FUJA DA BEBIDA
ALCOÓLICA
É
tempo de festa. Bem; em se falando de Brasil todo tempo é de festa. Para se ter
uma ideia, o Brasil, neste ano de 2015, comemorou dezesseis (16) dias de feriado
nacional, isto sem contar com os feriados municipais, estaduais e com os dias chamados
de santificados.
É
do saber de quase todos que esses feriados são cumpridos literalmente. Esse
povo não dispensa um dia sequer. O resultado é que, por ano, os dias
trabalhados somam apenas trezentos e quarenta e nove (349) dias corridos.
Mas
não é só isso. É preciso descansar também aos sábados e domingos e dar aquela
esticada o máximo que puder em tais feriados nacionais e municipais. Ainda
existe aquela desculpa da ‘ressaca’ e da perda do ônibus, da morte dos avós e da
doença dos pais.
Coisas
desse tipo fazem com que os dias trabalhados do povo brasileiríssimo conte
apenas com mirrados duzentos e quarenta e cinco (245) dias, e isso, para não
dizer que muitos acabam trabalhando apenas 200 dias por ano ou não fazendo nada
para o crescimento de si mesmo e do próprio país.
Desta
forma os estudantes aprendem menos, as instituições públicas trabalham cada vez
mais preguiçosas e o Produto Interno Bruto – PIB cai assustadoramente. Quem é o
culpado afinal? As festas? Não. O culpado de toda esta desordem é o coração
humano.
Associado
a cada festa, a cada final de semana, a cada feriado prolongado, a cada matança
de um dia de trabalho e principalmente após o expediente de cada dia de
trabalho cresce espantosamente o consumo de bebidas alcoólicas em todo o
território nacional. Apesar da crise financeira deste ano, e com queda de 8,6%
no consumo de cerveja, a AMBEV faturou R$ 2,8 bilhões, em comparação com os R$
2,2 bilhões do mesmo período de 2014 – http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2015/07/31/internas_economia,492744/crise-do-brasil-esbarra-no-consumo-de-cervejas-e-refrigerantes.shtml.
Essa
situação está saindo de controle. É tão sério que as poucas empresas que existem
de cervejaria e alambiques no país não suportaram e não deram conta de atender
a demanda, então, foi preciso outras concorrentes entrarem nesse mercado que
tem contribuído com a morte ou mutilação de milhares de brasileiros.
Deus
tem uma reprimenda para todo aquele que bebe ou incentiva aos que nunca
experimentaram ou gostam de beber. Deus na sua infinita sabedoria escolheu o
sábio Salomão para instruir aos homens que desejam seguir o caminho que conduz
ao céu.
Ele
disse: “Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas” (Pv 1.10).
É a partir desse princípio que Salomão faz a sua análise. Ele pergunta: “Para
quem são os ais? Para quem, os pesares? Para quem, as rixas? Para quem, as
queixas? Para quem, as feridas sem causa? E para quem, os olhos vermelhos?” (Pv
23.29).
Ao
falar sobre os ‘ais’, Salomão quer alertar sobre aquele grito sentido de
lamento, dor ou desespero. Fala sobre o desejo intenso com ardor que o homem
tem pela bebida alcoólica. Fala de dependência total, ainda que seja um copo
por final de semana, a cada mês ou na noite de natal.
Reconheça
que você é um dependente químico. Quando chega esse determinado dia escolhido
para a farra ou bebida, você não suporta. É como se encurvasse diante daquele
que te domina, ou seja, você se torna escravo do seu vício, a bebida alcoólica,
ela te arrasta.
Não
é à toa que Salomão alerta para “não olhar (no sentido de dar atenção) para o
vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa
suavemente” (Pv 23.31). O texto ainda não terminou. Quando se fala de ‘pesares’
se fala de tristeza. Afinal, quando vem a tristeza? Quando acontece alguma
tragédia, algum acidente, alguma morte.
Não
é isso que tem acontecido com milhares a cada dia? Após a desgraça acontecida é
que a pessoa fica triste, cabisbaixo, envergonhado. Pergunte para todos aqueles
que já passaram por algum vexame. Você verá que de fato é isso o que tem
acontecido.
A
conversa é sempre a mesma depois de um porre: “[…] Espancaram-me, e não me
doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber” (Pv
23.35). Veja que a situação vai se avolumando a tal ponto que surgem mais perguntas
sem respostas a tal ponto de se perguntar: “[...] Para quem, as queixas? [...]”
(Pv 23.29). A situação se torna um carrossel vicioso.
Hoje
o bêbado cai, amanhã, apesar de continuar dolorida a ferida, ele bebe
novamente. É por isso que, para ele, e todos quantos o cercam, “[...] as
feridas (são) sem causa [...]” (Pv 23.29). Salomão não desiste. Agora ele
pergunta: “[…] Para quem, as rixas? […]” (Pv 23.29). É do conhecimento de todos
que em muitos lares, onde reina a bebida alcoólica, ali se aloja o conflito, a
contenda, a luta, a desavença, o retribuir o mal com o mal, o desejo de julgar.
A
lista é sem fim. Dentro desse lar acontece exatamente o que está escrito: “Pois
ao cabo (o advérbio indica tempo; logo depois, a conclusão será a) mordedura
(uma cobrança de juros) como a cobra e picará como o basilisco” (Pv 23.32). A
cobra pode significar um réptil não peçonhento, a princípio a sua mordedura não
faz muitos estragos, mas dói e deixa marcas.
A
situação fica pior quando o ‘basilisco’, ou seja, o réptil peçonhento, venenoso,
lança o seu bote e consegue pegar a sua presa. Esse animal não somente machuca,
mata. Todo bêbado é assim, depois de tanto se lambuzar na bebida, após uma
noite de farra, ao chegar em casa, surge mais uma pergunta intrigante: “[...] E
para quem, os olhos vermelhos?” (Pv 23.29).
É
como se ele tentasse esconder a todo custo o bafo de sua bebida através da bala
de menta, da folha de eucalipto, do chiclete ou de algum artifício que impeça
de alguém saber que ele acabou de tomar um trago. Não há como esconder. Os seus
olhos são a prova concreta de que ele passou a noite na farra.
Como
resultado dessa bebedeira: “Os teus olhos verão coisas esquisitas, e o teu
coração falará perversidades (maldade, crueldade)” (Pv 23.33). Ele ou ela acaba
enxergando algo que não acontece dentro de casa, fazem acusações infundadas que
acabam em grandes tragédias.
Como
dizem: para sarar é só tomar outro trago e aí, ele é como aquele que “[...] se
deita no meio do mar (enjoo, vômito) e como o que se deita no alto do mastro
(tontura, cambaleante)” (Pv 23.34). Quem afinal passa por toda essa tragédia?
“[...] Os que se demoram em beber vinho (uma medida de vinho para três de água),
para os que andam buscando bebida misturada (vinho puro)”, Pv.23.30.
Nestes dias festivos em
todo o território nacional fica um conselho: fuja da bebida alcoólica antes que
aconteça alguma desgraça em sua família.
Rev. Salvador P. Santana
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