O DEVER DE ORAR
É muito interessante e cômico quando
um membro de alguma igreja pergunta ao seu pastor: “Está orando por mim?”
Quando a resposta é negativa a ovelha diz com o dedo em riste: “Eu não estou
sendo abençoado por sua culpa ou onde já se viu pastor, não orar pelas suas
ovelhas”. Mas sendo a resposta positiva ela diz: “Ainda bem que encontrei um
que se preocupa com os meus problemas”. Por alguns instantes o pastor fica um
tanto atordoado e sem saber o que dizer. Ele procura em sua mente alguma
passagem bíblica que possa apoiar essa brilhante ideia, ou seja, de que o
sucesso ou insucesso do seguidor de Jesus Cristo depende exclusivamente daquele
que intercede por ele. Demorando um pouco mais em seus raciocínios surge na
mente do pastor uma palavra dita pelo apóstolo Paulo aos tessalonicenses que
cada um deve “orar sem cessar” (1Ts 5.17). A princípio a mente do ministro
ficou mais confusa ainda, mas ao analisar melhor o texto ele pôde então
responder com maior clareza.
De um modo abrangente é muito
difícil descobrir qual era o pensamento do apóstolo. Existe um bom recurso para
saber qual foi o propósito desse precioso texto ser inserido no livro aos
Tessalonicenses. Ao invés de perguntar ao escritor, pergunte ao texto o que
Deus realmente requer de seus filhos, aí sim, haverá resposta.
Ao indagar do texto o seu
significado é preciso ter em mente que, assim como esse texto foi escrito para
uma comunidade dos tempos bíblicos, de igual modo é de grande valor para a
igreja hodierna. Sendo assim, o principal desejo do expoente do texto bíblico
era o de incentivar os crentes de Tessalônica a viverem firmes na fé de forma
que pudessem agradar ao único dono da “[...] igreja de Deus, (Jesus Cristo) a
qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28).
Voltando ao texto em questão você
pode perguntar: - O texto permite que o filho de Deus ore sem cessar, ou seja,
quando der na telha, quando sentir vontade, quando for convidado em público e
for pressionado por alguém ou é uma ordem expressa? Caso estivesse na mente de
Deus que iria conceder aos crentes que orassem, na verdade muitos ou senão,
quase todos, deixariam de fazer esse exercício. Paulo falando, não sobre a
oração, mas sobre a busca desenfreada pelo bem-estar físico, diz que “[...] o
exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa,
porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser” (1Tm 4.8).
Dá para notar o quanto o homem tem
deixado a vida espiritual em segundo plano. Na verdade o homem tem muita
facilidade para desfazer tratos, em especial com o seu Deus. Salomão disse que
o homem com facilidade “[...] se esquece da aliança do seu Deus” (Pv 2.17). O
profeta Ezequiel vai mais além dizendo que se Deus concedesse o direito de
orar, mesmo assim ele “[...] despreza o juramento, invalidando a aliança” (Ez
16.59). E Malaquias faz um alerta: “[...] cuidai de vós mesmos e não sejais
infiéis” (Ml 2.16).
Não sendo uma permissão, então é uma
obrigação de cada um que se diz servo de Jesus. E quando se fala de servo,
indica que a pessoa está sob ordens, sob controle, sendo regido por um superior,
neste caso o próprio Deus. Ao falar: “orai sem cessar” (1Ts 5.17) nota-se que o
modo verbal está no imperativo. Isto quer dizer que não existe meio termo, é
uma ordem expressa ao ouvinte/leitor para cumprir a ação desejada por Aquele
que tem autoridade sobre toda a terra.
Não é aquele costumeiro convite que
muitos recebem ‘– Oi fulano! Vamos orar?”. Essa ordem é para ser cumprida ao pé
da letra por todos. É como diz: “Então, prosperarás, se cuidares em cumprir os
estatutos (lei) e os juízos (sentença) que o SENHOR ordenou [...] sê forte e
corajoso, não temas, não te desalentes (desanimes)” (1Cr 22.13). É preciso
saber também que esta ordem não deve ser cumprida somente uma vez por dia,
semana, mês ou ano. A obrigação de orar deve ser “[...] sem cessar” (1Ts 5.17).
Não pode existir folga. Não importa se o tempo está frio ou quente, se está bem
de saúde ou nas últimas desta vida, se em casa ou na rua, trabalho, escola,
lazer.
Cada um deve ter o propósito de “com
toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando
com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6.18). A cada dia que
passa cada um deve sentir o desejo de orar com mais frequência e “[...] sem
cessar” (1Ts 5.17) porque Deus “[...] não dormita, nem dorme o guarda de
Israel” (Sl 121.4).
É para se notar que o homem é
responsável pelas suas orações que são apresentadas diante de Deus. É tão
verdade que “Jesus disse uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca
esmorecer” (Lc 18.1), mas isso não impede que outros o ajudem nessa árdua
tarefa. A ideia de que fulano ou sicrano deixou de ser abençoado porque o outro
não intercedeu por ele é pura invencionice humana, porque quando Deus quiser
“Ele abençoa os que temem o SENHOR, tanto pequenos como grandes” (Sl 115.13).
Rev. Salvador P. Santana
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