NO ENCALÇO
Em um lindo jardim havia uma bela
rosa, e olha que ela se achava; ficava sempre erguida, toda se mostrando.
De fato, ela era muito bonita e
cheirosa, mas todos que passavam olhavam desconfiados, distantes e ninguém
parava para sentir o seu perfume e nem observar de perto a sua beleza.
Pobre rosa! Espera aí! Nada de
pobreza; somente riqueza. As demais ao redor, nem tão belas quanto; eram
acariciadas, apreciadas, fotografadas, sentidas, arrancadas para embelezar
diversos jarros.
Intrigada com o menosprezo dos
transeuntes, resolveu olhar para baixo, pois havia muito tempo que não se
encurvava para apreciar o seu caule, o sustento da sua raiz.
Para sua surpresa, notou que havia
um grande sapo bem à vontade sobre seus pés. Aborrecida, exigiu: – saia
imediatamente de perto de mim, pois por sua culpa ninguém aprecia a minha
beleza. Sem nenhuma resposta, o sapo saiu mais que depressa.
Tempos depois, o sapo passou por
perto da admirável rosa e notou que as suas pétalas, de tão bonitas que eram,
estavam murchando e caindo. Suas folhas arrancadas, seu caule envelhecido.
Acabou toda aquela beleza.
Curioso, o sapo se aproximou
perguntando o que havia acontecido. A rosa respondeu: – eu não sei. Depois que
expulsei você do meu pé, a vida não teve mais brilho. As pétalas começaram a
cair devido a um grande formigueiro que a atacava todas as noites.
Não tive condições nem mesmo de
atrair os olhares distantes. Então o sapo lhe disse: – você sabe por que as
formigas não lhe incomodavam quando eu estava junto a você? Eu as saboreava,
impedindo que elas lhe machucassem.
A todo custo, muitas pessoas se
acham como a rosa mais linda das redondezas. Chama atenção para si, mas devido
a sua arrogância, autoridade, olhar altivo, o ato de menosprezar os mais
infelizes, o ser sabichão, acaba sendo olhado de longe pelos demais.
Os amigos, parentes e vizinhos se
afastam, não desejam nenhuma aproximação. Talvez, devido os seus espinhos
ferozes, já tenha machucado a muitos, daí essa rosa fica como que única no
jardim, sem cheiro, sem cor, sem vida, sem qualquer companhia.
Outros são como o sapo que fica
grudado ao pé da roseira com uma única finalidade; expulsar aquele que a
prejudica. Mas, em um certo momento, você que é uma linda flor, abaixa a
cabeça, não com o desejo de se humilhar, mas para desprezar, abater aquele que
está logo mais abaixo e o expulsa.
Sem perceber, você começa a
definhar, desaparece a beleza que havia e é possível que venha a dizer mais
tarde tal como “[...] o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por
brincadeira” (Pv 26.19).
É cabível tanto para quem é
autossuficiente, quanto para o menosprezado não se vangloriar, mesmo “porque
não é aprovado quem a si mesmo se louva, e sim aquele a quem o Senhor louva”
(2Co 10.18).
Ninguém neste mundo está autorizado
a pensar que tudo quanto sucede provém da sua própria mão, ou que a sua beleza se
deve somente a si mesmo. É o próprio Deus que coloca os sapos aos pés da rosa.
Parte da vontade de Deus enviar
formigas para destruir uma plantação, até mesmo eucaliptos. Não se engane, até
mesmo os “[...] pardais [...] caem em terra (somente após) [...] o
consentimento do [...] Pai” (Mt 10.29) celeste.
Não é à toa que “[...] Deus sabe o seu
caminho; se ele [...] prova (você), (você) sairá [...] como o ouro” (Jó 23.10)
“[...] aprovado [...] (diante de) Deus [...]” (2Tm 2.15).
É por este motivo que “[...] o fogo
ardente que surge no meio (ou na vida de todos os homens é) [...] destinado (apenas
para) provar (o homem de Deus) [...]” (1Pe 4.12), para tão logo “[...] ser
aprovado [...] (para) receber a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que
o amam” (Tg 1.12).
Aquela pessoa chata, birrenta,
intrigante colocada no seu encalço; aceite-a, foi o próprio Deus que a preparou,
pois é somente “[...] o SENHOR [...] que faz todas as coisas [...]” (Is 44.24).
Entre outras coisas, essa pessoa que
você às vezes detesta serve para cuidar de você, livrá-lo de algum perigo
maior, defendê-lo de alguma armadilha, mostrar que você de alguma forma precisa
da presença de pessoas rixosas para saber que você não é tão suficiente como
pensa que é.
Convide-o para ficar mais perto de
você!
Rev. Salvador P.
Santana
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