domingo, 31 de outubro de 2021
SE IDENTIFICAR COM O OUTRO.
SE IDENTIFICAR COM O OUTRO
Caso você se sentar à mesa de frente com algum sequelado que tenha sofrido algum AVC ou uma paralisia facial pode acontecer de alguns saírem da mesa, outros desviarem os olhares e, ainda outros olharem com desdém ou nojo.
A razão é simples e ao mesmo tempo complicada para aquele que está passando por esse momento difícil. As sequelas podem ser várias para aquele que é acometido de um AVC: dificuldade para andar, falar, mastigar, engolir, se movimentar, vestir uma roupa, se manter em pé de forma correta, confusão e perda de memória. Para os que enfrentam a paralisia facial pode um dos olhos ficar ressecado prejudicando as córneas, movimento involuntário dos olhos e da boca, dificuldade para sorrir, sustentar o alimento dentro da boca, dificuldade para cuspir, enfim, por tudo isso muitos não querem ficar ao lado e nem mesmo na frente de outras pessoas na hora da alimentação, lazer, estudos.
É possível entender a razão de muitos que ainda não recuperaram os movimentos ficarem reclusos nos cantos, dentro de casa, sem desejo de sociabilidade e nem sequer sair à porta para cumprimentar os seus vizinhos.
É preciso sentir a dor do outro, o sofrimento do outro, a angústia e o desespero do outro. Paulo teve as mesmas dores e passou pelos mesmos problemas que seus irmãos tiveram. Eis a razão de cada um se “alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram.” (Rm 12.15).
É preciso se sentir no lugar e com as dores do outro, pensar no outro como se fosse você e o apóstolo Paulo fez isso com maestria por isso, conforme a analogia, “... se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.” (1Co 12.26).
Despois de algum tempo Paulo sentiu na própria pele quando os judeus, recebendo a aprovação do Sinédrio “... apedrejaram Estêvão... e (o dia fatídico para Estêvão) Saulo consentia na sua morte... naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja...” (At 7.59; 8.1). Não é de admirar que “foi três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passou na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos;” (2Co 11.25, 26).
Às duras penas Paulo aprendeu, mas é possível que tenha, através das suas leituras diárias do Antigo Testamento aprendido como o salmista de que, “quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas vestes eram pano de saco; eu afligia a minha alma com jejum e em oração me reclinava sobre o peito,” (Sl 35.13) para fazer súplicas a Deus.
Em outro momento, revisitando o livro de Isaías, Paulo leu que, por causa da cidade de Sião era necessário “regozijar juntamente com Jerusalém e alegrar-se por ela... todos os que a amais; exultando com ela, todos os que por ela prantearam,” (Is 66.10).
Outra grande oportunidade para Paulo aprender foi com o profeta Neemias quando ele ficou sabendo que “os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estavam em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estavam derribados, e as suas portas, queimadas.” (Ne 1.3). O profeta levantou o seu lamento a Deus depois de “ter ele ouvido estas palavras, assentou-se, e chorou, e lamentou por alguns dias; e esteve jejuando e orando perante o Deus dos céus.” (Ne 1.4) para solucionar esse problema.
Paulo é igual a todos os homens neste mundo e, portanto, não existe outro mestre igual e nem melhor do que “... Cristo (que) sofreu em nosso lugar, deixando-nos exemplo para seguirmos os seus passos,” (1Pe 2.21).
Somente Jesus é capaz de “... tomar sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levar sobre si...” (Is 53.4) para “... nos resgatar da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar...” (Gl 3.13), o qual “... se ofereceu uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos...” (Hb 9.28).
Por mais que alguém não queira sentar ao seu lado, olhar para o seu defeito provisório, desprezar o seu modo estranho de mastigar, o seu olhar torto, o seu sentar sem postura, o salivar constante, derramar a comida para fora do prato, fique sabendo “... que Deus está contigo, e te guardará por onde quer que for... porque te não desamparará...” (Gn 28.15) e o melhor, “... Deus estando contigo... ninguém ousará fazer-te mal...” (At 18.10) além daquele que você já está sofrendo, e outra, como Jesus conhece a sua dor ele “... tem chamado (você) amigo...” (Jo 15.15) e isso é o bastante para todos.
Que as muitas bênçãos de Deus sejam derramadas sobre o seu coração!
Rev. Salvador P. Santana
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