UM MINISTÉRIO PROFÉTICO, Is.6.1-13.
Introd.: Isaías 6 é um dos textos mais
conhecidos e utilizados da Bíblia.
Ele é lido
e estudado para despertar homens e mulheres ao envolvimento na obra do SENHOR,
ou para ensinar sobre a soberania e santidade de Deus e, ainda, como um manual
litúrgico bíblico: Deus se revela, o homem se conscientiza de sua
pecaminosidade, arrepende-se e se humilha, Deus o perdoa e convoca para o
serviço.
Infelizmente,
na maioria das vezes que o livro é lido, estudado ou pregado, a leitura vai até
o “[...] eis-me
aqui, envia-me a mim”, Is.6.8.
Essa
prática ignora os versos que explicam o ministério profético de Isaías.
Nesse
estudo vamos entender o que Deus quer da igreja e de cada um de nós, cristãos,
como seus profetas.
I – O Deus que chama,
Is.6.1-4.
Deus
chamou Isaías “no
ano da morte do rei Uzias [...]”, Is.6.1.
Esse dado
da morte do rei não é apenas para nos localizar temporalmente, mas para
compreender melhor a mensagem.
O rei
Uzias foi um dos reis mais queridos de Israel.
“[...] O povo de
Judá tomou a Uzias, que era de dezesseis anos [...] ele fez o que era reto
perante o SENHOR [...] e cinquenta e dois anos reinou em Jerusalém [...] os
amonitas deram presentes a Uzias, cujo renome se espalhara até à entrada do
Egito, porque se tinha tornado em extremo forte”, 2Rs.14.21; 2Cr.26.3,4,8.
A
morte de Uzias, para Israel, pode ser comparada à morte de Getúlio Vargas, em
1954, para os brasileiros.
O
segundo período foi de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando
ele se suicidou.
Getúlio
era chamado pelos simpatizantes como o ‘pai dos pobres’, Jó 29.16 – implantou
leis trabalhistas.
A
morte de Uzias, para Israel, pode ser comparada à morte de John Kennedy, em 22
de novembro de 1963.
A
morte desses homens gerou perguntas do tipo: ‘o que será de nós agora que o
nosso rei se foi? Será que alguém conseguirá ser tão competente quanto ele foi?
O que os povos em volta farão ao saber que não o temos mais?’
O “[...] ano da morte do rei Uzias
[...]”, Is.6.1 foi de extrema comoção
nacional, medo, desesperança e senso de orfandade.
A “[...] morte do rei Uzias [...]
(teve um significado especial para) Isaías [...]”,
Is.6.1 pois “[...] o profeta [...] (era cronista e
biógrafo do rei, pois) escreveu (a história de Uzias)”, 2Cr.26.22.
É certo
que Isaías sofreu com a morte do rei.
O texto
apresenta um contraste – apesar da “[...] Morte do rei Uzias, Isaías viu o Senhor assentado sobre um
alto e sublime trono [...]”, Is.6.1.
A mensagem
de Deus para nós é que, nem a nação e nenhum de nós estão sem um rei.
Israel, o Brasil e EUA estavam sem “[...] o rei
[...] (mas) o Senhor (está) assentado sobre um alto e sublime trono (reinando)
[...]”, Is.6.1.
Por vezes
somos oprimidos, sofremos e a injustiça impera e nos assusta, mas “[...] o Senhor (continua)
assentado sobre um alto e sublime (admirado) trono [...]”, Is.6.1.
É por este
motivo que podemos confiar em Deus, pois “os olhos do SENHOR estão em todo lugar,
contemplando os maus e os bons”, Pv.15.3.
“No [...] trono [...] (está) o
(soberano) Senhor [...]”, Is.6.1,
Todo-Poderoso dirigindo os rumos da humanidade para realizar a Sua vontade.
O Deus que
chama, “[...] o
Senhor (além de estar) assentado [...] as abas (séquito – comitiva, bainha) de
suas vestes enchem o templo”, Is.6.1 assim
como o Espírito Santo enche o nosso coração.
O Deus que
nos chama é tão perfeito e soberano a ponto de “serafins (seres majestosos com aparência de fogo a
serviço de Deus, não homens) estarem por cima dele; cada um tem seis asas: com
duas cobre o rosto, com duas cobre os seus pés e com duas voa”, Is.6.2 devido eles estarem na presença do Todo-Poderoso.
A
santidade de Deus é tão perfeita que os serafins “[...] clamam uns para os outros,
dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia
da sua glória”, Is.6.3 que pode encher toda a
terra e estar presente em todos os lugares e corações.
Isaías contempla o espetáculo quando
“as
bases do limiar (soleira, batente) se moveram à voz do que clamava (anjos), e a
casa se encheu de fumaça”,
Is.6.4 devido a presença de Deus.
Citando
este texto de Isaías e falando sobre Jesus, o apóstolo João fala que “isto disse Isaías porque viu a
glória dele e falou a seu respeito”, Jo.12.41.
