sexta-feira, 2 de julho de 2021
Ec.5.8-6.12 - POR QUE ACUMULAR?
Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Vida abundante – Didaquê – Rev. Júlio Paulo Zabatiero Tavares.
POR QUE ACUMULAR? Ec.5.8-6.12.
Tópicos para reflexão.
“Dinheiro na mão é vendaval. Na vida de um sonhador. Quanta gente aí se engana. E cai da cama com toda ilusão que sonhou. E a grandeza se desfaz. Irmão desconhece irmão. Dinheiro na mão é solução e solidão.” – Interpretado por Paulinho da Viola.
A letra dessa música aponta para os riscos e fragilidades da riqueza, pois pode acontecer do “rico se deitar com a sua riqueza, abre os seus olhos e já não a vê”, Jó 27.19.
A riqueza pode destruir pessoas, amizades e parentescos.
A mesma canção, porém, fala que “dinheiro na mão é solução”. Revela a ambiguidade com que tratamos a questão do dinheiro, já que ele é necessário para a sobrevivência e o bem-estar.
O texto em análise oferece a reflexão sobre o dinheiro e as riquezas.
Ser rico pode ser uma bênção de Deus, porque “... vemos (que) ... boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu (riqueza); porque esta é a sua porção”, Ec.5.18.
A riqueza pode não ser uma bênção porque “onde os bens se multiplicam, também se multiplicam os que deles comem (pode gerar briga devido um não querer trabalhar); (então) que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os verem com seus olhos? (É como se toda a riqueza escorregasse pelos dedos)”, Ec.5.11.
O escritor fala que “é doce o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir (de tanta preocupação de perder em suas aplicações)”, Ec.5.12.
Assim como no tempo de Salomão, ainda hoje “vemos grave mal debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano (isto pode acontecer quando brigam por herança e poder)”, Ec.5.13.
No texto, a riqueza é ‘vaidade’ (quatro vezes), contra uma vez afirmando que ela “... é dom de Deus”, Ec.5.19.
Talvez eu não queira aceitar, mas Deus é o Senhor de toda a vida humana.
Está nas mãos do “... SENHOR empobrecer e enriquecer; abaixar e também exaltar”, 1Sm.2.7.
Tópicos para reflexão.
1 – Em que consiste a bênção de Deus?
O texto de Ec.5.17-6.1, 2 então em contraste.
O primeiro parágrafo mostra o que é a bênção de Deus; o segundo, mostra a sua ausência, a sua negação.
Vemos as bênçãos de Deus, ainda que seja “nas trevas (apertos, dificuldades, pobreza, doença, mesmo assim, o homem pode) ... comer em todos os seus dias...”, Ec.5.17.
“... Vemos (ainda que a bênção de Deus) ... boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho (salário como recompensa) ... porque esta é a sua porção”, Ec.5.18.
As bênçãos de “... Deus (são) conferidas ao homem... (em forma de) riquezas (salário, aplicações) e bens (capital) e lhe deu poder para (não somente administrar, mas também para) deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus”, Ec.5.19.
Em outra Escritura ainda fala que “nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho... (como é bênção de Deus, só pode) vir da mão de Deus”, Ec.2.24 essa oportunidade de se alimentar.
Parte também das mãos de Deus, a bênção “... do homem... regozijar-se e levar vida regalada”, Ec.3.12.
Como tudo vêm das mãos de Deus, então, “... não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras ...”, Ec.3.22 “... porquanto para o homem... (todas essas bênçãos) o acompanhará no seu trabalho nos dias da vida que Deus lhe dá debaixo do sol”, Ec.8.15.
A bênção de Deus é que o homem desfrute o resultado do seu trabalho.
Este é o critério para o valor do dinheiro e da riqueza: só são legítimos se forem conseguidos pelo trabalho da família.
A riqueza conseguida de forma injusta, sem trabalho, não é digna, não pode ser considerado parte da bênção de Deus, ainda que em última análise – também, “... Deus (é) quem confere riquezas (ao) homem, bens e honra, e nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja, mas Deus não lhe concede que disso coma (por ter ganhado de forma fraudulenta); antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave aflição”, Ec.6.2.
Deus é o Senhor de todas as coisas, o autor de todas as coisas, ou seja, nada acontece no mundo sem que Deus, mesmo não a realizando diretamente, não seja Senhor.
Exemplo disso é que o pecado não é causado por Deus; mas o fato de que o ser humano peca, não nega a soberania de Deus.
A soberania de Deus está sobre todas as coisas.
Riqueza e pobreza, saúde ou doença, qualquer coisa e todas as coisas da vida, são dom de Deus.
