra da verdade, o evangelho da nossa salvação, tendo nele também crido, fomos selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”, Ef.1.13, 14.
            Palmer Robertson – algumas peculiaridades do estabelecimento da circuncisão:
            1 – A aliança apresenta uma responsabilidade clara de “[...] guardar a [...] aliança, tu e a sua descendência [...]”, Gn.17.9;
            2 – O selo é que “[...] todo macho [...] será circuncidado”, Gn.17.10;
            3 –       O “[...] sinal da aliança (a) circuncisão [...] será [...] entre Deus e (o homem)”, Gn.17.11;
            4 –       A “[...] circuncisão (no) oitavo dia [...]”, Gn.17.12, aponta a solidariedade entre pais e filhos no relacionamento pactual;
            5 –       O sinal da aliança não fora constituído apenas com os judeus, mas também “com [...] o nascido em sua casa e o comprado por seu dinheiro [...]”, Gn.17.13;
            6 –       A desobediência gera castigo, pois “o incircunciso, que não for circuncidado na carne do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a [...] aliança (de) Deus”, Gn.17.14.
            A interpretação teológica que devemos observar:
            1 – A circuncisão simboliza a inclusão na comunidade pela graça de Deus;
            2 – A circuncisão indica a necessidade de purificação;
            3 – Representa a remoção da mácula essencial para alcançar a pureza;
            4 – O “extirpar” de parte natural do corpo humano como símbolo de limpeza religiosa sugere a necessidade da execução do julgamento como ato essencial à purificação.
            Pela circuncisão, o pecador submete-se a um julgamento que purifica;
            5 – O rito da circuncisão implica que a raça é pecadora e necessita de purificação – Deus deseja tratar com famílias – O Cristo dos Pactos – ECC.
            O que se diz a respeito da circuncisão, diga-se a respeito do batismo.
4 – A Páscoa e a Ceia do Senhor.
            A Páscoa foi instituída no contexto da décima praga, quando da libertação dos judeus, Ex.12.
            A ênfase no texto recai na figura do cordeiro pascal, Ex.12.3-11.
            Tomava do sangue (do cordeiro primogênito sem defeito) e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem”, Ex.12.7 – substituto.
            O sangue [...] (era) por sinal [...] [...] (para) não haver [...] praga destruidora [...] entre (o seu povo), quando [...] feria a terra do Egito”, Ex.12.13 – libertação.
            Nada (devia) deixar dele até pela manhã; o que, porém, ficar até pela manhã, (devia ser) queimado”, Ex.12.10 – urgência de libertação.
            [...] Jesus (para nós) [...] é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”, Jo.1.29.
            [...] O cálice (que tomamos) da nova aliança [...] (é) derramado em favor de nós (que cremos em Cristo Jesus)”, Lc.22.20.
            É por este motivo que devemos “lançar fora o velho fermento (da impureza), para que sejamos nova massa, como somos, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado (em nosso lugar para a nossa libertação)”, 1Co.5.7.
            Eis a mensagem que nos comunica a Ceia do Senhor.
Conclusão:      Os sinais foram instituídos pelo Senhor, no contexto da aliança, e desta feita, o valor que possuem é outorgado pela Palavra de Deus, que os valida para que cumpram o objetivo para o qual foram estabelecidos – fortalecer e sustentar a nossa fé.
            Os sacramentos promovem nossa nutrição espiritual, ao nos comunicar Cristo Jesus, porquanto todos os benefícios que possuímos provêm unicamente do Redentor.
Aplicação:       Os sinais da aliança de Deus com seu povo são seguidos por você?


            Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para E.D. – O batismo e a Ceia do Senhor – Palavra Viva – Rev. Christian Brially Tavares de Medeiros – ECC.

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