A IGREJA SECULARIZADA, Jz.2.6-3.6.
Introd.: A secularização é identificado como
“amor ao mundo”.
É por este
motivo que “não (devemos)
amar o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do
Pai não está nele”, 1Jo.2.15.
A
secularização é uma questão mais abrangente do que muitos cristãos enxergam.
Há muitos
que definem mundanismo como um conjunto de atividades que se pratica fora da
igreja – jogos, danças e artes.
Mundanismo
não é composto apenas de certas atividades culturais, mas principalmente da
corrupção delas.
Não
podemos ter uma visão fragmentada da ética, que divide a vida em praticar
coisas ruins ou coisas boas – sagrado e secular.
Albert
Wolters escreve: “Essa divisão em compartimento é um grande erro, pois sugere
que não há ‘mundanismo’ na igreja, por exemplo, e que não há santidade na
política ou, digamos, no jornalismo” – A criação restaurada – Cultura Cristã.
Wolters
está advertindo contra o pensamento de que uma igreja secularizada é aquela
composta de pessoas que praticam muitas coisas ‘mundanas’ fora da igreja. Esta
é uma visão míope do processo de secularização, que não o enxerga acontecendo
na própria igreja.
Precisamos
redefinir mundanismo para enxergar o quanto ele adentra nossas igrejas.
A
secularização também acontece enquanto praticamos atividades consideradas
religiosas – culto, cânticos, planejamento para a igreja.
Isso
significa que a secularização é um problema dentro da igreja.
É por este
motivo que existe [...]
I – Uma falsa dicotomia.
Dicotomia é a divisão de um elemento em
duas partes, em geral contrárias, como a noite e o dia, o bem e
o mal, o preto e o branco, o céu e o inferno.
Diante
das ameaças de tornarem-se mundanas, algumas igrejas evangélicas no Brasil têm
procurado se distanciar de atividades ou entretenimentos ‘seculares’, criando
substitutos com o rótulo ‘gospel’: em vez de deixar o jovem cristão participar
de festas mundanas, cria-se festas semelhantes:
‘Funk
evangélico’; assistir filmes evangélicos; a ouvir rádios evangélicas;
adolescentes são direcionados ao grupo de ‘skatistas de Cristo’; as senhoras
criam ‘crochê de Jesus’; ‘loja feminina gospel’; receitas cristãs.
Isso
nada mais é do que separatismo.
O
argumento do separatismo é a promoção da santidade, e o argumento contra é a
falta de engajamento com o mundo. Essa é uma discussão antiga no cristianismo.
O
separatismo e o mundanismo são polos opostos no que tangue ao relacionamento do
cristão com a cultura.
Albert fala que “é bem possível ser totalmente corrompido
pelo mundanismo até mesmo quando estamos enfurnados no gueto cristão. Nossa
música, literatura, escolas, rádio, televisão e igrejas cristãs podem se tornar
portadoras do vírus do mundanismo, sem que tenhamos de nos incomodar com o
mundo”.
É possível
ser separatista e ao mesmo tempo, mundano.
Quando
alguém compra um apartamento ou abre uma loja e busca-se ‘consagrá-lo, pode ser
uma secularização.
O culto
por si só, não torna o lugar santificado ou dedicado a Deus.
É a
santidade contínua na vida do lar, ou nos negócios, que torna o ambiente do
apartamento, e da loja, santos, isto é “porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a
esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, os [...]
filhos seriam impuros; porém, agora, são santos”,
1Co.7.14.
Devemos
saber que o [...]
II – Secularismo é um problema antigo.
O livro de
Juízes mostra como o secularismo foi trazido para dentro do povo de Deus.
Após os
Israelitas entrarem para a terra de Canaã, “[...] Josué despediu o povo, foram-se os filhos de
Israel, cada um à sua herança (dividida), para possuírem a terra”, Jz.2.6.
“O povo (de Deus muitas vezes
precisa ser empurrado para) servir ao SENHOR (isto aconteceu com o povo de Israel)
todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que ainda sobreviveram por
muito tempo depois de Josué e que viram todas as grandes obras feitas pelo
SENHOR a Israel”, Jz.2.7.
Após o “falecimento (de) Josué, filho de
Num, servo do SENHOR, com a idade de cento e dez anos; sepultaram-no no limite
da sua herança, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, ao norte do
monte Gaás”, Jz.2.8,9 – faltando um líder,
falta direção.
Na falta
de alguns pais que conduzem seus filhos aos caminhos do Senhor, muitos deles abandonam
a Deus.