Aquele que
foi visto por Isaías é o mesmo que “[...] a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma
de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana”, Fp.2.7, viveu e morreu e ressuscitou para a nossa
salvação.
Este Jesus, “[...] Deus o
exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”, Fp.2.9-11.
Deus continua em seu trono,
soberano, santo e glorioso.
Um dia Ele tornará esse reinado
visível a todos os olhos por meio de Jesus Cristo.
Deus continua chamando eu e você
assim como fez com Isaías.
Qual é a sua resposta a esse chamado
II – O profeta.
Ao
contemplar “[...] o
Senhor (em sua) [...] sublime (majestade) [...] enchendo o templo”, Is.6.1, a “[...] Santidade (do) [...] SENHOR dos Exércitos [...] (e) toda a [...]
sua glória”, Is.6.3, percebemos duas
características de Isaías.
A. Confissão,
Is.6.5-7.
A primeira atitude de “Isaías (foi confessar
o seu pecado) [...]”, Is.6.5
após contemplar o Senhor Deus.
Não foi
uma confissão genérica: “Senhor, perdoa os meus muitos pecados”.
Foi “então (que) Isaías [...] disse:
ai de mim! [...]”, Is.6.5, logo depois de contemplar
o Senhor Deus, o profeta ficou com medo.
Isaías
declara o seu pecado especificamente ao dizer que “[...] está perdido! [...]”, Is.6.5, não em um espaço geográfico, mas a respeito da sua
vida espiritual.
Ele
declara para Deus que “[...] está perdido [...] porque (é) homem de lábios impuros [...]”, Is.6.5 porque muitas vezes sai dos seus lábios palavras
que não agradam a Deus.
“[...] Está perdido [...] porque
(além de seu pecador) [...] habita no meio de um povo de impuros lábios [...]”, Is.6.5 que não tem desejo por Deus e que dizem palavras
obscenas e nojentas aos ouvidos de Deus.
Isaías
percebeu que poderia ser consumido a qualquer hora e ser enviado para o inferno,
mas “[...] um dos
serafins voou para Isaías, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do alar
com um tenaz”, Is.6.6 a fim de purificar a sua
boca.
Percebe-se
hoje que homens e mulheres dizem em cada dez palavras, sete palavrões e nenhuma
edificante.
Não é à
toa que Paulo fala que “não (deve) sair da nossa boca nenhuma palavra torpe (fere os bons
costumes), e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a
necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem”, Ef.4.29.
Isaías se considerava “[...] perdido
[...] porque [...] os seus olhos viram o Rei [...]”, Is.6.5 que pode julgar, prender e matar.
Cada um de
nós deve, então, tomar a atitude de “[...] confessar o [...] (seu) pecado, (pois) Deus é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”, 1Jo.1.9.
“Muitos
afirmam que não devemos ter medo de Deus”.
O “[...] ai de mim! [...]”, Is.6.5 nos fala de temor e tremor diante de Deus.
Isaías
temeu, teve medo, diante da pureza de Deus “[...] porque [...] viu [...] o SENHOR dos Exércitos!”, Is.6.5 que pode fazer vencer e ser derrotado.
O temor é
uma das características perdidas do cristianismo.
Supervalorizamos
o amor de Deus, sua bondade e a doutrina da perseverança dos santos e, com isso
em mente, alguns vivem sem nenhum temor do Senhor, pecando e fazendo o que bem
entende.
Muitos
afirmam querer ver Deus, mas vive uma vida de pecados rotineiros.
Confesse o
seu pecado e, Deus, “com
a brasa (fogo do Espírito) tocará a sua boca e dirá: Eis que ela tocou os teus
lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado”, Is.6.7.
B. Prontidão,
Is.6.8.
A segunda
atitude de Isaías, após ouvir uma pergunta de Deus, foi se colocar de
prontidão.
Isaías
toma a atitude de se colocar a serviço de Deus, “depois disto (confissão do seu pecado) [...]”, Is.6.8.
Isaías, atentamente, “[...] ouve a voz
do SENHOR [...]”, Is.6.8 e
nós, só ouvimos “[...] ouvimos a voz do SENHOR [...]”, Is.6.8, a partir do momento em que nos dedicamos à
leitura bíblica.
É preciso
saber que “[...] a
voz do SENHOR [...] (sempre tem algo) que (nos) dizer [...]”, Is.6.8 relacionados a nossa prontidão.
A pergunta
feita a Isaías foi a respeito da sua missão: “[...] A quem enviarei, e a quem há de ir por nós?
[...]”, Is.6.8.
Para cada
um de nós Deus tem um plano e uma missão a cumprir neste mundo e você sabe qual
é a sua.
“Depois [...] (de) ouvir a voz do
SENHOR [...] Isaías disse: eis-me aqui, envia-me a mim”, Is.6.8.
O profeta
foi privilegiado ao ser usado quando ele se dispôs ao trabalho.
Quando
Deus chama alguém, não é correto assumir compromissos mais importantes que a
obra de Deus.
