OLHE PARA FRENTE
O
automóvel foi uma das invenções mais bem sucedidas para facilitar a vida do
homem. É evidente que o primeiro automóvel não fora inventado em 1771 (Fardier
– três rodas, movido a vapor), pelo contrário, esse modelo descende do veículo
hipomóvel (veículo puxado a cavalo) que desde os primórdios quando “os carros
passavam furiosamente pelas ruas e se cruzavam velozmente pelas praças; parecendo
tochas, correndo como relâmpago” (Na 2.4 – 663-612 a.C.).
O
modelo mais antigo provavelmente seja aquele usado por José do Egito, quando
Faraó “[...] fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele:
Inclinai-vos! Desse modo, o constituiu sobre toda a terra do Egito” (Gn 41.43).
Hoje,
os modelos são bem mais sofisticados, e duas peças que chamam atenção são:
Retrovisores e para-brisas.
Com
os retrovisores, você olha para trás, para as coisas que ficaram, como o verso
das placas de sinalização, essas já não têm mais utilidades, não existe nenhuma
sinalização nelas. Os carros vagarosos, desaparecem a cada quilômetro rodado.
Os pedestres ficam minúsculos conforme a distância. As plantações perdem seu
brilho, o seu encanto.
Tudo
isso acontece porque o retrovisor não foi feito para ver nitidamente. Ele é de
curta visão, pequeno, e conforme o modelo, tem diferença entre retrovisor
interno e externo, direito e esquerdo, nítido ou opaco, enfim tudo quanto fica
para trás desaparece rapidamente.
Paulo,
escrevendo aos filipenses, fala que é preciso “[...] esquecer das coisas que
para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão” (Fp 3.13). Neste
aspecto, faz bem que todos, sem exceção, esqueçam os prazeres passados, as
dores sofridas, as amarguras da vida, o sonho desfeito, o amor perdido, as
farras, os golpes dados e sofridos, a perda de caráter.
“Sim,
(é) dever considerar tudo como perda, por causa da sublimidade (maior valor) do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perde-se todas as
coisas e as considera como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3.8).
Tudo
o que já passou no decurso da vida fica mais distante e apagado, em especial as
coisas más, porque as boas obras devem ser “pensadas (e) [...] trazidas à lembrança
os anos de passados tempos” (Sl 77.5) como uma forma de agradecer ao “[...]
SENHOR [...] as maravilhas que tens operado e também os teus desígnios para
conosco [...]” (Sl 40.5).
Agora,
veja bem, o para-brisa é amplo, tem maior visibilidade, e melhor cuidado quanto
a limpeza; limpo por dentro e por fora. Tudo isso tem um único objetivo: estar
atento ao que pode vir pela frente para que se faça o desvio ou pare
bruscamente.
É
através do para-brisa que você percebe a diferença que existe entre um menor,
retrovisor, e um maior, o para-brisa.
Através
do para-brisa, olhando para frente, as coisas avançam, crescem, ficam mais
vivas, as placas de sinalização têm sentido, os verdes das matas ficam mais
verdes, as pessoas, ainda que vistas de costas, tem sentido.
Comparando
com a vida espiritual do cristão, Deus o fez para olhar para frente, “[...]
para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp
3.14).
É
preciso que o servo de Deus aprenda a “olhar firmemente para o Autor e
Consumador da fé, Jesus [...]” (Hb 12.2), “[...] avançar para as (coisas) que
diante de mim estão” (Fp 3.13).
É
impossível nesta caminhada levar uma vida olhando para trás, para as derrotas,
desgraças, retroceder, desistir das coisas com muita facilidade. Sim, porque
todo aquele “[...] que, tendo posto a mão no arado, (se) olhar para trás (não)
é apto para o reino de Deus” (Lc 9.62).
É
bem verdade que o homem nunca pode ser comparado a um automóvel, mas todos
sabem que Deus jamais deseja homens que fiquem a olhar para trás, vendo que
tudo quanto passou na vida foi desperdiçado, pelo contrário, Deus procura
homens que ao olhar para frente enxerguem as maravilhas e as bênçãos que
poderão vir sobre a sua própria vida e de seus familiares.
Rev. Salvador P. Santana
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