terça-feira, 23 de novembro de 2021

Ec.10.1-11.6 - PACIÊNCIA, SENSATEZ (JUÍZO), PRUDÊNCIA.

PACIÊNCIA, SENSATEZ (juízo), PRUDÊNCIA, Ec.10.1-11.6. Estudiosos têm observado que o livro de Eclesiastes apresenta, basicamente, dois tipos de discurso: o de observação do Pregador e o de instrução (S. De Jong, Qohelet and the Ambitious Spirit, JSOT 61, 1994, PP.85-96). A instrução e recomendação enfoca um ensino das vantagens da sabedoria sobre a estultícia; O cuidado que se deve ter com a autoridade tanto secular quanto divina; Que o bom servo é o que trabalha, em vez de apenas festejar; E que os seres humanos, sendo mortais, devem ser modestos. Acredita que Salomão faz uma crítica a uma sociedade em que há uma classe em ascensão econômica e política, que busca sentido para a vida na ambição pelo poder, na riqueza e nos prazeres. Pensando assim, o livro de Eclesiastes é propício para os nossos dias. O texto não tem uma estrutura definida, pois é composto de vários ditados ou provérbios sem uma conexão clara entre um versículo e outro. Uma forma de compreender o texto é listar as características da sabedoria e da estultícia (falta de juízo). Tópicos para reflexão. 1 – Sabedoria/Sábio x Estultícia/Estulto (falta juízo). A listagem apresentada por Salomão mostra figuras da sua época, por isso, não são claras para nós. Alguns pontos principais na perspectiva do sábio e daquele que não tem juízo: Para o sábio “... o unguento (óleo) do perfumador ...”, Ec.10.1 serve para esfregar no corpo para ficar perfumado, mas para a pessoa que não tem juízo, “... a mosca morta (na sopa é motivo de) fazer o unguento (o perfume do lar) ... exalar mau cheiro (discórdia) ...”, Ec.10.1. Esse “... mau cheiro (ciúmes, iras, brigas, palavras ofensivas, mesmo que seja em) poucas (doses) de estultícia (falta juízo) ... (acaba com qualquer) sabedoria e... (qualquer) honra...”, Ec.10.1, respeito, valor, homenagem dentro do lar. É por este motivo que “... Jesus... disse... (que devemos) acautelar do fermento dos fariseus e dos saduceus.”, Mt.16.6, seus inimigos; aqueles que nos aconselham contra os princípios bíblicos – separa mesmo, leva na justiça, acaba com ele. Precisamos “... entender que... (devemos nos) acautelar... das (muitas) doutrinas...”, Mt.16.12, muitos que estão dentro da igreja dando mau exemplo e conselho. Ao olhar para dentro do lar, podemos tomar uma das duas direções ... 1.2 – Direita/esquerda. O simbolismo “... para o lado direito... (e) para o da esquerda.”, Ec.10.2 é muito usado na Bíblia, especialmente na literatura de sabedoria. O povo de Israel usava a expressão “... direita...”, Ec.10.2 para indicar poder, libertação e qualidade moral, tal como “a ... destra... (do) SENHOR... (que) é gloriosa em poder... (que) despedaça o inimigo.”, Ex.15.6. Essa mesma expressão fala de que é somente “o SENHOR... (que) temos sempre à nossa presença; estando ele à minha direita, não serei abalado.”, Sl.16.8. O lugar de honra era “... o lado direito...”, Ec.10.2. Então, “o coração do sábio se inclina para o lado direito...”, Ec.10.2, honra, bênção, bem-estar, poder, libertação das investidas daqueles que desejam a nossa destruição. “... Mas... o (simbolismo) da esquerda.”, Ec.10.2 aponta para o lado mau e perverso. Em alguns países árabes, a mão esquerda é considerada impura, pois é destinada a higiene pessoal. Como nos relatos bíblicos não encontramos nenhuma comentário a respeito desse tipo de higiene, Salomão pode se referir ao “... coração... do estulto... (homem que se) inclina para a esquerda.”, Ec.10.2 que tem uma má disposição em buscar o melhor para a vida, a família e para a sociedade. Devido as decisões erradas na vida, podemos