CONSOLAR
As enchentes estão sufocando o Brasil. Não apenas famílias sofrem perdas, mas
também bens duráveis e não duráveis terão que ser refeitos, recomprados,
restaurados, ganhados ou se perderão para sempre.
A culpa
para as cidades ficarem submersas, dizem especialistas, é que as cidades não
foram bem planejadas, o lixo reciclável não tem um destino certo, falta
respeito à natureza, solos são impermeáveis, crescimento desordenado ao
lados dos rios e encostas, áreas verdes desmatadas, lixo jogado à céu aberto.
Quem
mais sofre com as enchentes são muitas famílias que vivem à mercê do poder
público, dependentes do socorro imediato, necessitados de um local para se
abrigar, um cobertor para se cobrir, uma refeição para todos que já enfrentam a
desgraça das enchentes com perdas irreparáveis.
As famílias
afetadas pelas enchentes não precisam apenas de coisas materiais e abrigo.
Muitas delas estão fragilizadas, desesperadas, despreparadas, angustiadas para
enfrentar mais um baque terrível sobre a carga já pesada demais no seu dia a
dia. Elas perderam não apenas bens, mas também a dignidade, a esperança, a
confiança nas pessoas, principalmente nos políticos.
Famílias
que perderam tudo precisam de um abraço, uma palavra de consolo, conforto ou
até mesmo alguém por perto sem falar uma palavra sequer, apenas para
sentirem que alguém se importa com elas.
Nos dias
de Noé, Deus “[...] fez chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta
noites; e fez desaparecer da superfície da terra todos os seres que fez [...]”
(Gn 7.4). Durante dez meses e quatorze dias “as águas prevaleceram e aumentaram
muito na terra; a arca, porém, flutuava sobre as águas” (Gn 7.18).
“E, aos
vinte e sete dias do segundo mês, a terra estava seca” (Gn 8.14). Após um ano e
dez dias dentro da arca, “saiu, pois, Noé, com os seus filhos, a sua mulher e
as mulheres dos seus filhos” (Gn 8.18) assim como muitos alagados saíram de
suas casas por causa das enchentes no Brasil.
Mesmo
diante de todas as tragédias, Deus não desampara o ser-humano.
Note que “Deus abençoou Noé e os seus filhos [...] (e foram) fecundos (na
terra) [...]” (Gn 9.1). Embora alguns reclamem que Deus os desamparou pelo
motivo das grandes enchentes, ainda assim Ele se acha presente “tal como a mãe
consola o filho, assim Deus os consola [...]” (Is 66.13).
Não se
pode confundir consolo com restituição de bens duráveis e não duráveis
perdidos. A Bíblia não promete devolução de bens perdidos. Deus pode sim,
“[...] transformar o seu pranto em júbilo e os consolar [...] (e) lhes dará
alegria em vez de tristeza” (Jr 31.13).
Esse
“[...] consolar [...]” (Jr 31.13) aponta para o desejo de Deus acalmar a sua
alma nos momentos de desespero, de miséria, por ter perdido todas as coisas.
Quando
Deus resolve “[...] transformar o seu pranto em júbilo [...] (e) lhe dar
alegria em vez de tristeza” (Jr 31.13) não quer dizer que você deve se alegrar
porque perdeu os seus bens, pelo contrário, é devido “[...] o SENHOR ter
grande amor pela sua terra e se compadecer do seu povo” (Jl 2.18).
Aqueles
que sofreram perdas podem acreditar que todos “[...] são amados em Deus
Pai e guardados em Jesus Cristo” (Jd 1).
Por mais
difícil que seja a situação dos desabrigados, ainda assim é possível “[...] crer em
Deus [...] para que a (sua) fé e a esperança [...] estejam (sempre) em Deus”
(1Pe 1.21), jamais no homem, que nada pode fazer.
Se faz
urgente “exortar (não apenas) os ricos deste mundo (mas também aqueles que
não têm condições mínimas de viver adequadamente para sustentar a si próprio) a
que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da
riqueza (ou bens materiais ou políticos), mas em Deus, que tudo [...]
proporciona (tanto aos ricos como aos pobres) ricamente para o seu prazer” (1Tm
6.17).
Tanto
aqueles que perderam, quanto os que não perderam algum bem durante os dias
de chuva, o melhor a fazer é “[...] pôr a sua confiança em Deus e não se
esquecer dos feitos de Deus [...]” (Sl 78.7) no passado.
Abrigados
e desabrigados, “[...] cantem de alegria, porque o SENHOR consola o seu povo e
se compadece dos seus aflitos” (Is 49.13).
Deus,
atenda o clamor do seu povo em favor dos desabrigados!
Rev. Salvador P. Santana
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