A
PARTICIPAÇÃO NA CEIA DO SENHOR
– Privilégios e responsabilidades – 2, 1Co.11.17-34.
Introd.: Na lição anterior vimos:
1 – A Santa Ceia foi instituída por
Cristo;
2 – Participar da Ceia é um desejo
natural dos crentes em Cristo;
3 – Na Ceia recordamos com gratidão
a obra sacrificial de Cristo em favor do seu povo;
4 – Evidenciamos como igreja a
eficácia da obra de Cristo;
5 – Cristo está presente
espiritualmente na Ceia nos comunicando as bênçãos adquiridas por ele mesmo em
favor de sua igreja;
6 – Fundamentados na promessa do
Senhor, testemunhamos a nossa esperança no regresso vitorioso de Cristo.
1
– Confiança exclusiva em Cristo.
Ninguém pode participar da Ceia de
forma “digna” se depender exclusivamente dos seus merecimentos.
Paulo, escrevendo aos Coríntios,
disse que “nisto (instruções a respeito da Ceia), porém, que [...] prescreve
(à igreja), não (os) [...] louva (aprova), porquanto eles (se) ajuntavam não
para melhor, e sim para pior”, 1Co.11.17.
A respeito de que “[...] eles
(se) ajuntavam não para melhor, e sim para pior”, 1Co.11.17,
Paulo explica “porque, antes de tudo, estava informado haver
divisões (discórdia) entre eles [...]”, 1Co.11.18.
Essa “[...] divisão entre eles
(acontecia) quando eles reuniam na igreja (não para louvar, adorar, orar, mas
brigarem entre eles mesmos – mau testemunho) [...]”,
1Co.11.18.
Perceba que “[...] Paulo,
em parte, creu (porque já havia contendas, 1Co.1.10; falta de espiritualidade,
1Co.3.3; imoralidade, 1Co.5.1 dentro da igreja)”, 1Co.11.18.
Segundo Paulo, era preciso haver
discórdia, “porque até mesmo importava que houvesse partidos entre eles,
(finalidade:) para que também os aprovados se tornassem conhecidos em (seu)
[...] meio (a fim de que todos soubessem quem eram os insubordinados entre os
fiéis)”,
1Co.11.19.
Ao participar da Ceia Deus nos
desafia a confessar a nossa dependência total e exclusiva a Ele.
“Por isso, (de Paulo dizer:) aquele
que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu (sujeito a
julgamento) do corpo e do sangue do Senhor.”, 1Co.11.27.
A instrução é para “examinar-se
(o pecado deve ser confessado), pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do
pão, e beba do cálice (sem culpa)”, 1Co.11.28.
Veja “pois quem come e bebe sem
discernir (ou reconhecer que é) o corpo (de Jesus), come e bebe juízo (neste
mundo e no porvir) para si”, 1Co.11.29.
É por este motivo que a nossa
dignidade provém não de nossa “santidade” pessoal, mas sim de sermos “[...]
santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”,
Hb.10.10.
“[...] Cristo Jesus [...] se nos
tornou, da parte de Deus [...] (a nossa) justiça, e santificação, e redenção”,
1Co.1.30 para podermos participar da Santa Ceia.
Na Ceia encontramos o conforto de
que pertencemos ao Senhor.
Catecismo de Heidelberg (1563) –
Qual é seu único conforto na vida e na morte? Não pertenço a mim mesmo, mas a
meu fiel Salvador, Jesus Cristo, que, com o seu sangue, pagou totalmente por
todos os meus pecados e me libertou completamente do poder do diabo.
2
– Manifestação de nossa união.
A exortação é para que [...] irmãos [...]
quando (se) [...] reunirem para comer, (devem) esperar uns pelos outros”,
1Co.11.33.
Na Ceia, todos nós cremos em Cristo,
revelamos a nossa irmandade.
A Santa Ceia destrói barreiras sociais,
culturais, raciais, política e econômicas.
Todos estão unidos na mesma fé
porque são “[...] irmãos [...] reunidos [...]”, 1Co.11.33 para
“[...]
todas as vezes [...] comer [...] (o) pão e beber o cálice, anunciando a morte
do Senhor, até que ele venha”, 1Co.11.26.
Essa ação de “[...] comer
[...] e beber [...]”, 1Co.11.26 simboliza o sacrifício de
Cristo por nós pelo motivo do “[...] Filho de Deus, [...] me amar e a si mesmo
se entregar por mim”, Gl.2.20.
Paulo fala que, “[...]
embora (sendo) muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos
participamos do único pão”, 1Co.10.17.
A nossa união é confirmada porque “[...] em um
só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo [...] e a todos nós foi dado
beber de um só Espírito”, 1Co.12.13.
Calvino, comentando sobre aquele que
se ausenta da Ceia, perdendo o privilégio de participar da mesma, conclui:
“porque ao fazê-lo se priva da comunhão da igreja, na qual reside todo nosso
bem”.
3
– Imperativo à santidade.
Jesus instituiu a Ceia “[...] na (mesma)
noite em que foi traído, (Ele) tomou o pão”, 1Co.11.23.
Paulo, instruindo aos crentes de
Corinto, fala que “[...] ele recebeu (instrução) do Senhor o que também
[...] entregou (aos crentes coríntios) [...]”, 1Co.11.23.
Alguns dizem que Judas não
participou da Ceia, mas “durante a ceia [...] o diabo pôs no coração de Judas
Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus”, Jo.13.2.
E, enquanto participavam, “[...] após
o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes
fazer, faze-o depressa”, Jo.13.27.
Participar da Ceia, “[...] comer
o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue
do Senhor”, 1Co.11.27.
“[...] Indignamente [...]”,
1Co.11.27 é trair Jesus, como Judas fez, desconsiderando o seu sacrifício
remidor.