descobrir quem são... 1.3 – Ricos e tolos, príncipes e nobres. Salomão percebe “ainda (que) há um mal que (é) visto debaixo do sol, erro (pecado) que procede do governador...”, Ec.10.5, isto nos prova que até as autoridades “... caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas (tolas) e perniciosas...”, 1Tm.6.9 que prejudicam não apenas a sua própria vida, mas de todos que estão ao redor. Muitas vezes observamos ainda que “o tolo (é) posto em grandes alturas (cargos comissionados, chefia), mas os ricos assentados em lugar baixo.”, Ec.10.6, perde o que ganha por falta de sabedoria. É possível “ver (também) servos a cavalo (pobres vivendo como ricos, gasta o que não tem, compra e não paga) e príncipes andando a pé como servos (não esbanja, não demonstra, vive humildemente) sobre a terra.”, Ec.10.7. A sabedoria é percebida entre ricos e tolos, príncipes e nobres quando se descobre que “ditosa ... (feliz é a) terra cujo rei é filho de nobres e cujos príncipes se sentam à mesa a seu tempo para refazerem as forças e não para bebedice.”, Ec.10.17, de fato, esses buscam a sabedoria. Mas, “ai (daquele) ... rei (que é) criança (no agir ao permitir que os) ... príncipes se banqueteiam já de manhã.”, Ec.10.16 “... seguindo a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta!”, Is.5.11 a ponto de praticarem tolices dentro de casa e no trabalho. Ao olhar para essas atitudes, podemos entender um pouco mais sobre as ... 1.4 – Palavras do sábio e do tolo. “Nas palavras do sábio há favor (graça, charme, elegância), mas ao tolo os seus lábios devoram.”, Ec.10.12, engole, destrói com palavras ofensivas, de baixa calão. Então, é bom desviar dos “tolos (louco porque) as primeiras palavras da (sua) boca são estultícia (sem juízo, estúpido, sem educação), e as últimas, loucura perversa.”, Ec.10.13, maligna, grosseira, fere. É interessante notar que “o estulto multiplica as palavras (fala demais), ainda que o homem não sabe o que sucederá (ele inventa coisas); e quem lhe manifestará o que será depois dele?”, Ec.10.14. Ele é o único que sabe de todas as coisas. Por este motivo é melhor ouvir as “... palavras do sábio (porque) há favor, mas ao tolo os seus lábios devoram.”, Ec.10.12 e destrói pessoas. Se neste mundo existem sábios e tolos, precisamos buscar a sabedoria para lançar... 1.5 – O pão sobre as águas. O “lançar o teu pão sobre as águas (comércio marítimo, trabalho árduo é com o objetivo de saber que), ... depois de muitos dias o acharás.”, Ec.11.1, suficiente para sobreviver, preparar para o futuro. Aquele que não trabalha, que “... somente observa o vento (mudar a direção) nunca semeará, e o que olha para as nuvens (esperando chuva) nunca segará.”, Ec.11.4 para sustentar a família. Existe outro tipo de trabalhador que, “estando as nuvens cheias (ele tem a certeza que vai) ... derramar aguaceiro sobre a terra (isso é bom, principalmente para quem trabalha na roça; ficará dentro de casa); (mas) caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí ficará”, Ec.11.3, porque a sua intenção, desde antes das chuvas é não trabalhar. O desejo de “lançar o... pão sobre as águas (trabalho duro) ...”, Ec.11.1 é porque, “assim como nós não sabemos qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabemos as obras de Deus, que faz todas as coisas.”, Ec.11.5 – não compreendemos e não sabemos quais são as oportunidades que Deus nos oferece no dia a dia. Por apenas observar o tempo, “o trabalho do tolo o fatiga, pois nem sabe ir à cidade.”, Ec.10.15procurar uma ocupação para tirá-lo da ociosidade. É “pela (sua) muita preguiça (que) desaba o teto, e pela frouxidão das (suas) mãos (que) goteja a casa.”, Ec.10.18 trazendo