Introd.: O
Credo apostólico fala que Jesus Cristo “padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado [...]”.
Essa
confissão, feita historicamente pela igreja até os nossos dias, é ampla e
fortemente embasada nas Escrituras Sagradas.
A
sua fundamentação bíblica, no entanto, não impediu que homens e sistemas
teológicos a negassem de forma direta ou indireta, ora afirmando a
impossibilidade de Deus sofrer; logo, Jesus Cristo não é Deus, ora afirmando
que os fatos narrados nos evangelhos não ocorreram como está descrito; as
descrições, dizem, estariam mais próximas da fé dos evangelistas do que da
realidade.
Para
nós a Bíblia é o registro fiel, inerrante e infalível da Palavra de Deus; a
nossa fé é gerada e amparada pelo Espírito por meio da “[...]
palavra de Cristo”,
Rm.10.17.
Vamos
estudar o que a Bíblia fala a respeito dos sofrimentos de Cristo.
1 – As causas do sofrimento de Cristo.
A –
O pecado humano.
Aconteceu
quando “[...] por um só homem (Adão) entrou o pecado no mundo,
e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque
todos pecaram [...] e carecem da glória de Deus”, Rm.5.12; 3.23.
O
pecado trouxe sobre toda a natureza um estado de maldição e de juízo, pelo
motivo de “[...] Adão [...] (ter) atendido a voz de sua mulher
e comer da árvore que Deus [...] ordenara não comesses, (por este motivo) maldita
é a terra por [...] causa (do pecado de Adão); em fadigas obterás dela o
sustento durante os dias de sua vida. Ela produzirá também cardos (mato) e
abrolhos (espinho), e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o seu
pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó
tornarás”,
Gn.3.17-19.
O
homem teve de arcar com as consequências de sua escolha, tornou-se perdido e
totalmente, quando “[...] comete pecado é escravo do pecado”, Jo.8.34.
Só
é possível para o homem agradar a Deus se for auxiliado pelo próprio Deus.
Muitas
vezes, é em sua impossibilidade que o homem se lembra do Deus Todo-Poderoso.
O pecado
do homem, que foi permitido por Deus, pôs em andamento a execução histórica do
plano eterno e sábio de Deus para salvar o seu povo escolhido desde a
eternidade.
Sem
o pecado não seria necessário o sacrifício de Cristo, ao mesmo tempo, o pecado
não obrigava Deus a enviar o seu Filho para morrer pelo seu povo.
Temos
que lembrar que Deus não é obrigado a salvar; Ele o faz por sua graça.
As
consequências do nosso pecado foram levadas voluntariamente por Cristo na cruz,
a fim de conduzir o seu povo a vencer o mal de forma definitiva.
Por
este motivo, em nós, opera [...]
B –
A justiça e o amor reconciliador de Deus.
Deus
sempre age em harmonia com o seu Ser.
O homem é pecador porque “[...]
por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também
a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”, Rm.5.12.
Sendo
assim, esse homem precisa ser punido pelo seu ato de rebelião.
A
disciplina faz parte da execução da justiça eterna de Deus.
O
Senhor não é obrigado a salvar pessoa alguma. Ele o faz movido “[...]
pela graça (que) somos salvos, mediante a fé; e isto não vem de nós; é dom de
Deus”, Ef.2.8.
Não
há nada em nós que mereça ou mesmo desperte o amor de Deus pelo motivo de “[...]
o SENHOR [...] não [...] ter [...] afeição (amor), nem nos escolher porque fomos
mais numerosos do que qualquer povo, pois (somos) [...] o menor de todos os
povos (2.419 bi – ICAR – 1.228 bi – seitas incluídas)”, Dt.7.7.
Amar
e salvar procede do “[...] SENHOR [...] (que) com amor eterno Deus
nos amou; por isso, com benignidade nos atraiu”, Jr.31.3.
Vem
da vontade do próprio Deus “[...] nos escolher nele (Jesus) antes da
fundação do mundo [...] nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por
meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito (escolha, prazer, desejo) de sua
vontade”,
Ef.1.4, 5.
Sendo
assim, somos todos devedores da graça divina.
A
justiça de /deus é santa e o amor do Pai é real.
A
graça de Deus não é barata; ela tem sempre um alto preço para o próprio Deus.
A
graça é a própria fonte do evangelho; sem ela não haveria boas-novas de
salvação; todos nós herdaríamos as consequências eternas dos nossos pecados.
Jesus
Cristo é a própria personificação dessa graça; Ele encarna a graça e a verdade “porque
a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de
Jesus Cristo”,
Jo.1.17, então, é verdade quando “[...] Jesus (fala que) Ele
é o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Ele”, Jo.14.6.
Jesus
é a causa, o conteúdo e a manifestação da graça de Deus; falar de Cristo é
dizer que “[...] o Verbo se fez carne e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade [...]”, Jo.1.14.