Certa vez “[...] Jesus disse
(a certo homem): Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro
sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus
próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus. Outro lhe disse:
Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus
lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto
para o reino de Deus”, Lc.9.59-62.
Isaías foi
bem claro para Deus ao dizer: “[...] Eis-me aqui, envia-me a mim”,
Is.6.8.
“[...] Maria (também se dispôs) dizendo: Aqui está a serva do
Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra [...]”, Lc.1.38.
“[...] Pedro falou (para Jesus): Eis
que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós? Jesus lhes
respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na
regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos
assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele
que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe [ou mulher], ou
filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará
a vida eterna”, Mt.19.27-29.
Eu e você, o que temos feito a
respeito do trabalho para o Senhor?
O texto a seguir fala sobre algo
desagradável e humilhante.
Vimos as características daquele que
chama: O Senhor dos exércitos Soberano, Santo e Glorioso.
As atitudes requeridas de Isaías
foram confessar e se prontificar para o trabalho do Senhor.
III – O ministério,
Is.6.9-13.
O
ministério de Isaías foi desenvolvido no meio de um povo que não estava ‘nem aí
para as coisas de Deus’.
O que
deveria anunciar a este povo idólatra, que frequentava o templo apenas por
costume, mas não vivia em obediência ao Senhor?
Por esse
motivo, “então,
disse Deus: Vai e dize a este povo [...]”,
Is.6.9 palavras duras.
O instrumento
de Deus em favor desse povo foi fazê-lo “[...] ouvir, ouvir (até ficarem cansados de ouvir) e não entenderam
[...]”, Is.6.9 a mensagem.
Além de
não ouvirem, o povo de Deus irá “[...] ver, ver, (as vistas irão ficar cansadas, embaçadas) mas não
perceberá”, Is.6.9 o grande amor de Deus.
O
ministério de Isaías foi mais de endurecimento do que de Salvação e conversões.
O próprio
Deus falou que “tornaria
insensível (indiferente, sem sentimento) o coração desse povo [...]”, Is.6.10 em relação ao amor a Deus.
O
resultado foi o “[...]
endurecimento [...] (dos seus) ouvidos (para não ouvir a mensagem) e fechando-lhe
os olhos (a fim de que não vissem as maravilhas de Deus) [...]”, Is.6.10.
Então,
cada um desses homens “[...] não [...] viram com os olhos, (nem mesmo) [...] ouviram com
os ouvidos e (não) [...] entenderam com o coração, e [...] (não puderam ser)
convertidos, e [...] (não foram) salvos”,
Is.6.10.
O profeta
ficou perplexo sobre essa mensagem de condenação, foi “então [...] (que) disse Isaías:
até quando, Senhor? [...]”, Is.6.11 o povo não
O buscará?
A “[...] resposta (do) Senhor: Até
que sejam desoladas (ruínas) as cidades e fiquem sem habitantes, as casas
fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada (arrasada e levada para o
cativeiro babilônico)”, Is.6.11.
O pior é que “[...] o SENHOR
afastará (da cidade Santa, da presença de Deus) [...] os homens, e no meio da
terra será grande o desamparo (devido o pecado e a idolatria)”, Is.6.12.
Por meio
de sua mensagem, do endurecimento do povo, da punição de Deus ao povo, haveria
de sobrar, no meio do povo [...]
Conclusão: Um povo santo e dedicado ao Senhor.
Fazemos
parte de uma igreja em que o povo vive de forma secularizada.
Evangélico
nominal está mais comum e as diferenças que faziam clara a distinção entre
cristãos e não cristão estão cada vez menos evidente.
A
sociedade não cristã está vivendo cada vez mais em imoralidade, cometendo
injustiças e rebeldia contra Deus, e isso, com apoio, incentivo e envolvimento
do poder público.
Chegou o
tempo de mais homens e mulheres perceberem que, como cristãos, devem imitar Jesus
Cristo em seu ofício profético.
Devemos levar
luze às trevas e condenar a prática da injustiça e da imoralidade.
Devemos nos
envolver com a sociedade a fim de anunciar seus erros e a punição vindoura da
parte de Deus.
É por este
motivo que Isaías termina o texto dizendo: “Mas, se ainda ficar a décima parte dela (igreja,
povo de Deus que ainda não foi destruído), tornará a ser destruída. Como
terebinto (árvore frondosa – 6 mt altura) e como carvalho (árvore ornamental –
madeira dura para construção), dos quais, depois de derribados (pelo próprio
Deus), ainda fica o toco (“[...] remanescente é que será salvo”, Rm.9.27),
assim a santa semente é o seu toco (o qual preservará como povo santo e fiel a
Ele)”, Is.6.13.
Cada um de
nós ainda pode responder para Deus: “[...] eis-me aqui, envia-me a mim”,
Is.6.8.
Aplicação: Busque a orientação de Deus, em oração, e
realize a obra para a qual ele o chamou.
Adaptado
pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Expressão – CCC – Rev. João Paulo
Thomaz de Aquino