mais estragados dentro e fora de casa. Ainda que consiga uma atividade, “se o ferro está embotado (áspero, cego, ele) ... não... (tem coragem de) afiar o corte, (então) é preciso redobrar a força; mas (se ele tivesse) a sabedoria (seria fácil) resolver com bom êxito.”, Ec.10.10 para poder trabalhar. Por isso, o conselho do sábio é que se deve “semear pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas.”, Ec.11.6, ou seja, “... trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado.”, Ef.4.28. O pão sobre as águas também pode falar sobre o “repartir com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra.”, Ec.11.2 e, caso você vier a passar necessidade, pode ser socorrido. É como se cada um de nós se dispusesse a “dar, e (Deus) nos dará; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente nos darão; porque com a medida com que tivermos medido nos medirão também.”, Lc.6.38. Diante do exposto, é preciso saber qual é ... 2 – A essência (natureza íntima) da sabedoria. As expressões usadas sugerem que a sabedoria está em constante oposição à estultícia (falta juízo). O conselho do sábio Salomão é que, quando se “levantar contra ti a indignação (raiva-injustiça praticada) do governador (superior), não deixes o teu lugar, porque o ânimo (coragem) sereno (tranquilo) acalma grandes ofensores.”, Ec.10.4. Vivemos numa época em que informação e conhecimento são muito valorizados, mas “quando o tolo (sem juízo) vai pelo caminho (errado), falta-lhe o entendimento (compreender o que é certo ou errado); e, assim, a todos mostra que é (e continua sendo) estulto.”, Ec.10.3, tolo. Deve ser por este motivo que, ainda esse tolo, quando “... abre uma cova nela cairá, e quem rompe um muro, mordê-lo-á uma cobra.”, Ec.10.8 devido não ter buscado o conhecimento para agir nessa situação. Do mesmo modo, também, “quem arranca pedras (do modo como faz, sem perícia, sem saber, sem aplicar as técnicas certas) será maltratado por elas, e o que racha lenha expõe-se ao perigo.”, Ec.10.9 podendo perder a perna ou ferir a canela com uma machadada. E “se (caso) a cobra morder (o homem sem juízo ou sábio) antes de estar encantada, não haverá vantagem no encantador.”, Ec.10.11, pois ele tentou fazer algo que não é da sua competência. Ao olhar para essas contradições, percebemos que ainda hoje existe essa separação entre o conhecimento verdadeiro e a burrice para tentar viver neste mundo. Vemos o contrassenso no médico que sabe dos males causados pelo cigarro, mas ele não deixa o seu hábito. Viver em sabedoria é muito mais do que simplesmente fazer ou dizer as coisas corretas na hora certa. Para viver neste mundo de forma satisfatória é preciso pedir “... a sabedoria que desce lá do alto...”, Tg.3.15. Paciência, sensatez, prudência nos conduz a... Conclusão: Buscar viver melhor neste mundo. Então, “nem no nosso pensamento amaldiçoes (tornar desprezível) o rei, nem tampouco no mais interior do teu quarto, o rico (pois de alguma forma os homens precisam dessas pessoas. Do governo para coordenar o país, do rico para assalariar); porque as aves dos céus poderiam levar a tua voz, e o que tem asas daria notícia das tuas palavras.”, Ec.10.20, daí, entraremos em grandes apuros. É bom eu e você procurar “o festim (comida, festa) para (nos) fazer rir, o vinho alegrar a vida, e o dinheiro atender a tudo.”, Ec.10.19, mas para buscar essas coisas, precisamos buscar a verdadeira sabedoria para agradar a Deus. Coloque a sua sabedoria em prática e não seja estulto, sem juízo! Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para estudo – Vida abundante – Didaquê – Rev. William Lace Lane

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