O BATISMO E SUA ADMINISTRAÇÃO, At.10.44-48.
Introd.: Os sacramentos não possuem poder em
si mesmos, mas tão somente pelo fato concreto de terem sido estabelecidos pelo
Senhor e por nos comunicarem Cristo.
1 – A eficácia dos sacramentos.
Catecismo Maior – 161 – “Como os sacramentos se tornam
meios eficazes de salvação? Os sacramentos tornam-se meios eficazes para a
salvação não porque tenham algum poder em si, nem por virtude alguma derivada
da piedade ou da intenção de quem os administra, mas, unicamente, pela operação
do Espírito Santo e pela bênção de Cristo que os instituiu”.
Biblicamente falando, a operação do
Espírito Santo pode “[...] nos
salvar [...] por meio da ressurreição de Jesus Cristo”, 1Pe.3.21.
Após a salvação em Cristo, o homem
pecador “[...] abraça a fé [...]
(e é) batizado [...]”, At.8.13.
É preciso ficar entendido que, na
operação da salvação, um “[...]
planta [...] (outro) rega; mas o crescimento vem de Deus. De modo que nem o que
planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento”, 1Co.3.6, 7.
É por este motivo que “[...] em um só Espírito, todos nós fomos
batizados em um corpo [...] e a todos nós foi dado beber de um só Espírito”, 1Co.12.13.
Os sacramentos não dependem do ministro
que os administra, como se fosse um pode mágico pertencente a ele.
Um exemplo é o fato de “[...] Simão abraçar a fé; e, tendo sido
batizado, acompanhava a Filipe de perto, observando extasiado os sinais e
grandes milagres praticados”, At.8.13, supondo
que, por meio do batismo teria um espírito poderoso com capacidades
sobrenaturais.
O que chamou atenção de Simão, o
mágico é que “as multidões
atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais
que ele operava. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam gritando
em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados”, At.8.6, 7.
Como o mágico iludia o povo, e
depois de abraçar a fé, “vendo
[...] Simão que, pelo fato de imporem os apóstolos as mãos, era concedido o Espírito
[Santo], ofereceu-lhes dinheiro (supondo que por ter sido batizado, teria poder
sobrenatural), propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele
sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo”, At.8.18, 19.
“Pedro (o repreendeu) [...] respondendo: O teu dinheiro seja
contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus”, At.8.20.
O caminho que Pedro propõe é que
Simão se “arrependa [...] da [...]
maldade e rogue ao Senhor; talvez lhe seja perdoado o intento do coração”, At.8.22.
Esse fato, registrado, mostra
claramente que a pura e simples participação no batismo não produz resultado,
mas depende de verdadeira fé e arrependimento.
“Não devemos depositar nossa
confiança nos sacramentos, nem transferir-lhes a glória de Deus; senão que,
deixando de lado todas as coisas, dirijamos e levemos nossa fé e louvor àquele
que é autor dos sacramentos e de todos os demais bens” – João Calvino.
A eficácia dos sacramentos não está
nos elementos em si, mas no Espírito Santo do Senhor, ao confirmar e fortalecer
nossa fé diante da bondade graciosa do Deus da aliança, ao qual estamos em
comunhão mediante o sangue de Cristo.
2 – O modo apropriado de
administrar o batismo.
CFW XXVIII – “Não é necessário
imergir na água o candidato, mas o batismo é corretamente administrado por
efusão (derramamento) ou aspersão”.
A
forma do batismo não está claramente definida na Bíblia.
Homens
piedosos concluíram que a forma correta é por imersão. Outros por aspersão.
O batismo por imersão.
a)
Os imersionistas afirmam que a palavra batismo significa imersão.
Como
testar se as palavras são sinônimas? Substitui uma pela outra.
“[...] Nossos pais estiveram todos sob a
nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem
como no mar, com respeito a Moisés”, 1Co.10.1,2.
Substituindo
batizar por imergir fica assim: “[...] tendo
sido todos batizados (imergidos), assim na nuvem como no mar [...]”,
1Co.10.2.
“[...] Moisés, levantou o [...] bordão,
estendeu a mão sobre o mar e dividisse-o, para que os filhos de Israel passassem
pelo meio do mar em seco”, Ex.14.16.
Os
judeus não foram imersos no mar, nem na nuvem.
Batizar
não é sinônimo de imergir.
b)
Dizem que o verbo batizar deriva do grego bapto e baptizo, que significa
imergir.
O
profeta Daniel declara: “[...] E serás
molhado do orvalho do céu [...]”, Dn.4.25.
Na
versão grega do A.T. o verbo molhado é bapto.
Não
é possível imergir ninguém no orvalho do céu.
“[...] Jesus não se lavara primeiro [...]”,
Lc.11.38.
No
texto grego lavara é o verbo baptizo.
Os
Judeus “[...] não comiam sem se
aspergirem [...]”, Mc.7.4.
Comparando
os dois textos o verbo baptizo significa aspergir e não imergir.
c)
Afirmam que João Batista batizava no rio Jordão por imersão.
De
fato “[...] João batizava no Jordão
[...]”, Jo.10.40, mas o texto apenas identifica a região.
d)
Diz que João batizava no Enom.
