SEJA UM PERITO
Dizem do homem irado, que sua principal característica é
usar um vocabulário vulgar, falar em voz alta e mostrar-se pronto para o
ataque. Pesquisas mostram que o modo correto de agir com tais pessoas é
tentando controlá-lo técnica e emocionalmente, então, o silêncio fará com que
ele se acalme; logo, nunca diga para ele se acalmar.
Outro, o enfermo, é vítima da vida. Ele se acha azarado.
As coisas ruins sempre ocorrem com ele. Ele e a família estão sempre doentes.
Sempre falta dinheiro e emprego. É preciso demonstrar a ele solidariedade.
Mantenha o rumo da negociação e seja o mais objetivo possível; caso contrário,
ele pode acabar pedindo dinheiro a você.
Ainda existem os afortunados. Ele sempre está de bem com
a vida, veste-se bem. Não paga por achar que não tem problema. Quem o encontrar
pela estrada, não se deixe levar pela sua simpatia. Aja com firmeza. Seja o
mais objetivo possível, senão ele pode envolvê-lo com tanta simpatia e acabar
mudando o rumo da negociação.
Tem o acanhado. Ele se mostra ingênuo e simplório.
Tímido, porém simpático, mostra-se constrangido quando cobrado. Se não paga, é
porque realmente não tem condições financeiras. É preciso agir com ele em
pressão, pois ele tem conhecimento da dívida. Se cobrado com muita frequência,
provavelmente desaparecerá por um bom tempo, o que dificultará as ações de
cobrança.
O manhoso é cheio de charme, normalmente, é um bom
pagador. Sente-se constrangido quando cobrado, mas tem pró-atividade, o que
facilita a negociação. Não exerça qualquer pressão sobre ele. Simplesmente
trate do assunto com naturalidade. Uma simples conversa é o suficiente. Não
abra mão dos juros e da multa.
Aquele que é dorminhoco não está nem aí para nada. Sempre
se esquece de pagar. Está sempre sonolento e com olheiras. Transfere a responsabilidade
para os outros: – ‘Ah, essa conta, a cunhada da irmã da minha avó irá pagar!’
Parece que nem o escuta quando você fala. Dificilmente vai à escola. O
tratamento com ele é de fazer perguntas com que ele mesmo sugira uma data para
a solução do problema. Não responda por ele. Demonstre-se disposto a ajudá-lo.
O homem perito é chefe para enrolar os outros, sabe que
existem leis que favorecem a inadimplência. Normalmente deve para você e para
um montão de gente na praça. Aparece de carrão novinho em folha, mas não paga o
que deve. Ao tratar com ele, transfira a responsabilidade de cobrança a alguém
mais experiente. Utilize de firmeza e objetividade. O auxílio jurídico é
bem-vindo – Cartilha identifica tipos de devedores e dá dicas a escolas de como
agir – Folha de São Paulo – sem identificação.
Imagine um crente de sua igreja, que você chama de irmão,
pensa que ele age da maneira mais correta e, de repente, fica sabendo que ele
tem esse perfil. Entenda isso. Para alguns, o perfil de uma pessoa é aquela
considerada alinhada, aprumada, responsável em seus afazeres. Outros já pensam
o contrário. O chamam de irresponsável, enganador, traiçoeiro, vigarista e que
só deseja ludibriar o próximo.
Qual é a sua reação? Esbraveja, no sentido de enfurecer?
Faz de tudo para cortar as relações de irmandade? Tenta se esquivar toda vez
que o vê pela rua de tanta vergonha? Ou o abraça e lhe chama a atenção com amor
pela atitude dele ser considerado tão vulgar? Ou ainda: Você compartilha com
ele e diz que a vida deve ser assim mesmo, caso contrário, não tem como viver
neste mundo.
Deite no divã e faça uma análise. Feche bem os seus olhos
e faça uma retrospectiva de seus atos em todo o decorrer de sua vida. Seja
sincero. O que passou em sua mente? Revisou todo o seu perfil? Todas as suas
qualidades? Todos os seus defeitos? Tudo quanto aconteceu em sua vida até este
momento não teve nenhum deslize? Todos os seus atos foram perfeitos? Você ainda
está deitado no divã? Está conversando com o seu médico, contando a ele toda a
trajetória do seu viver?
Ao ouvir toda essa lamúria, todas as suas reclamações, a
sua arrogância, a falta de sensibilidade, de compreensão, companheirismo e
rejeição de todos quantos não agem como você quer e deseja, “[...] Jesus [...]
lhe responde: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar
justos, e sim pecadores” (Mc 2.17). Com essa palavra é preciso compreender que
todos, sem exceção, precisam deitar no divã e passar pela consulta com o único
que pode “[...] atar a ferida do seu povo e curar a chaga (ferida aberta) do
golpe que ele (Deus) deu” (Is 30.26).
Jesus deseja que você reconheça que está enfermo,
machucado, ferido, necessitado dos cuidados de Deus; caso contrário, você nunca
irá deitar no divã. É por isso que Jesus diz noutro texto: “Não vim chamar
justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lc 5.32). Isto quer dizer que,
além de reconhecer a sua miserabilidade, se faz necessário o arrependimento, ou
seja, tenha uma atitude de mudança e de vida, reconheça o seu pecado e sinta
tristeza por ele e faça de tudo para abandoná-lo. Não tendo essa atitude, você
está fadado ao fracasso.
Quer um conselho? Fique irado por você ter sido tão
negligente e desobediente até esse momento diante de Deus. Reconheça que “toda
a (sua) cabeça está doente, e todo o (seu) coração, enfermo, [...] por que
haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia?” (Is 1.5).
Seja um afortunado “que pratique o bem, seja rico de boas
obras, generoso em dar e pronto a repartir” (1Tm 6.18). Procure ser acanhado
para as práticas pecaminosas e desvie “[...] o coração [...] (de) praticar o
mal” (Ec 8.11). Deixe de ser manhoso porque “[...] Jesus, percebe o ardil
(astúcia, manha, má intenção)” (Lc 20.23) do seu coração. Não seja dorminhoco
porque “a preguiça (te) faz cair em profundo sono, e o ocioso vem a padecer
fome” (Pv 19.15). Seja um perito, não para enrolar, ludibriar, mas “[...] um
homem perito na sua obra [...] (que faz diante de Deus a fim de que você seja)
posto perante reis; não entre a plebe” (Pv 22.29).
Preste atenção! Assim como você olha para o seu irmão e o
julga o mais perverso de entre todos, ele também pode e tem direito de pensar o
mesmo de você, portanto, “[...] hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e,
então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão” (Lc
6.42).
Rev. Salvador P. Santana
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