A
CEIA COMO PROFISSÃO DE FÉ, 1Co.10.16.
Introd.: A Ceia do Senhor é uma vívida
afirmação de fé por parte do crente, pois é a expressão externa dos benefícios
que são outorgados a ele por Cristo por meio de seu sacrifício redentor.
A participação dessa ordenança
aponta o cumprimento das promessas contidas, na aliança da graça.
A Ceia nos ensina sobre nossa
necessidade de salvação e sua garantia, diante da escravidão espiritual em que
vivíamos.
A Ceia nos apresenta o Cordeiro de Deus,
que foi entregue em nosso lugar para nossa salvação eterna.
1
– Confissão de fé.
João Calvino – “Os sacramentos
exercitam nossa fé diante dos homens, quando a fé resulta em reconhecimento
público e é incitada a render louvores ao Senhor” – Instrução na fé –
princípios para a vida cristã – Logos.
O próprio modo de viver cristão deve
ser uma confissão visível de sua fé a ponto de “[...] apresentar o seu corpo
por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o seu culto racional. E
não se conformar com este século, mas transformar-se pela renovação da sua mente,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”,
Rm.12.2.
O crente, ao participar da Ceia do
Senhor, proclama visualmente, os benefícios que foram outorgados a ele pelo
sacrifício remidor de seu Salvador – CFW – XVII.I.
Os sacramentos são santos “[...] sinais
(do pacto) [...] como selo da justiça da fé [...]”, Rm.4.11, os
quais, foram instituídos por Cristo, para “[...] fazer discípulos [...]
batizando [...] (e ministrando a Santa Ceia) do Senhor (com) pão (e vinho)
[...]”,
Mt.28.19; 1Co.11.23.
A Santa Ceia representa a Cristo e
seus benefícios, mesmo porque, “[...] o cálice da bênção que
abençoamos [...] é a comunhão do sangue de Cristo [...] o pão que partimos [...]
é a comunhão do corpo de Cristo [...]”, 1Co.10.16.
É por este motivo que “[...] todas
as vezes que comemos este pão e bebemos o cálice, anunciamos a morte do Senhor,
até que ele venha”, 1Co.11.26.
O participar da Ceia do Senhor faz a
diferença visível entre os que pertencem à igreja e o restante do mundo.
É por este motivo que, no V. T. que,
“[...]
se algum estrangeiro [...] quisesse celebrar a Páscoa do SENHOR, (devia) ser circuncidado
[...] (de igual modo, o crente) não pode beber o cálice do Senhor e o cálice
dos demônios; não pode ser participante da mesa do Senhor e da mesa dos
demônios”,
Ex.12.48; 1Co.10.21.
Logo, a profissão da nossa fé se dá
quando somos “[...] fomos [...] sepultados com ele na morte pelo batismo; para
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim
também andemos nós em novidade de vida”, Rm.6.4.
Ao participar da Ceia do Senhor,
estamos comunicando de modo vívido, a todos, que pertencemos tão somente ao
nosso Senhor e devotamos a ele nossa vida em obediência.
Testemunhamos que, em consequência
da remissão de nossos pecados mediante o sacrifício de Cristo, recebemos a vida
eterna.
2
– Benefícios professados.
As refeições sacrificiais são encontradas
no A.T.
A ordem de Deus: “[...] qualquer
que estiver limpo comerá a carne do sacrifício. (E, ao entrar na terra
prometida) [...] comereis perante o SENHOR [...]”, Lv.7.19;
Dt.12.7.
Essas refeições possuíam um caráter
confessional.
O povo de Israel não poderia
participar das refeições sacrificiais dos gentios, pois denotaria um
compromisso de fé com os falsos deuses deles.
A ordem de Deus era “para [...]
não fazer aliança com os moradores da terra; não [...] se prostituir [...] com
os (seus) deuses [...] (não) comer dos seus sacrifícios [...] (mas Israel) se
juntou a Baal-Peor e comeram os sacrifícios dos ídolos mortos [...] a ira do
SENHOR se acendeu contra Israel”, Ex.34.15; Sl.106.28; Nm.25.3.
As refeições sacrificiais carregavam
um caráter confessional porque expressavam simbolicamente a união do Senhor
Deus da aliança com o seu povo escolhido.
Participando do “[...]
sacrifício da Páscoa ao SENHOR, (os filhos de Israel traziam à memória) que (o
SENHOR) passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu
os egípcios e livrou as suas casas [...]”, Ex.12.27.
A “lembrança de que foram servos
no Egito (portanto, deviam) [...] guardar estes estatutos, e os cumprir”,
Dt.16.12.
A participação do sacrifício era um
sinal da libertação da escravidão física e nacional, apontando a libertação da
escravidão do pecado.
O N.T. usa alguns termos distintos
para se referir à mesma ordenança de que é um ato confessional.