“[...] João estava também batizando em Enom,
perto de Salim, porque havia ali muitas águas, e para lá concorria o povo e era
batizado”, Jo.3.23, mas o texto apenas identifica a região.
e)
Falam que Jesus saiu da água.
Só
pelo falto de Jesus “[...] sair da água
[...]”, Mc.1.10 não significa que Jesus foi imerso.
f)
Dizem que o eunuco e Filipe desceram à água.
“[...] Filipe e o eunuco [...] descerem à água
[...]”, At.8.38 não prova que foi batizado por imersão.
O batismo por aspersão.
a)
Uma pessoa doente ou muito idosa é o método mais prático.
b)
Multidões eram batizadas por João Batista, quando “[...] saíam a ter com ele Jerusalém, toda a
Judeia e toda a circunvizinhança do Jordão; e eram por ele batizados no rio
Jordão, confessando os seus pecados”, Mt.3.5,6.
João
não tinha energia física para imergir tanta gente.
c)
No dia de Pentecostes, os “[...]
arrependidos [...] (foram) batizados [...] os que lhe aceitaram a palavra foi [...]
um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas”, At.2.38,41.
Não
existe rio em Jerusalém, apenas reservatórios de água para a população.
As
autoridades não permitiriam imergir quase três mil pessoas nesses reservatórios
e os reservatórios não seriam suficientes.
d)
O carcereiro ouviu as “[...] orações
e (os) cânticos (que) Paulo e Silas [...] (faziam) a Deus [...] (na) prisão [...]
naquela mesma hora da noite [...] foi (o carcereiro) [...] batizado, e todos os
seus”, At.16.25,33.
Na
prisão só havia reservatório de água para uso da alimentação e limpeza.
O batismo praticado entre os judeus
não era realizado por imersão.
Os diversos batismos impostos pela
lei de Moisés, que em lugar algum fora ordenado pela forma da imersão, mostra
que “[...] para os purificar
[...] aspergia sobre eles a água da expiação [...]”, Nm.8.7.
Não há evidência de nenhum
batistério nas moradias judaicas.
“[...] Lavar [...] (e batizar, são utilizados de modo
intercambiável no N.T. e indicavam tão somente o ato de aplicar água ou) [...]
se aspergirem (ao que desejava limpar, o que de modo algum se refere a imersão)
[...]”, Mc.7.3, 4.
“Essa cerimônia era designada pela
palavra grega batizar, quando faltavam ainda cem ou duzentos anos para a era
cristã” – Hodge.
O batismo para o judeu, era algo
realizado cotidianamente, as mãos eram lavadas antes de todas as refeições,
purificações de objetos.
Se um ato de tamanha importância
para a vida diária fosse realizado por imersão, seria razoável que as casas
judaicas dispusessem, em sua estrutura física, de um lugar adequado para tal
prática, mas não há evidência de um batistério nas moradias judaicas da época.
Charles Hodge – “O batismo cristão
foi instituído seguindo o modo do batismo dos judeus, ou seja, por aspersão ou
efusão, e não por imersão”.
3 – Quem deve administrar o
batismo?
A
administração do batismo é prerrogativa particular dos ministros da Palavra.
Calvino
– é impróprio a pessoas particulares assumirem a administração do batismo.
Jesus
não deu mandamento a nenhum homem ou mulher que ministrassem o batismo.
Jesus
constituiu aos apóstolos o dever de ministrar o batismo quando disse: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”,
Mt.28.19.
De
igual modo, aconteceu também quando “[...] o Senhor Jesus, na noite em que foi
traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu
corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim”, 1Co.11.23, 24, dando assim, autoridade aos apóstolos
para ministrarem a Santa Ceia.
No N.T. o “[...] batismo de arrependimento (foi
administrado por) João Batista (que possuía esse ofício) [...] os discípulos
(de) Jesus [...] Pedro [...] batizou [...] para remissão dos [...] pecados
[...] Ananias que [...] batizou (Paulo) (e o próprio Paulo que) batizou [...] a
casa de Estéfanas [...]”, Mc.1.4; Jo.4.2;
At.2.38; 9.18; 1Co.1.16.
Conclusão: O batismo é um
sacramento eficaz por causa do Espírito Santo.
O Espírito Santo é uma bênção que
Cristo nos outorga.
Vemos essa autorização quando “ainda Pedro falava estas coisas (a Cornélio) quando
caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.”, At.10.44.
Naquele
dia, “[...] os fiéis que eram da
circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios
foi derramado o dom do Espírito Santo”, At.10.45.
É
a partir do momento em que o Espírito Santo está em nós é que os servos de Deus
vão “[...] ouvir (os convertidos) falando
em línguas e engrandecendo a Deus. (Por isso de) Pedro perguntar:”,
At.10.46.
“Porventura, pode alguém recusar a água, para que
não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o Espírito Santo?”,
At.10.47.
Após
a confirmação da fé, Pedro “[...]
ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então, lhe pediram que
permanecesse com eles por alguns dias”, At.10.48, para os confortar,
ajudar e ensinar a respeito da fé.
Aplicação: Você concorda com o batismo ou para você
é indiferente ficar na igreja sem passar pelo batismo?
Adaptado pelo Rev. Salvador P.
Santana para E.D. – O batismo e a Ceia do Senhor – Palavra Viva – Rev.
Christian Brially Tavares de Medeiros – ECC.
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