O
PACTO E OS SACRAMENTOS, Gn.15.1, 9, 10, 15, 17, 18.
Introd.: Sacramento é uma santa
ordenança instituída por Cristo, na qual, mediante sinais perceptíveis, a graça
de Deus em Cristo e os benefícios da aliança da graça são representados,
selados e aplicados aos crentes, e estes, por sua vez, expressam sua fé e sua
fidelidade a Deus – Louis Berkhof – Teologia Sistemática – 622.
O pacto de
Deus com o homem é a garantia de cuidado eterno e certeza de um relacionamento
íntimo com o Senhor.
Em toda a
Bíblia encontra-se a ênfase constante da realidade da promessa da presença do
Senhor Deus da aliança com o seu povo.
O livro de
Jeremias declara que “[...] Deus será o nosso Deus, e nós seremos o seu
povo [...]”, Jr.7.23.
Como
expressão dessa realidade podemos observar que o Senhor Deus estabeleceu uma
relação pactual com vários indivíduos no decorrer da história:
Com Noé,
Deus “[...]
estabeleceu a sua aliança; entrarás na arca, tu e teus filhos, e tua mulher, e
as mulheres de teus filhos”, Gn.6.18;
“[...] O
SENHOR fez aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde
o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”, Gn.15.18;
Deus “fez aliança
com o seu escolhido e jurou a Davi, meu servo”, Sl.89.3.
Os profetas
de Israel “[...] disseram (que) o SENHOR viria, em que firmaria nova
aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá”, Jr.31.31.
O pacto deve
ser compreendido como um instrumento de redenção e garantia da vida em sua
plenitude, conforme firmada por Deus, que se caracteriza como um relacionamento
de amor que se expressa por meio dos sacramentos: batismo e Ceia do
Senhor.
1 – Conceito e características do pacto.
A – Conceito
de pacto.
Palmer
Robertson: “Aliança é um pacto de sangue soberanamente administrado. Quando
Deus entra em relação de aliança com os homens, ele de maneira soberana institui
um pacto de vida e morte. A aliança é um pacto de sangue, ou um pacto de vida e
morte, soberanamente administrado” – O Cristo dos pactos, ECC.
O Senhor Deus
é quem determina os limites e responsabilidades concernentes à aliança com o
homem.
Não há
barganhas com Deus porque a aliança é divinamente administrada em todos os seus
termos.
B –
Características do pacto.
A primeira característica
do pacto é que ele deve ser compreendido como algo que liga pessoas, Deus e/ou
o homem, em um relacionamento pautado por um laço inviolável, um compromisso
inseparável entre as partes que se comprometem uma com a outra.
No A.T.
Abimeleque, rei dos Filisteus e Abraão, fizeram um acordo verbalizado e “[...] juraram
[...] por Deus que [...] não mentiriam [...]”, Gn.21.23 um ao outro e muito menos a seus filhos a
respeito de um poço de água.
O próprio “[...] SENHOR
(se comprometeu a) levar (o seu povo) à terra a qual jurou dar a Abraão, a
Isaque e a Jacó [...] dando-lhes como possessão [...]”, Ex.6.8.
“[...] O
povo (de Deus fez um pacto) respondendo [...] (que) tudo o que o SENHOR falou
faremos. E Moisés relatou ao SENHOR as palavras do povo”, Ex.19.8.
Deus é quem “passa [...]
por junto de nós, vê-nos [...] estende sobre nós as abas do seu manto e cobre a
nossa nudez; dá-nos juramento e entra em aliança conosco, diz o SENHOR Deus; e
passamos a ser (de) Deus [...]”, Ez.16.8.
É por meio
da palavra que o Senhor estabelece sua aliança com o homem.
O
relacionamento de Deus com o homem é um relacionamento graciosamente amoroso.
A segunda
característica do pacto e que se trata de um pacto de sangue, ou seja, um pacto
de vida ou morte.
Quando, no
A.T., fala-se em fazer uma aliança, a expressão significa literalmente cortar
uma aliança.
Em Gênesis
15, animais são cortados por Abraão em uma cerimônia dramática, assim, “a
divisão do animal simboliza um ‘penhor de morte’, no momento do compromisso da
aliança.