Encontramos “[...] ceia
do Senhor [...] mesa do Senhor [...] partir do pão [...] comunhão [...] (ação
de) graças [...]”, 1Co.11.20, 21; At.2.42; 1Co.10.16;
11.24.
A Ceia do Senhor foi instituída por
Jesus como uma transposição natural da Páscoa.
O contexto dos relatos dos
evangelhos é a refeição pascal, “[...] enquanto comiam [...] (daí,
o) [...] pão e [...] (o) cálice [...]”, Mc.14.22, 23 passaram a
possuir uma nova significação.
“[...] O cordeiro imolado [...]
(como sacrifício sangrento é substituído pelo pão) [...] Jesus [...] (como) o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (para remissão dos pecados) [...]”,
Lv.14.13; Jo.1.29.
A Ceia do Senhor representa verdades
espirituais por meio de sinais visuais externos, que comunicam de maneira
simbólica “[...] a morte do Senhor, até que ele venha”,
1Co.11.26.
Todo crente se torna “[...] unido
com Cristo na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na
semelhança da sua ressurreição”, Rm.6.5.
O nosso sustento é Jesus porque “Ele é a
videira verdadeira, e seu Pai é o agricultor”, Jo.15.1.
A ceia simboliza a comunhão dos
crentes, “porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo;
porque todos participamos do único pão”, 1Co.10.17.
A Ceia é um selo que confere
garantias e certezas espirituais aos crentes.
A Ceia aponta a segurança do crente,
pois “[...]
Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por
nós, sendo nós ainda pecadores”, Rm.5.8.
O crente, ao receber esses
benefícios graciosos da parte do Senhor, é então responsabilizado, ao professar
sua fé em Cristo, comprometendo-se a viver uma vida de obediência ao seu
Senhor.
3
– Compreensão da Ceia do Senhor.
CM – “O que é a Ceia do Senhor?”. A
Ceia do Senhor é o sacramento do N.T., no qual, Jesus “[...] ceou,
tomou o cálice [...]”, Lc.22.20, de acordo com a sua
instituição, anunciando a sua morte; e os que dignamente participam dela,
alimentam-se do corpo e do sangue de Cristo para sua nutrição espiritual e
crescimento na graça.
Aquele que participa da Ceia do
Senhor tem a sua união e “[...] comunhão [...] (com) Cristo [...]”,
1Co.10.16 confirmados pelo motivo de “[...] todos participarem do único
pão (corpo místico/secreto)”, 1Co.10.17.
Em Cristo, todas as promessas
anteriormente feitas por Deus são cumpridas, especialmente o perdão total dos
pecados.
Temos a garantia de “[...] sermos
filhos [...] também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se
com ele sofremos, também com ele seremos glorificados”,
Rm.8.17.
Ao anunciar a morte de Cristo, a
Ceia nos comunica a doutrina do sacrifício substitutivo do Senhor Jesus Cristo
em nosso favor.
Somos fortalecidos pela graça de
Deus ao participar da Ceia.
O ponto inicial dessa graça “[...] é a
vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”, Rm.6.23.
A vida eterna só se concretiza
porque eu e você foi chamado eficazmente “quando [...] Deus nos separou antes
de [...] nascer e nos chamou pela sua graça [...]”, Gl.1.15.
Perceba que é “[...] pela
graça somos salvos, mediante a fé; e isto não vem de nós; é dom de Deus”,
Ef.2.8.
A Ceia nos comunica que a única
fonte “[...]
da [...] graça (que recebemos) [...] nos foi dada em Cristo Jesus”,
1Co.1.4.
Através da graça os crentes são “[...] reconciliados
[...] em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz [...]”,
Ef.2.16.
Esse favor recebemos porque “Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar [...]”,
Gl.3.13.
É por este motivo que “[...] já
nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”,
Rm.8.1.
A Ceia nos faz compreender que Jesus
conquistou e enviou “[...] o Consolador [...]”,
Jo.16.7 para “[...] nascermos de novo [...]”, Jo.3.3.
Ao participar da Ceia do Senhor,
estamos testemunhando que possuímos uma nova “[...] vida [...] com Cristo
[...]”,
Cl.3.3.
4
– Responsabilidades e bênçãos da confissão.
Colossenses 3.1-4 ajudá-nos a
entender quais são as responsabilidades daqueles que foram ressuscitados com
Cristo, realidade que nos é comunicada na Ceia do Senhor.
O texto é claro: “Portanto,
se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto,
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus”, Cl.3.1.
A partícula “[...] se [...]”,
Cl.3.1 não possui a ideia de incerteza ou dúvida, mas denota o que realmente é,
a verdadeira realidade dos eleitos de Deus.
O texto afirma sobre o dever de “[...] buscar
as coisas lá do alto [...]”, Cl.3.1.
Paulo está apresentando qual deve
ser o alvo da vida do crente.
O verbo buscar possui uma forte
ênfase em investigar, o que significa uma chamada à tarefa da igreja de se
dedicar ao conhecimento das verdades espirituais em Cristo.
