quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

CONSOLAR.


CONSOLAR
            As enchentes estão sufocando o Brasil. Não apenas famílias sofrem perdas, mas também bens duráveis e não duráveis terão que ser refeitos, recomprados, restaurados, ganhados ou se perderão para sempre.
            A culpa para as cidades ficarem submersas, dizem especialistas, é que as cidades não foram bem planejadas, o lixo reciclável não tem um destino certo, falta respeito à natureza, solos são impermeáveis, crescimento desordenado ao lados dos rios e encostas, áreas verdes desmatadas, lixo jogado à céu aberto.
            Quem mais sofre com as enchentes são muitas famílias que vivem à mercê do poder público, dependentes do socorro imediato, necessitados de um local para se abrigar, um cobertor para se cobrir, uma refeição para todos que já enfrentam a desgraça das enchentes com perdas irreparáveis.
            As famílias afetadas pelas enchentes não precisam apenas de coisas materiais e abrigo. Muitas delas estão fragilizadas, desesperadas, despreparadas, angustiadas para enfrentar mais um baque terrível sobre a carga já pesada demais no seu dia a dia. Elas perderam não apenas bens, mas também a dignidade, a esperança, a confiança nas pessoas, principalmente nos políticos.
            Famílias que perderam tudo precisam de um abraço, uma palavra de consolo, conforto ou até mesmo alguém por perto sem falar uma palavra sequer, apenas para sentirem que alguém se importa com elas.
            Nos dias de Noé, Deus “[...] fez chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites; e fez desaparecer da superfície da terra todos os seres que fez [...]” (Gn 7.4). Durante dez meses e quatorze dias “as águas prevaleceram e aumentaram muito na terra; a arca, porém, flutuava sobre as águas” (Gn 7.18).
            “E, aos vinte e sete dias do segundo mês, a terra estava seca” (Gn 8.14). Após um ano e dez dias dentro da arca, “saiu, pois, Noé, com os seus filhos, a sua mulher e as mulheres dos seus filhos” (Gn 8.18) assim como muitos alagados saíram de suas casas por causa das enchentes no Brasil.
            Mesmo diante de todas as tragédias, Deus não desampara o ser-humano. Note que “Deus abençoou Noé e os seus filhos [...] (e foram) fecundos (na terra) [...]” (Gn 9.1). Embora alguns reclamem que Deus os desamparou pelo motivo das grandes enchentes, ainda assim Ele se acha presente “tal como a mãe consola o filho, assim Deus os consola [...]” (Is 66.13).
            Não se pode confundir consolo com restituição de bens duráveis e não duráveis perdidos. A Bíblia não promete devolução de bens perdidos. Deus pode sim, “[...] transformar o seu pranto em júbilo e os consolar [...] (e) lhes dará alegria em vez de tristeza” (Jr 31.13).
            Esse “[...] consolar [...]” (Jr 31.13) aponta para o desejo de Deus acalmar a sua alma nos momentos de desespero, de miséria, por ter perdido todas as coisas.
            Quando Deus resolve “[...] transformar o seu pranto em júbilo [...] (e) lhe dar alegria em vez de tristeza” (Jr 31.13) não quer dizer que você deve se alegrar porque perdeu os seus bens, pelo contrário, é devido “[...] o SENHOR ter grande amor pela sua terra e se compadecer do seu povo” (Jl 2.18).
            Aqueles que sofreram perdas podem acreditar que todos “[...] são amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo” (Jd 1).
            Por mais difícil que seja a situação dos desabrigados, ainda assim é possível “[...] crer em Deus [...] para que a (sua) fé e a esperança [...] estejam (sempre) em Deus” (1Pe 1.21), jamais no homem, que nada pode fazer.
            Se faz urgente “exortar (não apenas) os ricos deste mundo (mas também aqueles que não têm condições mínimas de viver adequadamente para sustentar a si próprio) a que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza (ou bens materiais ou políticos), mas em Deus, que tudo [...] proporciona (tanto aos ricos como aos pobres) ricamente para o seu prazer” (1Tm 6.17).
            Tanto aqueles que perderam, quanto os que não perderam algum bem durante os dias de chuva, o melhor a fazer é “[...] pôr a sua confiança em Deus e não se esquecer dos feitos de Deus [...]” (Sl 78.7) no passado.
            Abrigados e desabrigados, “[...] cantem de alegria, porque o SENHOR consola o seu povo e se compadece dos seus aflitos” (Is 49.13).
            Deus, atenda o clamor do seu povo em favor dos desabrigados!
Rev. Salvador P. Santana

Nenhum comentário:

Postar um comentário