Abraão havia
reclamado com Deus de que ele não tinha filhos, portanto, não havia descendente
para possuir a herança que o Senhor lhe prometera.
A “resposta
(de Deus era para Abraão) tomar uma novilha, uma cabra e um cordeiro, cada qual
de três anos, uma rola e um pombinho”, Gn.15.9.
“Abraão, tomando todos estes animais, partiu-os (representa
a maldição que o autor, Deus, do pacto invoca sobre si mesmo, caso viole o
compromisso) pelo meio e lhes pôs em ordem as metades, umas defronte das
outras; e não partiu as aves”, Gn.15.10.
As
Escrituras falam do relacionamento pactual com o Senhor como um pacto de sangue
ou um pacto de vida ou morte, pois exige um compromisso vital por parte do
homem, em obediência à aliança firmada.
Nas
Escrituras, o sangue representa vida, em havendo quebra da aliança, “[...] sem
derramamento de sangue, não há remissão”, Hb.9.22.
É a partir
desse conceito que devemos compreender a morte de Cristo como um sacrifício
substitutivo, pois Cristo morreu para substituir aquele que quebrou a aliança,
e, portanto, “[...] por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a
morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”, Rm.5.12.
Trata-se de
um pacto soberanamente administrado pelo Senhor Deus da aliança.
O Deus
soberano vem até o homem, miserável e pecador, para estabelecer com ele um
relacionamento de amor divinamente administrado e determinado unilateralmente,
conforme conselho de sua grandiosa vontade.
Perceba quem
finaliza o sacrifício é o próprio Deus, pois “[...] sucedeu que, posto o
sol, houve densas trevas (enviadas por Deus); e eis um fogareiro fumegante e
uma tocha de fogo (enviada por Deus) que passou entre aqueles pedaços”, Gn.15.17.
Cristo é o
cumprimento da aliança.
2 – Símbolos do pacto.
Em toda as
Escrituras o Senhor Deus faz uso de símbolos do pacto para nos comunicar
verdades eternas.
O batismo e
a Ceia do Senhor são sinais que comunicam a unidade existente entre Cristo e a
igreja.
Sinais que possuem sua base fundante
no A.T.
Devemos
lembrar enfaticamente que o sinal somente possuiu valor quando seu sentido está
comprometido com aquele que o sustenta, neste caso o próprio Deus é a garantia
das relações simbolizadas.
Os sinais da
aliança apontam a concretude do compromisso do Senhor Deus em estar em um
relacionamento íntimo com o seu povo.
A – Ceia
do Senhor.
Foi “[...] o
SENHOR (que apareceu) a Abrão (para entrar em aliança com ele) dizendo: Sai da
tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te
mostrarei”, Gn.12.1.
O tempo
passou e, aparentemente, a promessa tardava a ser cumprida aos olhos de Abraão.
Nenhuma
terra havia sido recebida, nenhum filho nascera.
“Depois
destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa visão, e disse:
Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande”, Gn.15.1.
“Naquele
mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta
terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”, Gn.15.18.
A garantia
do cumprimento da promessa fora dada pelo Senhor a Abraão quando o próprio Deus
“[...]
passou entre aqueles pedaços”, Gn.15.17.
Do mesmo
modo que os animais foram cortados, Deus também seria cortado se falhasse em
cumprir as promessas.
O Senhor assumiu as obrigações no
cumprimento de ambas as partes da aliança, dando garantia total de sua
realização.
A Ceia do
Senhor aponta o cumprimento da promessa de vida eterna.
Assim como o
pacto, também a Ceia do Senhor se caracteriza pela vida pela morte.
É a morte de
Cristo, simbolizada pelo pão e pelo cálice, que garante a vida eterna ao
eleito.
Deus toma
para si a responsabilidade do cumprimento de ambas as partes da aliança.
No sinal
encontramos um selo de libertação, a comunhão com Deus e a garantia de vida
eterna em Cristo Jesus.
B –
Batismo.
Abraão
procura resolver o cumprimento da promessa de uma descendência quando aceita de
“[...]
Sarai [...] (que) não lhe dava filhos [...] (possuir a) serva egípcia [...]