“[...] Onde Cristo vive, assentado à
direita de Deus”, Cl.3.1; a frase relembra o senhorio e a
glória de Cristo, sua posição de proeminência, exaltação e a sua superioridade
diante de todas as coisas criadas.
“[...] Fomos ressuscitados
juntamente com Cristo [...]”, Cl.3.1 e já compartilhamos da vida
celestial proporcionada por ele a nós, não em sua inteireza, mas em sua,
realidade graciosa, pois já somos cidadãos do céu.
Ao falar que devemos “pensar nas
coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra”, Cl.3.2, o texto
nos exorta a ter em mente coisas mais elevadas e importantes.
O pensamento do crente deve estar
voltado unicamente para Cristo Jesus.
O crente deve ter em mente as “[...]
coisas lá do alto [...]”, Cl.3.2.
O seu pensamento não deve estar “[...] nas
que são aqui da terra”, Cl.3.2.
As “[...] coisas lá do alto
[...]”,
Cl.3.2 dizem respeito ao evangelho verdadeiro, juntamente com suas promessas e
mandamentos.
Já as “[...]
coisas [...] que são aqui da terra”, Cl.3.2 são, “[...]
conforme (Paulo) os rudimentos (qualquer primeira coisa que perece e, promovem
os apetites carnais) do mundo e não segundo Cristo”,
Cl.3.2.
O verbo “pensar
[...]”,
Cl.3.2 faz referência a mais do que um exercício mental, traduz-se em
verdadeira motivação, que se transforma em ação efetiva.
O céu deve ser o “pensamento
[...]”,
Cl.3.2 de todo crente, “pois a nossa pátria está nos céus, de onde também
aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”, Fp.3.20.
A expressão “porque
morrestes [...]”, Cl.3.3 possui um paralelo claro com
Romanos, porque estamos “[...] mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em
Cristo Jesus”, Rm.6.11.
A verdade é que os apetites carnais
existem porque “[...] cada um é tentado pela sua própria cobiça,
quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à
luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”,
Tg.1.14, 15.
Mas, “porque morremos [...] a nossa
vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus”, Cl.3.3 para
combater o pecado.
O indicativo redentor de morrer e
ressuscitar com Cristo não deve ser separado do imperativo de lutar contra o
pecado – Herman Ridderbos – A Teologia do Apóstolo Paulo - ECC.
“[...] E a vossa vida está oculta
juntamente com Cristo, em Deus”, Cl.3.3.
Anteriormente Paulo falou sobre
morte, agora, fala sobre vida.
A palavra “[...]
oculta [...]”, Cl.3.3 remete para Colossenses 2.3 ao falar: “em quem
todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos”,
Cl.2.3, assim, sabemos que Cristo é o centro vital do cristão.
Nossa vida está oculta em Cristo “porque
[...] fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos
também na semelhança da sua ressurreição [...] (por este motivo) já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne,
vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim”,
Rm.6.5; Gl.2.20.
Existe vida nos crentes somente
porque Cristo é a sua vida.
A Ceia do Senhor nos comunica Cristo
e, ao vivermos em conformidade com o seu querer, professamos que pertencemos
somente a Ele.
Sabemos que, “quando
Cristo, que é a nossa vida, se manifestar (Segunda Vinda), então, nós também
seremos manifestados com ele, em glória”, Cl.3.4.
Participar da Ceia do Senhor é
professar o desejo de sua Segunda Vinda.
Ao falar que “[...]
Cristo, que é a nossa vida [...]”, Cl.3.4, Paulo
apresenta duas verdades: 1 – A vida é Cristo; e, 2 – Nós somos recipientes de
uma graça maravilhosa, a vida.
A certeza que temos é que, “quando
Cristo [...] se manifestar (Segunda Vinda, é o dia que) [...] nós também seremos
manifestados com ele, em glória”, Cl.3.4.
Ser “[...] manifesto [...] com
Cristo [...]”, Cl.3.4 indica que os crentes serão postos ao lado
do Senhor, na sua Segunda Vinda, para demonstrar que pertence ao único Senhor;
daí, todos serão ressuscitados “[...] em glória”,
Cl.3.4.
Conclusão:
A Ceia do Senhor constitui ocasião e
oportunidade para o crente confessar sua fé em Cristo Jesus.
É necessário conhecer e viver
claramente o conteúdo da fé.
A Ceia comunica Cristo e fortalece
nossa fé e esperança na vinda de nosso Senhor.
A Ceia publica que pertencemos e nos
comprometemos com o nosso Salvador.
Aplicação: Como participar da Ceia pode levá-lo a
crescer em santificação e entrega à obra do Pai?
Adaptado pelo Rev. Salvador P. Santana para E.D. – O batismo e a Ceia do Senhor –
Palavra Viva – Rev. Christian Brially Tavares de Medeiros – ECC.
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