Foi
através da “vinda (de Jesus quando) [...] Deus enviou seu Filho,
nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a
fim de que recebêssemos a adoção de filhos”, Gl.4.4, 5.
Os
sacrifícios do Antigo Testamento, denotam a iniciativa do Deus justo e amoroso
que providencia a reconciliação de seu povo pecador.
Esse
processo encontra a sua plenitude e ápice em Jesus Cristo; o verbo encarnado.
No
Antigo Testamento os patriarcas, os profetas e o povo em geral foram perdoados,
não porque ofereciam sacrifícios, mas, sim, pela fé no Cristo que viria.
A
obra de Cristo envolve todos os crentes, todos os fiéis do passado, do presente
e do futuro.
Nunca
houve nem haverá redenção fora do sacrifício único e vicário de Cristo; a obra
de Cristo é completa e suficiente.
Todos
“[...] nós o[...] estávamos mortos pelas nossas transgressões [...]
(Deus) nos deu vida juntamente com Cristo, perdoando todos os nossos delitos; tendo
cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças
(VT), o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;
e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz”, Cl.2.13-15.
O
sacrifício do Filho revela o amor do trino Deus: o Pai não passou a nos amar
porque o seu Filho morreu por nós; antes, o Filho morreu por nós porque o trino
Deus eternamente nos amou e nos confiou ao Filho.
Aconteceu
dessa forma: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna. (E) Jesus nos dá a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as
arrebatará da sua mão. (Por isso) não foram nós que [...] escolhemos Jesus;
pelo contrário, Jesus nos escolheu [...] e nos designou para que [...] demos
fruto, e o nosso fruto permaneça [...]”, Jo.3.16; 10.28; 15.16.
E
Paulo declara que “[...] o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O
Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele
que professa o nome do Senhor”, 2Tm.2.19.
E como nem todos conseguem se
apartar da injustiça, é por esta razão que “[...] numa grande casa não há somente
utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para
honra; outros, porém, para desonra”, 2Tm.2.20.
O
ministério da humilhação fala sobre [...]
C –
A voluntariedade do Filho.
A
vinda de Jesus Cristo e todos os seus atos foram norteados pela obediência do
Filho ao Pai.
A
meta de Jesus era glorificar a Deus porque “[...] a sua comida consistia
em fazer a vontade daquele que (o) [...] enviou e realizar a sua obra. (Por
este motivo) Jesus nada podia fazer dele mesmo [...] porque (Ele) não procurava
a sua própria vontade, e sim a daquele que me enviou [...] (e) Ele desceu do
céu, não para fazer a sua própria vontade, e sim a vontade (do) Pai que (o)
[...] enviou”,
Jo.4.34; 5.30; 6.38.
Outra
meta de Jesus era salvar o seu povo porque “o ladrão vem somente para
roubar, matar e destruir; Jesus vem para que tenhamos vida e a termos em abundância.
(A finalidade dessa salvação é para) [...] que [...] conheçam a Deus, o único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”, Jo.4.34; 5.30; 6.38;
10.10; 17.3.
A
obra de Cristo foi feita com espírito voluntário; Ele assumiu o nosso lugar “[...]
nos resgatando da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso
lugar [...] para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios (nós), em Jesus
Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido”, Gl.3.13, 14.
É
impossível ao homem ter acesso a Deus e expiar o seu próprio pecado, Jesus o
fez perfeita e vicariamente (substitui) por nós na cruz.
“[...]
Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para
conduzir-nos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito [...] com
efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem
mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus”, 1Pe.3.18; Hb.7.26.
O
ministério da humilhação aponta para a [...]
2 – A consciência de Jesus Cristo.
Jesus
Cristo não veio enganado; Ele tinha perfeita consciência do que teria de
passar.
O
chamado protoevangelho (início, primeiro), já anunciava que Deus “pôs
inimizade entre [...] (a serpente) e a mulher, entre a [...] descendência (da
serpente) e o [...] descendente (da
mulher). Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”, Gn.3.15.
O
profeta Isaías, cerca de 700 a.C. declara que “[...] Jesus foi
traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados”,
I.53.5.
Jesus
sempre soube que não haveria desvios ou atalhos; “[...]
Jesus [...] em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não
fazendo caso da ignomínia (desonra), e está assentado à destra do trono de Deus”, Hb.12.2.
A
cruz foi a única alternativa para “[...] Jesus [...] salvar o
seu povo dos pecados deles”, Mt.1.21.
Jesus
tinha a plena certeza de que “[...] estava escrito que Ele [...] havia de
padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia”, Lc.24.46.
Jesus
sabia que “[...] Deus, assim, cumpriu o que dantes anunciara
por boca de todos os profetas: que o seu Cristo havia de padecer”, At.3.18.
E,
no ministério terreno, “[...] começou Jesus Cristo a mostrar a seus
discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas
dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado
no terceiro dia”,
Mt.16.21.
Cristo
não tinha ilusões quanto ao seu sofrimento, “[...] Jesus (tinha
ciência que era) [...] chegada a (sua) hora de ser glorificado [...]”, Jo.12.23.