Agar [...] e assim se edificaram com filhos por meio dela. E Abrão (85 anos) anuiu
ao conselho de Sarai”,
Gn.16.1, 2.
O pai da fé,
não esperou a provisão do Senhor em cumprir a sua promessa, 25 anos, Gn.12.5;
13.16, evidenciando assim a necessidade do estabelecimento de um sinal
duradouro.
Aos 99 anos
o Senhor fez uma “[...] aliança (com Abraão de que) [...] seria pai de
numerosas nações”,
Gn.17.4.
“[...] A [...]
aliança, que (devia) guardar entre Deus e Abraão e a sua descendência: todo
macho entre eles seria circuncidado”, Gn.17.10.
Desde o
início, a aplicação do selo da aliança nas crianças as compromete à fidelidade
em manter os votos pelos quais elas são obrigadas na aliança – Robertson.
O sinal comunicava a toda a
humanidade a necessidade de purificação, a santidade indispensável para ser
consagrada ao Senhor.
A
circuncisão apresentava um testemunho de pertencimento do indivíduo à família
da aliança e apontava o recebimento certo da promessa de vida.
Esses mesmos
princípios se aplicam ao batismo na nova aliança – Robertson.
A cerimônia
sempre sela uma pessoa na membresia da comunidade organizada da aliança, a
igreja.
Para os
eleitos de Deus, ele também os sela na possessão final da realidade associadas
à consagração a Deus, incluído a purificação e o perdão de pecados.
3 – Sobre o sacramento.
Sacramento –
latina – foi utilizada pela primeira vez na história da igreja por Tertuliano,
2º século d.C., na Vulgata latina, para traduzir a palavra “[...]
mistério (gr) [...]”,
Ef.5.32; 1Tm.3.16; Ap.1.20; 17.7.
Segundo as
Escrituras, encontramos dois sacramentos: o batismo e a Ceia do Senhor.
Os
sacramentos são considerados expressões de fé e de obediência a Deus e nos
comunicam a morte e a ressurreição de Cristo, bem como a nossa participação nos
benefícios da redenção em Cristo.
Eles são uma
mensagem visível do evangelho quando Cristo ordenou que os “[...]
discípulos [...] (sejam) batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo”, Mt.28.19.
Veja que
após o “[...]
arrependimento [...] cada um [...] (deve) ser batizado [...] para remissão dos [...]
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”, At.2.38.
Perceba que todo crente é “[...] sepultado com Jesus na
morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos
pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida”, Rm.6.4.
Na Santa
Ceia, quando Jesus “[...] dar graças [...] parte (o pão, ele) [...] disse:
Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por
semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este
cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o
beberdes, em memória de mim”, 1Co.11.24, 25.
João Calvino
define o sacramento como: “o sinal externo mediante o qual o Senhor nos sela à
consciência as promessas de sua benevolência para conosco, a fim de
sustentar-nos a fraqueza da fé; e nós, de nossa parte, atestamos nossa piedade
para com ele, tanto diante dele e dos anjos, quanto junto aos homens. É
possível defini-lo, inclusive de forma mais sintética, de outra maneira: que
sacramento é o testemunho da traça divina para conosco, confirmado por um sinal
externo, com mútua testificação (prova) de nossa piedade para com ele” – As
Institutas, ECC.
Conclusão: O pacto que o Senhor Deus
firmou com o homem é um pacto de vida, portanto, é a garantia de cuidado eterno
e certeza de relacionamento íntimo com ele.
Os
sacramentos representam esse cuidado gracioso do Senhor para conosco, pois nos
comunicam a realidade da redenção que recebemos por meio da morte sacrificial
de Cristo Jesus, nosso Senhor, bem como a certeza da vida em sua plenitude
desde o tempo presente, vida que se estenderá até a eternidade pelos séculos
sem fim para todo o sempre.
Aplicação: Que segurança você encontra
no pacto de Deus feito com você?
Como a
compreensão de que os sacramentos são símbolos do pacto afetam sua vida?
Adaptado pelo Rev. Salvador P.
Santana para E.D. – O batismo e a Ceia do Senhor – Palavra Viva –
Rev. Christian Brially Tavares de Medeiros – ECC.
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