Talvez
pode ficar ainda alguns que ainda temem a Deus, como foi o caso de alguns
anciãos de Israel, mas eles “também foram congregados a seus pais toda aquela geração; e outra
geração após eles se levantou, que não conhecia (morre espiritualmente) o
SENHOR, nem tampouco as obras que fizera a Israel”, Jz.2.10.
Nesta
época Israel ficou sem um líder por cerca de 300 anos.
A falta de
um líder e o desprezo pelo conhecimento de Deus foi motivo para levar “[...] os filhos de Israel (reincidirem
no pecado) fazendo o que era mau (maligno) perante o SENHOR; pois serviram aos
baalins (deus da fertilidade)”, Jz.2.11.
A situação
se torna perigosa, pois quando o homem se propõe a “[...] deixar o SENHOR (a sua
atitude é) [...] servir a Baal (deus da fertilidade) e a Astarote (deusa da
fertilidade e da guerra que envolvia a imoralidade sexual – foge as regras da
conduta. No tempo de Jeremias era conhecida como a rainha dos céus, Jr.7.18)”, Jz.2.13.
Mas, “sucedia, porém, que, falecendo o
juiz (pois os livrará apenas politicamente, e não espiritualmente), reincidiam
e se tornavam piores do que seus pais, seguindo após outros deuses, servindo-os
e adorando-os eles; nada deixavam das suas obras, nem da obstinação (birra) dos
seus caminhos”, Jz.2.19.
Israel
havia acomodado os cananeus entre eles, ao sujeitá-los a trabalhos forçados, e
depois a maneira como eles negaram sua fé ao servir outros deuses.
Por causa
dessa rebeldia, os filhos de Israel “deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do
Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao
redor deles, e os adoraram (inclinar-se), e provocaram o SENHOR à ira”, Jz.2.12.
O
resultado é “[...] a
ira do SENHOR se acendendo contra Israel (a ponto de) e os dá na mão dos
espoliadores (tirar alguma coisa, roubo, engano), que os pilharam (saque); e os
entregou na mão dos seus inimigos ao redor; e não mais puderam resistir a eles”, Jz.2.14.
Como está
a sua vida espiritual?
Apesar de
muitos não acreditarem que Deus pode punir, a verdade é que, “por onde quer que saia (o povo de
Deus), a mão do SENHOR (é) [...] contra eles para seu mal (o que é moralmente
errado e o que não está de acordo com a ordem divina), como o SENHOR lhes
dissera e jurara; e estavam em grande aperto”,
Jz.2.15.
Muitos
dizem que o aperto que passam é por acaso que acontece.
Ora, foi o
próprio “SENHOR
(que) suscitou juízes, que os livraram da mão dos que os pilharam (roubo,
saque)”, Jz.2.16.
Mesmo
passando por dificuldades, “contudo, não obedeceram aos seus juízes (que os livraram apenas
politicamente e não espiritualmente); antes, se prostituíram após outros deuses
e os adoraram. Depressa se desviaram do caminho por onde andaram seus pais na
obediência dos mandamentos do SENHOR; e não fizeram como eles”, Jz.2.17.
Assim com naquela
época, hoje, alguns, só buscam a Deus “quando o SENHOR lhes suscita juízes (libertá-los através da oração),
o SENHOR era com o juiz e os livrava da mão dos seus inimigos, todos os dias
daquele juiz; porquanto o SENHOR se compadecia deles ante os seus gemidos, por
causa dos que os apertavam e oprimiam”,
Jz.2.18.
Então, só
restava “[...] a ira
do SENHOR se acender contra Israel; e dizer: Porquanto este povo transgrediu (irritar,
desobedecer) a minha aliança que eu ordenara a seus pais e não deu ouvidos à
minha voz”, Jz.2.20.
Deus não
apenas se irou, mas “também
Deus não expulsou mais de diante (do seu povo) [...] nenhuma das nações (que os
subjulgava) que Josué deixou quando morreu”,
Jz.2.21.
Deus permitiu
Israel experimentar o secularismo ou o sincretismo – fusão de diferentes cultos
e doutrinas para formar uma nova – o Senhor agiu desta forma “para, por elas (através das nações
e seus deuses), pôr Israel à prova, se guardará ou não o caminho do SENHOR, como
seus pais o guardaram”, Jz.2.22.
É por este
motivo que “[...] o
SENHOR (até nossos dias) deixa ficar aquelas nações (deuses) e não as expulsa
logo, nem as entrega na mão de [...] (seu povo para ser destruído)”, Jz.2.23.