O
ministério da humilhação aponta para a [...]
3 – A obediência perfeita de Cristo.
Jesus
sabia perfeitamente o que teria de realizar e os sofrimentos pelos quais
passaria.
Quando
“[...] Jesus [...] sobe para Jerusalém [...] (Ele) vai cumprir
ali tudo quanto está escrito por intermédio dos profetas, no tocante ao Filho
do Homem”,
Lc.18.31.
A
obediência de Cristo assume um papel ainda mais importante quando nos atentamos
para o fato de “[...] Jesus, subsistir em forma de Deus, não julgou
como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a
forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de
cruz”,
Fp.2.6-8.
Somente
assim, Jesus pôde ser “[...] crucificado em fraqueza; contudo, vive
pelo poder de Deus [...] (assim) também nós somos fracos nele, mas viveremos,
com ele [...] pelo poder de Deus”, 2Co.13.4.
Precisamos
entender que, “embora sendo Filho, Jesus aprendeu a obediência
pelas coisas que sofreu”, Hb.5.8.
A
obediência de Jesus foi em favor do seu povo, mesmo porque, “[...]
a [...] comida (de) Jesus consistia em fazer a vontade daquele que o enviou e
realizar a sua obra”, Jo.4.34 para salvar o seu povo escolhido.
A
obediência de Jesus foi perfeita “porque verdadeiramente se
ajuntaram [...] (em Jerusalém) contra [...] Jesus [...] para fazerem tudo o que
a [...] mão (de Deus) e o seu propósito predeterminaram”, At.4.27, 28.
Jesus
Cristo, o único homem que não precisava padecer, todavia, ele voluntariamente o
fez por nós, “[...] para santificar o povo, pelo seu próprio
sangue, sofreu fora da porta”, Hb.13.12.
O
ministério da humilhação fala sobre [...]
4 – A intensidade e a extensão dos sofrimentos de
Cristo.
Somos
levados a pensar que os sofrimentos de Cristo se deram apenas no Calvário.
“[...]
Jesus Cristo sofreu na carne [...] pois aquele que sofreu na carne deixou o
pecado”,
1Pe.4.1 – fome, sede, sem lugar para dormir, tudo que tinha não era seu.
Durante
o seu ministério terreno, Jesus conviveu em uma atmosfera pecaminosa e hostil; “[...]
Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado (pelo Diabo), é poderoso para socorrer os
que são tentados”,
Hb.2.18.
“Jesus
(enfrentou a) incredulidade e perversidade (da sua) [...] (e até) mesmo (dos)
[...] seus irmãos (que não) criam nele”, Mt.17.17; Jo.7.5.
As
armadilhas das autoridades judaicas, a traição de Judas, a omissão de Pedro e o
abandono de todos os seus discípulos “[...] para que se
cumprissem as Escrituras dos profetas. Então, os discípulos todos, deixando-o,
fugiram”,
Mt.26.56.
Os
sofrimentos de Cristo foram físicos e espirituais a ponto de “[...]
sua alma (ficar) [...] profundamente triste até à morte [...]”, Mt.26.38 e logo depois, “[...]
Cristo sofreu na carne [...]”, 1Pe.4.1.
A
ira de Deus sendo derramada sobre Jesus, até chegar o momento em que foi “[...]
desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que
é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e
dele não fizemos caso”, Is.53.3.
A
extensão dos sofrimentos de Cristo foi com a finalidade de “[...]
Jesus comprar com o seu próprio sangue”, At.20.28 a nossa salvação.
E,
“porque fomos comprados por preço. Agora, pois, glorificamos a
Deus no nosso corpo”, 1Co.6.20 a fim de sermos santificados em amor.
O
ministério da humilhação fala [...]
Conclusão: Sobre
o nosso aprendizado.
Na época do apóstolo Paulo, muitos
homens “[...] se desviaram da verdade, asseverando que a ressurreição (dos
mortos) já se realizou, e estavam pervertendo a fé a alguns”, 2Tm.2.18.
Por
meio de Cristo aprendemos que a vitória sobre o sofrimento está na plena
submissão à vontade de Deus.
Devemos
aprender a “[...] sofrer como cristão, (sendo assim) não se
envergonhar disso; antes, glorificar a Deus com esse nome”, 1Pe.4.16.
Os
sofrimentos de Cristo devem nos conduzir a ver de forma mais real e concreta o
amor de Deus, que exige uma resposta do seu povo em obediência, fé e amor.
Aplicação: A nossa
vida tem sido digna do sacrifício de Cristo e do seu propósito em nós?
Todos
nós somos responsáveis pelos sofrimentos de Cristo.
Jesus
Cristo é o responsável pela nossa salvação.
Adaptado
pelo Rev. Salvador P. Santana para Estudo – Palavra viva – O credo apostólico–
Em vez de fé na fé, o conteúdo da fé – CCC – Rev. Hermister Maia Pereira da
Costa.
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