Muitas vezes, “... com muito enfado, com enfermidades e indignação (raiva provocada por alguma injustiça)”, Ec.5.17, ainda assim, podemos ser gratos a Deus pelas bênçãos recebidas.
É verdade que todos nós enfrentamos “... os poucos dias da vida que Deus (nos) dá ... com ... fadiga debaixo do sol ...”, Ec.5.18, mas nem por isso, podemos negar que Deus nos enche de bênçãos.
Sabemos que “... todos os nossos dias se passam ... (tão rápido) como um breve pensamento”, Sl.90.9, daí, nem eu e nem você, “... se lembrará muito dos dias da ... vida (boa ou má), porquanto Deus (sempre) nos encheu o coração de alegria”, Ec.5.20.
Muito do que acontece em nossas vidas é consequência de nossos próprios pecados, por este motivo, “vemos que há um mal debaixo do sol e que pesa sobre os homens:”, Ec.6.1 “o homem a quem Deus conferiu riquezas ... Deus não lhe concede que disso coma; antes, o estranho o come; também isto é vaidade e grave aflição”, Ec.6.2.
Tudo na vida humana acontece debaixo do senhorio divino, mas nem tudo é bênção de Deus para nós.
A bênção de Deus está ligada à justiça na vida do homem.
Deus abençoa quem pratica a justiça. A riqueza, ou a não riqueza, é bênção para quem “... afadiga debaixo do sol ...”, Ec.5.18.
Trabalhar e usufruir o fruto do trabalho é dom e bênção de Deus, na medida em que são feitos com integridade, justiça e sem opressão, por isso, “se vires em alguma província opressão de pobres e o roubo em lugar do direito e da justiça, não te ... maravilhe de semelhante caso; porque o que está alto tem acima de si outro mais alto que o explora, e sobre estes há ainda outros mais elevados que também exploram”, Ec.5.8, mas é preciso saber “... o SENHOR sonda os corações”, Pv.21.2.
2 – A vaidade da vida e o culto a Mamom.
Mamom é o termo utilizado para se referir à riqueza e bens materiais.
O evangelista Lucas declara que “ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podemos servir a Deus e às riquezas (Mamom, RC)”, Lc.16.13.
Então, pode ser perigoso “... acumular para nós ... tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam”, Mt.6.19.
Precisamos investir em “... ajuntar para nós ... tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam”, Mt.6.20 para evitar cultuar Mamom, “... não podeis servir a Deus e a Mamom. {ou as riquezas}”, Mt.6.24.
Os demais parágrafos do texto de Eclesiastes mostra a vida com riqueza, mas sem a bênção de Deus.
A vaidade da vida se dá quando “... alguém gerar cem filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem (com honestidade), e além disso não tiver sepultura (ser expulso de casa, enterrado como indigente, preso), digo que um aborto é mais feliz do que ele”, Ec.6.3.
Não haverá bênção de Deus para este homem, “pois debalde (em vão) vem o aborto (inútil o nascimento dessa criança) e em trevas se vai (para não aproveitar a vida desonestamente), e de trevas se cobre o seu nome (por fazer coisas não aprovadas por Deus)”, Ec.6.4.
Esse aborto não adorará Mamom, porque “não viu o sol, nada conhece. Todavia, tem mais descanso do que o outro (que entregou a sua vida para as riquezas)”, Ec.6.5.
A hipótese de Salomão é se, “ainda que aquele (aborto) vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem (buscando a Deus no lugar da riqueza, ainda assim, fala o Pregador:) ... porventura, não vão todos para o mesmo lugar (sepultura)?”, Ec.6.6.
É por este motivo que “todo trabalho (honesto) do homem é para a sua boca (satisfazer o seu paladar); e, contudo, nunca se satisfaz o seu apetite”, Ec.6.7.
Dependendo da escolha; Mamom ou o Senhor de todas as coisas, “... que vantagem tem o sábio sobre o tolo (sem juízo)? Ou o pobre que sabe andar perante os vivos?”, Ec.6.8. A desvantagem é para aquele que prefere as riquezas.
Para Salomão que experimentou a riqueza, “é melhor a vista dos olhos (apreciar a riqueza, pois não peca ou ficar contente com o que tem) do que o andar ocioso (percorrer) da cobiça (desejo ardente, mas); também isto é vaidade e correr atrás do vento”, Ec.6.9.
Nenhum de nós “... nada ... trouxe para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele”, 1Tm.6.7.
Muitos daqueles “... que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências (forte desejo) insensatas (sem juízo) e perniciosas (prejudicial), as quais afogam os homens na ruína e perdição”, 1Tm.6.9.
O acúmulo de riqueza de uns sem a devida bênção de Deus, é fruto do pecado!
Somos diferentes das demais criaturas de Deus.