O
vício nos pecados entre o povo de Deus aconteceu porque “[...] as nações (e seus deuses) que
o SENHOR deixou para, por elas, provar a Israel, isto é, provar quantos em
Israel não sabiam de todas as guerras de Canaã”,
Jz.3.1 foram aumentando dia a dia e não se importaram com o Senhor.
O desejo
de Deus, quando deixa algo para nos provar, é “[...] tão-somente para que as gerações dos filhos de
Israel (nossos filhos) delas soubessem (para lhes ensinar a guerra contra todo
tipo de pecado), pelo menos as gerações que, dantes, não sabiam disso”, Jz.3.2.
O laço
para apanhar o povo de Deus foi terrível.
Ficaram na
terra de Israel “cinco
príncipes dos filisteus (dagom - peixe), e todos os cananeus (sacrifício
humano, prostituição religiosa feminina e masculina), e sidônios (astarote –
deusa da fertilidade), e [...] (outros vários deuses que subjulgaram a Israel)”, Jz.3.3.
Notar que
Deus faz a repetição para nos mostrar a gravidade do problema de servir a
outros deuses ao dizer que “estes ficaram para, por eles, o SENHOR pôr Israel à prova, para
saber se dariam ouvidos aos mandamentos que havia ordenado a seus pais por
intermédio de Moisés”, Jz.3.4.
O pior
acontecimento e que, ainda nos assombra é que, “habitando, pois, os filhos de Israel no meio dos
cananeus, dos heteus, e amorreus, e ferezeus, e heveus, e jebuseus (e muitos
outros deuses que encontramos no Brasil), tomaram de suas filhas para si por
mulheres e deram as suas próprias aos filhos deles; e rendiam culto a seus
deuses”, Jz.3.5,6 – casamento misto que ainda
acontece.
Salomão, “Sendo já velho, suas mulheres lhe
perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo
fiel para com o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai”, 1Rs.11.4.
E o seu
coração continua sendo fiel a Deus ou alguém o tem pervertido?
A igreja
secularizada fala de [...]
III – Mudança de cosmovisão.
Abraham
Kuyper foi um cristão holandês que se envolveu em várias áreas da sociedade:
educação, jornalismo política e teologia.
Quando fundou
uma universidade, criou um jornal, organizou um partido político, ele não
formou uma subcultura (ou gueto) ‘cristã’.
Ele criou
um segmento na cultura para expressar ideais cristãos em áreas não religiosas.
Mostrou
que é possível evitar a retirada pietista – experiência individual dos crentes –
da sociedade e se envolver em diferentes áreas da cultura sem se tornar
secularizado.
Trata-se
de ‘estar no mundo, mas não ser do mundo, em vez de criar uma igreja do mundo,
mas que não está no mundo’ – O cristão e a cultura, Horton, Cultura Cristã.
“A Reforma
Protestante não apenas buscou purificar a igreja e livrá-la dos erros
doutrinários, mas também buscou a restauração da integralidade da vida [...]
levaram o pecado mais a sério e não cometeram o engano de condenar as coisas
naturais como se fossem profanas; eles criam na restauração, na purificação e
na consagração do natural” – O conceito calvinista de cultura – Cultura Cristã.
Ao invés de
nos separarmos do que é secular, devemos santificar o secular, pois “[...] alguns de nós foi (profano,
rebelde, sem Cristo); mas nós nos lavamos, mas fomos santificados, mas fomos
justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”, 1Co.6.11.
A
igreja secularizada precisa aprender a [...]
Conclusão: Fazer a separação.
A
separação entre o que é profano e santo deve acontecer para nenhum de nós cair
no mesmo erro do povo de Israel que “tomou das [...] filhas (dos povos que não serviam a Deus) para si
por mulheres e deram as suas próprias aos filhos deles; e (por causa desse
sincretismo – fusão de várias doutrinas para formar uma) rendiam culto a seus
deuses”, Jz.3.6.
Em outro
texto Deus fala que, se por acaso isso acontecer, essa pessoa está “[...] se prostituindo com seus
deuses [...] (por este motivo) nem (se deve) contrair matrimônio com os filhos
dessas nações (que servem outros deuses) [...] pois elas fariam desviar seus
filhos de Deus, para que sirvam a outros deuses; e a ira do SENHOR se acenderá contra
vós outros e depressa vos destruirá”,
Ex.34.16; Dt.7.3,4.
Aplicação: De algum modo você tem se moldado a este mundo?
É
preciso abandonar toda prática que se oponha ao santo evangelho e, recuperar a
pureza da doutrina e da vida, que sempre teve uma influência transformadora no
mundo.
Adaptado
pelo Rev. Salvador P. Santana para ED – Nossa Fé – CCC – Rev. Heber
Carlos de Campos.
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