quinta-feira, 21 de abril de 2022
LAGARTIXA
LAGARTIXA
Conta-se a história de um grande fazendeiro que tinha vários trabalhadores braçais dentro e fora de casa. Um dos trabalhadores era muito especial. Ele fazia todo tipo de trabalho no campo, na construção de casas para os empregados e outras atividades manuais e culinárias e dentre elas, fazia uma rapadura que não tinha igual. Todos quantos experimentavam a rapadura teciam grandes elogios.
Muitos que já tinham passado por aquela fazenda narravam que o senhor da casa grande era muito generoso para com os seus empregados, mas como a maior parte deles se mudava para lugares distantes ou comprava uma pequena propriedade, não tinham mais contato com os novos empregados, então, poucos sabiam dessa bondade do patrão.
O empregado que sabia fazer de tudo estava prestes para se aposentar e o patrão lhe incumbiu de duas grandes últimas tarefas. Construir a melhor casa em um dos sítios muito afastado da sua fazenda e a última, sim, aquela deliciosa rapadura para presentear um amigo.
O tempo de construção da casa demorou menos que o esperado que leva pelo menos três meses para edificação de uma moradia com três quartos, sala e cozinha. Em dois meses já tinha terminado a casa com telhado, reboco, ladrilho, fossa e cisterna para uma possível água limpa com materiais de péssima qualidade.
Antes da entrega das chaves o maravilhoso funcionário partiu para atender ao último pedido do seu patrão; a melhor rapadura. Fez a moagem de restos de cana achados pelo quintal, levou o caldo para os tachos de cobre para adquirir o melaço e por fim colocar na forma para secagem. No entanto, após derramar na forma especial um pouco do melaço para o feitio da rapadura, viu uma lagartixa passeando pela parede. Pegou-a e a colocou na forma e o restante do melaço por cima.
Após a secagem da rapadura e verificação de que o produto estava pronto para consumo levou juntamente com as chaves da casa ao seu patrão dizendo-lhe: “... fiz o que me ordenaste...” (Gn 27.19). O maravilhoso empregado não levou em consideração de que ele havia “... feito aliança com a morte e com o além fez acordo... porque, por seu refúgio, teve a mentira e debaixo da falsidade ele esteve escondido.” (Is 28.15).
Como de costume o dono da fazenda convidou para um banquete seus melhores amigos, autoridades da cidade, parentes e vizinhos para que eles pudessem mais uma vez elogiar tanto o que receberia quanto ao que fez a rapadura e a casa para ser ofertada a um grande amigo do fazendeiro.
A festa tinha o propósito de dizer aquele que iria receber a dádiva: “... Entrai na posse...” (Mt 25.34) da sua casa e receba o seu melhor presente. Como um “... vencedor (que estava prestes a) herdar...” (Ap 21.7) aquilo que ele tanto sonhava, mas acordou antes de ser concretizado.
Para muitos cabem bem as palavras do profeta Isaías ao dizer: “Ai dos que puxam para si a iniquidade com cordas de injustiça e o pecado, como com tirantes de carro!” (Is 5.18) com a finalidade de se arruinarem e o empregado da fazenda ainda não tinha se atinado no enrosco em que se metera.
No meio da festa o senhor de grandes posses pediu a palavra. Com todos atentos e sem muita conversa agradece a presença de todos fazendo a declaração que ficaria marcada para sempre no coração do seu futuro aposentado/empregado.
Os elogios não foram poucos de que por muitos anos teve o prazer de desfrutar do trabalho de um de seus melhores empregados na construção civil e na arte da rapadura distribuída aos seus melhores amigos.
Para surpresa dos convivas foi chamado à frente o funcionário não do ano, mas de todos os tempos em que esteve à frente das atividades na fazenda por ter “combatido o bom combate (e ter um merecido descanso foi chamado para) ... tomar posse...” (1Tm 6.12) do seu maior prêmio: a melhor rapadura e a casa como recompensa pelos seus anos dedicados ao trabalho.
Para muitos neste mundo a lagartixa e o material inapropriado da casa pode estar completamente escondido, mas diante de Deus “... não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hb 4.13), portanto, “... tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Cl 3.17).
Rev. Salvador P. Santana
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