Devemos “observar as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, nosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valemos nós muito mais do que as aves? E por que andamos ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam”, Mt.6.26,28.
A orientação de Deus é que “... não andemos ansiosos pela nossa vida, quanto ao que havemos de comer ou beber; nem pelo nosso corpo, quanto ao que havemos de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Qual de nós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?”, Mt.6.25,27.
Houve um homem muito rico, “... Salomão ... contudo ... em toda a sua glória, não se vestiu como qualquer dos (pássaros ou dos lírios do campo)”, Mt.6.29.
Precisamos ter a certeza que, “... se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a nós (que somos) ... homens de pequena fé ...”, Mt.6.30.
O conselho é que “... não nos inquietemos, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?”, Mt.6.31.
Quem tem essa preocupação são aqueles que não conhecem a Deus e, “... que procuram todas estas coisas; pois nosso Pai celeste sabe que necessitamos de todas elas”, Mt.6.32.
A nossa obrigação é “buscar, pois, em primeiro lugar, o ... reino (de) Deus e a sua justiça, e todas estas coisas (pão, veste e bebida) nos serão acrescentadas”, Mt.6.33.
Não podemos cultuar Mamom, “... não (podemos) nos inquietar com o dia de amanhã (pensando que irá faltar), pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal”, Mt.6.34.
Foi por isso que Salomão falou que “quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade”, Ec.5.10.
Enquanto não reconhecermos que “o proveito da terra é para todos; (e, de que) até o rei se serve do campo”, Ec.5.9, vamos continuar tentando ajuntar riqueza neste mundo e daremos muito mais valor às riquezas.
Saiba que “doce é o sono do trabalhador (honesto), quer coma pouco, quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir”, Ec.5.12 devido a sua ganância e adoração ao seu deus Mamom que não lhe oferece proteção.
O nosso Brasil é muito abençoado por Deus, mas a injustiça barra “... socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber”, At.20.35.
3 – A ilusão das riquezas e a vida abençoada.
A ilusão da riqueza é “grave mal visto debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano (traficantes, ladrões, desvios verba pública, propinas)”, Ec.5.13.
É tão incerta essa ilusão do culto a Mamom, pela simples razão, “e, se tais riquezas se perdem por qualquer má aventura (perda do emprego, aplicação errada, prisão), ao filho que gerou nada lhe fica na mão”, Ec.5.14.
Não é à toa que Salomão fala que “... o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem. (Diz ainda que) quem ama os prazeres empobrecerá, quem ama o vinho e o azeite jamais enriquecerá”, Pv.23.21; 21.17.
A ilusão da riqueza precisa se deparar com o homem que, assim “como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo”, Ec.5.15.
De que adianta servir ao deus Mamom sendo que partirá deste mundo de mãos vazias?
É como fala o texto: “Também isto é grave mal: precisamente como veio (nu), assim ele vai; e que proveito lhe vem de haver trabalhado para o vento? (quando coloca em primeiro lugar as riquezas)”, Ec.5.16.
Por que acumular riqueza?
Conclusão: Salomão encerra o texto falando sobre a fragilidade humana.
A vida só tem valor quando é vivida debaixo da soberania de Deus.
Tiago fala que “nós não sabemos o que sucederá amanhã. Que é a nossa vida? Somos, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devemos dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo”, Tg.4.14,15.
Na linguagem de Eclesiastes, “... quem sabe o que é bom para o homem durante os poucos dias da sua vida de vaidade, os quais gasta como sombra? Quem pode declarar ao homem o que será depois dele debaixo do sol?”, Ec.6.12.
Nenhum de “nós ... sabe o que sucederá amanhã ...”, Tg.4.14.
Somente Deus é que tem controle sobre o futuro.
Verdade é que, “a tudo quanto há de vir (na vida do homem) já se lhe deu o nome (todos os acontecimentos), e sabe-se o que é o homem (fraco e passageiro), e que não pode contender com quem é mais forte do que ele (Deus)”, Ec.6.10.
Dinheiro na mão é vendaval quando é usado e conseguido em obediência a Mamom.
É solução para os nossos problemas quando é adquirido e usado em obediência a Deus.
Fique “... certo que há muitas coisas que só aumentam a vaidade (ilusão, desejo falso), mas que aproveita isto ao homem?”, Ec.6.11.
Discussão: Sua atitude em relação ao dinheiro e bens materiais corresponde à vontade de Deus, ou é baseada na visa mundana?
Quanto mais você deseja de riqueza para viver feliz neste mundo?
Você deseja ser “... bem-aventurado ... (em) comer pão no reino de Deus (ou prefere aqui e agora?)”, Lc.14.15.
Rev. Salvador P. Santana
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