O texto de Paulo nos intima a um
exame criterioso de nossa vida e não do irmão:
“[...] Aquele que comer o pão ou
beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu (condenado) do corpo e do
sangue do Senhor”, 1Co.11.27;
A atitude de cada um é “examinar-se,
pois, o homem a si mesmo (e não o outro), e, assim, coma do pão, e beba do
cálice;”,
1Co.11.28;
Cada um de nós precisa saber que, “[...] quem
come e bebe sem discernir (ou reconhecer que é) o corpo (de Jesus), come e bebe
juízo (condenação) para si”, 1Co.11.29.
Não podemos participar da Ceia de
forma desleixada, é preciso ter em vista o seu alto valor, considerando-a uma
Ceia santa, distinta de todas as outras.
Leon Morris – Todos têm que
participar “[...] indignamente [...]”, 1Co.11.27, pois
ninguém jamais pode ser digno da bondade de Cristo para conosco.
Calvino – “A fé, ainda que
imperfeita, transforma o indigno em digno”.
4
– Alimentamo-nos de Cristo.
A igreja está indissoluvelmente
unida a Cristo.
Essa união implica nos alimentarmos –
simbólica e sacramentalmene – do seu corpo, “[...] a carne [...] e do seu
sangue, não temos vida em nós mesmos”, Jo.6.53.
Todo crente tem que “[...] comer
a [...] carne e beber o [...] sangue (de Jesus) tem a vida eterna, e Jesus o
ressuscitará no último dia”, Jo.6.54.
Assim como o pão e o vinho alimentam
a nossa carne, o corpo e o sangue de Cristo, representados nos elementos da
Ceia, nos alimentam espiritualmente.
A nossa participação na Ceia aponta nossa
imperfeição e, ao mesmo tempo, nosso desejo de nos alimentarmos de Cristo.
Na Ceia denunciamos que somos
pecadores e, ao mesmo tempo proclamamos o desejo e a esperança de não
permanecermos no pecado.
5
– A eficácia da Ceia do Senhor.
Algumas considerações:
A – A eficácia da Ceia não
depende de quem a administra.
Os benefícios espirituais da Ceia
não estão restritos à fidelidade daqueles que a ministram.
Deus pode abençoar-nos até mesmo por
intermédio de um falso servo seu; Ele faz se assim o quiser.
A eficácia da Ceia depende da ação abençoadora
de Deus.
O Espírito é o auto da comunicação
dessas bênçãos, não o homem.
B – A eficácia reside no
Espírito, não nos elementos da Ceia.
Os elementos da Ceia permanecem o
que são, pão e vinho; não sofrem nenhuma transformação metafísica.
“A relação entre o pão e o vinho, e
o corpo e o sangue, são puramente morais ou representativos” – Hodge.
Calvino – “Deus usa o sinal como
instrumento. Não que o poder de Deus esteja encarcerado no sinal, mas ele no-lo
distribui por meio destes expedientes, em virtude da fragilidade de nossa
capacidade”.
A Ceia é ineficaz sem o Espírito.
C – É necessário a fé daqueles
que recebem os elementos.
Aqueles que creem em Cristo e
participam condignamente da Ceia usufruem dos benefícios que o Espírito nos
comunica.
Os incrédulos podem receber os
sinais externos visualmente e alimentar-se deles (pão e vinho), mas não recebem
a graça interna simbolizadas por eles.
Recebem o sacramento, mas não o
Cristo que dá sentido ao mesmo.
A Ceia não é um meio indiscriminado
de graça; ela é para o povo eleito de Deus que participa condignamente desse
sacramento.
Conclusão:
Privilégios e responsabilidades ao
participar da Ceia do Senhor:
“Quando [...] nos reunis no mesmo
lugar [...] (reunimos para) comer a ceia do Senhor (para nos alimentar
espiritualmente) [...]”, 1Co.11.20.
Na Ceia não podemos “[...] comer,
cada um tomar, antecipadamente, a sua própria ceia (deve ser em comunhão, na igreja
a fim de que não) [...] haja quem tenha fome (da comida espiritual e não é
lugar para) [...] se embriagar (do vinho, mas embriagar-se do Espírito)”,
1Co.11.21.
Por este motivo Paulo pergunta: “Não tendes,
porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e
envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente,
não vos louvo”, 1Co.11.22.
É na igreja, em comunhão que podemos
“[...]
dar graças [...] partir (o pão) e dizer: Isto é o meu corpo, que é dado por
vós; fazei isto em memória de mim (sofrimento)”, 1Co.11.24.
“[...] Depois de haver ceado, tomamos
também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei
isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim (sofrimento)”,
1Co.11.25.
Mas, pode acontecer de “[...] haver
entre nós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem (como Judas
Iscariotes)”, 1Co.11.30.
Por este motivo é interessante “[...] nos
julgar a nós mesmos, (para) não sermos julgados (pelo próprio Deus)”,
1Co.11.31.
“Mas, quando julgamos (a nós mesmos),
somos disciplinados (ensinados) pelo Senhor, para não sermos condenados com o
mundo (que não têm Cristo como Senhor)”, 1Co.11.32.
Paulo encerra dizendo que, “se alguém
tem fome (física), coma em casa, a fim de não nos reunirmos para juízo. Quanto
às demais coisas, (o próprio Deus) [...] ordenará quando (eu e você) (chegarmos
na mansão Eterna) [...]”, 1Co.11.34.
Aplicação: A participação da Ceia fala sobre o
compromisso voluntário de nos dedicar inteiramente ao serviço do Senhor.
Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para E.D. – O batismo e a Ceia do Senhor –
Palavra Viva – Rev. Hermister Maia Pereira da Costa – ECC.
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